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AUTOMOBILISMO
Pelo pré-calendário da FIA, prova acontece perto do limite para fim da propaganda de cigarro no país
Por cinco dias, Brasil garante sua corrida em 2005
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES
Uma lei feita sob encomenda,
algumas conversas com Bernie
Ecclestone. E, por cinco dias, o GP
Brasil do ano que vem escapou de
ter problemas com a Justiça.
A FIA, entidade máxima do automobilismo, divulgou ontem
uma pré-programação para a
temporada de 2005 com 19 corridas, uma a mais que neste ano.
A prova de Interlagos foi marcada para 25 de setembro de 2005.
Será a 17ª e antepenúltima da
temporada, antecedendo as etapas de Japão e China, e fará parte
da última perna do calendário.
Apenas cinco dias depois, em 30
de setembro, termina a salvaguarda dada à F-1 pela lei 10.702, sancionada em 14 de julho de 2003,
pelo vice-presidente José Alencar.
O texto determina que, até o dia
30, a proibição ao patrocínio de
cigarros "não se aplica a eventos
esportivos internacionais que não
tenham sede fixa em um único
país e que sejam organizados ou
realizados por instituições estrangeiras". Ou seja, o GP Brasil.
O ano seguinte, 2006, não deve
ser problema, já que a União Européia provavelmente vai adotar
o banimento à publicidade tabagista a partir de 1º de outubro,
graças a um acordo feito entre
Max Mosley, presidente da FIA, e
a Organização Mundial da Saúde.
Atualmente, cinco das dez equipes que disputam o Mundial da
categoria são patrocinadas por fabricantes de cigarro: Ferrari, Jordan, McLaren, Renault e BAR. Esta última, inclusive, vai além: é
propriedade da BAT, o segundo
maior grupo tabagista do planeta.
Em 2003, a questão do cigarro
transformou o GP Brasil numa
complicada novela. A F-1 desembarcou no país sem saber se poderia correr com suas marcas de cigarro e a prova só foi garantida na
véspera, por meio de uma medida
provisória editada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na época, a MP 118 estabelecia o
dia 31 de julho como data-limite
para que eventos esportivos pudessem ter publicidade tabagista
-prazo que depois foi esticado
por dois meses com a lei 10.702.
Para evitar que a corrida do ano
que vem passasse pelo mesmo tipo de problema, Tamas Rohonyi,
promotor do GP Brasil, precisou
negociar diretamente com Ecclestone, o homem que gere comercialmente a F-1.
Pela primeira versão do calendário de 2005, distribuída aos times, Interlagos fecharia o Mundial, em outubro -sem cigarro,
portanto. Há um mês, porém, Rohonyi esteve em Londres para
uma série de reuniões com o homem forte da F-1. Resultado: após
o lobby, o inglês acatou os argumentos do promotor do GP Brasil
e alterou a programação.
Através de sua assessoria de imprensa, a organização da etapa
brasileira informou que a mudança de data visa apenas "evitar a repetição do problema climático
enfrentado na semana passada,
em Suzuka", referindo-se ao tufão
que passou pelo país.
Na pré-programação divulgada
ontem, além do GP Brasil, outras
12 corridas estão confirmadas e
com datas marcadas. Entre elas,
há apenas uma novidade: a Turquia. Em 21 de agosto do ano que
vem, pela primeira vez Istambul
receberá uma etapa da categoria.
A prova será realizada em um
circuito que ainda está sendo
construído e que leva a assinatura
de Hermann Tilke, mesmo arquiteto que projetou as pistas de Sepang, Manama e Xangai.
Apesar de ter 19 corridas programadas para 2005, isso dificilmente deve acontecer. O calendário atual, com 18 GPs, é o maior da
história. Um aumento neste número só aconteceria caso todos os
times concordassem em limitar
os testes entre as corridas. E a Ferrari, que tem uma pista ao lado de
sua fábrica, declarou que é contra.
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