São Paulo, quinta-feira, 14 de outubro de 2004

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AUTOMOBILISMO

Pelo pré-calendário da FIA, prova acontece perto do limite para fim da propaganda de cigarro no país

Por cinco dias, Brasil garante sua corrida em 2005

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

Uma lei feita sob encomenda, algumas conversas com Bernie Ecclestone. E, por cinco dias, o GP Brasil do ano que vem escapou de ter problemas com a Justiça.
A FIA, entidade máxima do automobilismo, divulgou ontem uma pré-programação para a temporada de 2005 com 19 corridas, uma a mais que neste ano.
A prova de Interlagos foi marcada para 25 de setembro de 2005.
Será a 17ª e antepenúltima da temporada, antecedendo as etapas de Japão e China, e fará parte da última perna do calendário.
Apenas cinco dias depois, em 30 de setembro, termina a salvaguarda dada à F-1 pela lei 10.702, sancionada em 14 de julho de 2003, pelo vice-presidente José Alencar.
O texto determina que, até o dia 30, a proibição ao patrocínio de cigarros "não se aplica a eventos esportivos internacionais que não tenham sede fixa em um único país e que sejam organizados ou realizados por instituições estrangeiras". Ou seja, o GP Brasil.
O ano seguinte, 2006, não deve ser problema, já que a União Européia provavelmente vai adotar o banimento à publicidade tabagista a partir de 1º de outubro, graças a um acordo feito entre Max Mosley, presidente da FIA, e a Organização Mundial da Saúde.
Atualmente, cinco das dez equipes que disputam o Mundial da categoria são patrocinadas por fabricantes de cigarro: Ferrari, Jordan, McLaren, Renault e BAR. Esta última, inclusive, vai além: é propriedade da BAT, o segundo maior grupo tabagista do planeta.
Em 2003, a questão do cigarro transformou o GP Brasil numa complicada novela. A F-1 desembarcou no país sem saber se poderia correr com suas marcas de cigarro e a prova só foi garantida na véspera, por meio de uma medida provisória editada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na época, a MP 118 estabelecia o dia 31 de julho como data-limite para que eventos esportivos pudessem ter publicidade tabagista -prazo que depois foi esticado por dois meses com a lei 10.702.
Para evitar que a corrida do ano que vem passasse pelo mesmo tipo de problema, Tamas Rohonyi, promotor do GP Brasil, precisou negociar diretamente com Ecclestone, o homem que gere comercialmente a F-1.
Pela primeira versão do calendário de 2005, distribuída aos times, Interlagos fecharia o Mundial, em outubro -sem cigarro, portanto. Há um mês, porém, Rohonyi esteve em Londres para uma série de reuniões com o homem forte da F-1. Resultado: após o lobby, o inglês acatou os argumentos do promotor do GP Brasil e alterou a programação.
Através de sua assessoria de imprensa, a organização da etapa brasileira informou que a mudança de data visa apenas "evitar a repetição do problema climático enfrentado na semana passada, em Suzuka", referindo-se ao tufão que passou pelo país.
Na pré-programação divulgada ontem, além do GP Brasil, outras 12 corridas estão confirmadas e com datas marcadas. Entre elas, há apenas uma novidade: a Turquia. Em 21 de agosto do ano que vem, pela primeira vez Istambul receberá uma etapa da categoria.
A prova será realizada em um circuito que ainda está sendo construído e que leva a assinatura de Hermann Tilke, mesmo arquiteto que projetou as pistas de Sepang, Manama e Xangai.
Apesar de ter 19 corridas programadas para 2005, isso dificilmente deve acontecer. O calendário atual, com 18 GPs, é o maior da história. Um aumento neste número só aconteceria caso todos os times concordassem em limitar os testes entre as corridas. E a Ferrari, que tem uma pista ao lado de sua fábrica, declarou que é contra.


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