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OLIMPÍADA
Impossibilitado de contrair dívidas, município quer verbas de outras esferas de governo e da iniciativa privada
Sem dinheiro, São Paulo tenta Jogos-2012
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
O plano de São Paulo para recepcionar os Jogos Olímpicos de
2012 tem como base a realização
de melhorias na infra-estrutura
do município com verbas oriundas das demais esferas de governo, organizações internacionais e
também da iniciativa privada.
O município não pode realizar
grandes investimentos porque está impossibilitado de contrair dívidas por dez anos, como resultado da renegociação da dívida feita
pelo ex-prefeito Celso Pitta.
Ontem, a atual prefeita, Marta
Suplicy (PT), oficializou a disposição de São Paulo receber a edição
da Olimpíada de 2012 ao enviar
carta ao Comitê Olímpico Brasileiro, conforme a Folha antecipou
na última terça-feira. É a primeira
vez na história que o município
pleiteia receber uma Olimpíada.
Além de São Paulo, outra cidade
brasileira candidata a receber os
Jogos Olímpicos é o Rio, cujo
grande trunfo é a realização dos
Jogos Pan-Americanos em 2007.
O Comitê Olímpico Internacional define a cidade vencedora em
2005. O próximo passo acontece
em abril, quando as cidades brasileiras postulantes entregam espécie de dossiê olímpico ao COB.
"É uma oportunidade de ouro
para fazer um salto quantitativo e
qualitativo para o povo de São
Paulo. Há uma dificuldade, que é
o fato de o município estar pagando suas dívidas pelos próximos
dez anos. Por isso, não vai poder
obter financiamentos", explica o
secretário municipal do Planejamento Urbano, Jorge Wilheim.
"As pessoas perguntam de onde
São Paulo vai tirar o dinheiro para
realizar as obras para preparar a
cidade. Quando um município vira candidato, ele muda de patamar e tem a possibilidade de obter
dinheiro de organismos internacionais e com os governos federal
e estadual", afirma Marta.
"Obras de infra-estrutura, como novas linhas de metrô, que
naturalmente teriam o interesse
do governo do Estado, ganhariam
novo impulso visando os Jogos
Olímpicos", acrescenta Marta.
A prefeitura afirma que pesquisas mostram que o evento olímpico se autopaga. O custo que ficaria
em descoberto seria com relação à
infra-estrutura da cidade.
Também há a expectativa de
que a iniciativa privada participe
do projeto olímpico, como na
construção da Vila Olímpica, garantindo o direito de exploração
do local posteriormente. Houve
reunião da prefeitura com empresários atraídos pela proposta, mas
a Folha apurou que o interesse
destes depende da definição dos
locais onde a vila seria erguida.
Para exemplificar o fato de que
benefícios que transcendem o
âmbito esportivo foram obtidos
por cidades que recepcionaram
edições dos Jogos Olímpicos, a
prefeitura cita Barcelona (ESP),
que foi palco da Olimpíada em
1992, e Munique (ALE), em 1972.
"Depois dos Jogos Olímpicos de
1992, o movimento do aeroporto
de Barcelona saltou de 7.000 para
22 mil pessoas por dia. A cidade
ganhou 4,5 quilômetros de praias
e um rodoanel de 35 quilômetros.
Já Munique fez em oito anos o que
normalmente seria trabalho para
uns 18 anos", conclui Marta.
Wilheim, que reconheceu não
saber exatamente o custo de uma
Olimpíada, traçou paralelo entre
o que ocorrerá caso São Paulo
vença a disputa e os benefícios para o dia-a-dia da população.
"Além dos ganhos em termos
de equipamentos esportivos, todos os espectadores terão de chegar de trem ou metrô até os locais
das competições, não será possível de carro. Os cerca de 6.000 dirigentes e árbitros serão transportados por uma via exclusiva, sem
o inconveniente de semáforos."
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