São Paulo, Sábado, 15 de Janeiro de 2000


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NO CAMINHO
Gaviões pousam em praias e botequins

Fotos João Wainer/Folha Imagem Com batucada (acima), os torcedores corintianos fizeram concentração durante a madrugada de ontem, e viajaram a partir das 2h para o Rio de ônibus, enfrentando inspeções policiais (abaixo à esq. e dir.), mas festejaram e cantaram com o corpo fora do veículo (ao lado) JOSÉ ALBERTO BOMBIG
enviado especial ao Rio

FERNANDA PONTES
da Sucursal do Rio

Nem as nove horas de viagem e os três bloqueios da Polícia Militar impediram que parte dos corintianos "invadissem" ontem a praia dos cariocas.
Isso significa que o esquema montado pela PM para "disciplinar" a chegada da caravana corintiana ao Rio não foi suficiente para evitar que os paulistas tivessem acesso à requintada zona sul.
Desde o início da operação, na madrugada de ontem, um dos principais objetivos dos policiais era evitar que os corintianos, quase todos integrantes da torcida organizada Gaviões da Fiel, circulassem pelas zonas sul e central.
Para isso, foram montados dois bloqueios na rodovia Dutra e foi criada uma área de "confinamento" na zona norte.
O atraso da PM na implantação dos bloqueios foi o primeiro fator que proporcionou aos corintianos "furar" o esquema.
O primeiro bloqueio deveria ter sido montado em Resende (161 km do Rio), por volta das 5h.
Mas só teve início efetivamente por volta das 7h, próximo ao município de Nova Iguaçu, já na Baixada Fluminense. Os ônibus foram organizados em pequenos comboios e escoltados até o Teleporto, área próxima ao Maracanã.
O planejamento inicial da PM era que os torcedores ficassem no local até as 15h, quando seriam levados para o estádio.
Por volta das 14h, no entanto, um grupo com cerca de 300 pessoas deixou o local e seguiu para a zona sul, nos bairros de Ipanema, Copacabana e Flamengo.
Trajando os tradicionais uniformes negros da Gaviões, que inclui gorro de lã, eles, segundo a PM, se envolveram em confusões com vascaínos, praticaram pequenos furtos e foram até as praias -os termômetros marcavam 40 ºC.
"Fomos a pé até a praia dar um mergulho para tirar o cansaço. Aproveitamos para almoçar pão com mortadela num botequim", disse Wereon Varjão, 22.
A "epopéia" corintiana teve início às 23h de anteontem, quando os primeiros dos cerca de 200 ônibus das organizadas começaram a deixar São Paulo.
Bebendo muita cerveja, os corintianos iniciaram a viagem anunciando suas intenções:
"Vamos tomar o Rio e dar um rolê pela praia", dizia Alex da Silva Hortêncio, 26, metalúrgico, na quadra da Gaviões, antes de embarcar, sem ingresso para o jogo.
Mas, já na Dutra, começaram os problemas dos corintianos. Praticamente todos os postos da rodovia se recusaram a servi-los temendo saques.
"Isso é preconceito, não está certo", disse Renato Bulirte, 23, ao ser barrado do posto Asa Branca. "Na última vez que eles estiveram aqui, quebraram tudo", rebateu a balconista do posto, que não quis se identificar.


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