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NO CAMINHO
Gaviões pousam em
praias e botequins
Fotos João Wainer/Folha Imagem
Com batucada (acima), os
torcedores corintianos fizeram
concentração durante a
madrugada de ontem, e
viajaram a partir das 2h para o
Rio de ônibus, enfrentando
inspeções policiais (abaixo à
esq. e dir.), mas festejaram e
cantaram com o corpo fora do
veículo (ao lado)
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
enviado especial ao Rio
FERNANDA PONTES
da Sucursal do Rio
Nem as nove horas de viagem e
os três bloqueios da Polícia Militar impediram que parte dos corintianos "invadissem" ontem a
praia dos cariocas.
Isso significa que o esquema
montado pela PM para "disciplinar" a chegada da caravana corintiana ao Rio não foi suficiente para evitar que os paulistas tivessem
acesso à requintada zona sul.
Desde o início da operação, na
madrugada de ontem, um dos
principais objetivos dos policiais
era evitar que os corintianos, quase todos integrantes da torcida organizada Gaviões da Fiel, circulassem pelas zonas sul e central.
Para isso, foram montados dois
bloqueios na rodovia Dutra e foi
criada uma área de "confinamento" na zona norte.
O atraso da PM na implantação
dos bloqueios foi o primeiro fator
que proporcionou aos corintianos "furar" o esquema.
O primeiro bloqueio deveria ter
sido montado em Resende (161
km do Rio), por volta das 5h.
Mas só teve início efetivamente
por volta das 7h, próximo ao município de Nova Iguaçu, já na Baixada Fluminense. Os ônibus foram organizados em pequenos
comboios e escoltados até o Teleporto, área próxima ao Maracanã.
O planejamento inicial da PM
era que os torcedores ficassem no
local até as 15h, quando seriam levados para o estádio.
Por volta das 14h, no entanto,
um grupo com cerca de 300 pessoas deixou o local e seguiu para a
zona sul, nos bairros de Ipanema,
Copacabana e Flamengo.
Trajando os tradicionais uniformes negros da Gaviões, que inclui
gorro de lã, eles, segundo a PM, se
envolveram em confusões com
vascaínos, praticaram pequenos
furtos e foram até as praias -os
termômetros marcavam 40 ºC.
"Fomos a pé até a praia dar um
mergulho para tirar o cansaço.
Aproveitamos para almoçar pão
com mortadela num botequim",
disse Wereon Varjão, 22.
A "epopéia" corintiana teve início às 23h de anteontem, quando
os primeiros dos cerca de 200 ônibus das organizadas começaram
a deixar São Paulo.
Bebendo muita cerveja, os corintianos iniciaram a viagem
anunciando suas intenções:
"Vamos tomar o Rio e dar um
rolê pela praia", dizia Alex da Silva Hortêncio, 26, metalúrgico, na
quadra da Gaviões, antes de embarcar, sem ingresso para o jogo.
Mas, já na Dutra, começaram os
problemas dos corintianos. Praticamente todos os postos da rodovia se recusaram a servi-los temendo saques.
"Isso é preconceito, não está
certo", disse Renato Bulirte, 23, ao
ser barrado do posto Asa Branca.
"Na última vez que eles estiveram
aqui, quebraram tudo", rebateu a
balconista do posto, que não quis
se identificar.
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