São Paulo, terça-feira, 15 de março de 2005

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Goleiro da Copa-82 ficou sem receber

DO ENVIADO A CURITIBA

"O Império não dava condições para trabalhar. Não tinha estádio para treinar. Fiquei lá de novembro de 2004 a janeiro deste ano, mas só ganhei no primeiro mês", afirma Valdir Peres, 54, goleiro titular da seleção brasileira na Copa de 1982, que recebia R$ 5.000 por mês como diretor do clube.
"Nós não devemos um centavo para ele. Nós o dispensamos porque queríamos dar oportunidade para atletas jovens, e ele para velhos. Ele queria ser técnico do time, não diretor. Interferia demais no trabalho da comissão técnica", diz o empresário Aurélio Almeida, dono do Império.
Mas as denúncias de calote não param por aí. Levantamento feito pela reportagem mapeou dívida de R$ 2.353.105,17. Contudo, conforme revelou o próprio empresário, seu débito já superou a casa dos R$ 10 milhões. Dentre os lesados, estão o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) -só o Grêmio Maringá deve R$ 1,7 milhão à Previdência-, jogadores (dívidas trabalhistas, atraso de salários) e comerciantes.
"Não fiz essas dívidas. Elas foram feitas por pessoas que trabalhavam para mim e faziam coisas que eu não sabia. Mas irei saldá-las um dia porque é minha reputação, meu nome que está em jogo", afirma o cartola.
Um dos baluartes de Almeida, a Faculdade do Futebol, projeto criado para preparar e selecionar jogadores que serão absorvidos por outros clubes, também está na mira da Justiça.
Seis pessoas que tentavam a carreira de jogador nessa faculdade já entraram com processos no Juizado Especial de Pequenas Causas de Curitiba contra o Império do Atleta de Futebol Ltda., cobrando a devolução de um investimento total de R$ 16.785,17, conforme determinava o contrato assinado com a empresa.
"Eu paguei R$ 2.400 em 2002 para ficar um ano treinando no Império, em Toledo. Se eu não fosse aproveitado, eles devolveriam o dinheiro, o que não aconteceu", disse Fábio Machado, 28, que só ficou com o calção do time como prova de que jogou.
"Ele [Almeida] é um tremendo crápula, irresponsável. Me deve R$ 36.320", afirma João Kreuz, dono do supermercado Trento, em Toledo. (KT)


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