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AÇÃO
Consumação mínima
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
No mês passado, o diário
"Los Angeles Times" deu
matéria grande sobre o mountain
boarding, um esporte relativamente novo que, grosso modo, é
um skateboarding praticado em
terrenos acidentados.
Para executar, pranchas mais
largas e mais flexíveis do que as
de skate, rodas de borracha infladas por pressão do ar e sistema
amortecedor. As manobras geralmente são executadas em pistas
de esqui durante o verão.
Da mesma forma que o mountain bike começou como um
"twist" do ciclismo, o snow do esqui, o kitesurfe do wind e do surfe,
o mountain board veio do skate
para ganhar vida própria. Era o
que o artigo dizia: qualquer atividade que é parte skate, parte
snow tem tudo para arrebentar
(sem o trocadilho).
Mas havia também um tom
mais pessimista e delator. E ele
dava conta de que o esporte, embora excitante, não alcançava popularidade. Dizia o artigo que a
comunidade americana de 65 mil
aficionados sofria para se fazer
notar, para ter espaço em mídia e
até para entrar na lista dos X-Games. É que, embora há dois anos
os praticantes façam demonstrações nos jogos da ESPN, não são
chamados para integrar as atividades oficiais.
Analistas foram convidados a
opinar e concluíram que a falta
de uma identidade para esporte e
praticante limitava o campo de
ação. Michael Jaquet, editor de
uma revista de skate, revelou que
a comunidade de skatistas tende
a reprovar qualquer variante do
esporte. "Skate é um estilo de vida. É uma forma de agir, de pensar, de se vestir, é o que você é".
Certo, a falta de uma imagem
tribal acaba mesmo por frear o
mercado investidor, já que o interessado paga de US$ 100 a US$
500 por uma prancha que dura
vários anos e pode perfeitamente
não gastar mais nada. É preciso
fazer o praticante consumir para
que o mercado gire e cresça: tênis,
camisetas, bonés, cotoveleiras, capacetes... Vale qualquer coisa.
Pesa ainda o fato de você precisar de um carro para chegar à
montanha, o que inviabiliza o esporte para quem não tem automóvel, e o aspecto "suicida" que
ganhou recentemente, com a divulgação de dois anúncios de TV
nos EUA. O primeiro, de um analgésico, mostra o praticante se arrebentando e na seqüência aliviando suas dores com o medicamento. O outro, de uma marca de
carro, exibe o atleta de mountain
board no alto de uma montanha
olhando o precipício. Ao iniciar a
descida, ele rola montanha abaixo. Na cena seguinte, dentro do
veículo "off road" anunciado, o
sujeito desce a mesma pista dirigindo calmamente, são e salvo.
Por essas e por outras o crescimento do mountain board não
acontecerá como sonham os praticantes. Mas isso não deve ser necessariamente ruim. É de se esperar que um esporte que derive de
outro dificilmente consiga a popularidade de seu genitor. Mas
quem falou que precisa ser popular? Para ser boa basta que a atividade consiga nos fazer sentir
outros tipos de emoções, que valha ser experimentada em um fim
de semana, que venha para não
crescer e, mesmo assim, ficar.
Por falar em X-Games
De 6 a 9 de maio acontece a terceira edição do X-Games latino-americanos, no Rio de Janeiro, que vale também para o Circuito Mundial
WCS (World Cup of Skateboarding). O evento é para convidados, e a
seleta lista inclui Bob Bunrquist e Sandro "Mineirinho" Dias.
Pára-quedismo
Boituva (SP) recebe neste final de semana os melhores do país na estréia do Circuito Nacional 4way. Os times de quatro atletas têm cinco
saltos de 35 segundos para a seqüência de formações e pontuar.
Supersurfe
Na semana que vem, em Maresias (SP), a elite nacional se reúne para
a segunda etapa da 18ª edição do Circuito Brasileiro Profissional.
E-mail sarli@revistatrip.com.br
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