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ARTIGO
Ofensa e racismo
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
O racismo é uma deplorável
e inaceitável conduta humana.
O racismo verdadeiro é o daqueles torcedores que vão para os
estádios com a intenção de ofender outras raças; o de grupos que
não permitem a entrada de pessoas de raças diferentes em determinados lugares frequentados
por eles; o das pessoas que são incapazes de amar, em todas as
suas formas, outras de raças diferentes e outros tipos.
O racismo tem que ser combatido e duramente punido por leis
específicas.
As ofensas ao Grafite na partida
de anteontem não foram uma
clara e premeditada manifestação de racismo do jogador argentino, e sim o antigo, comum e condenável hábito de provocar o adversário, chamá-lo de negro e de
outros nomes.
Isso sempre existiu no futebol.
Quando eu jogava, um companheiro me disse uma vez que foi
chamado de "branco sujo" por
um negro.
Isto é também racismo.
Essas injúrias precisam também ser duramente punidas, mas
pela Justiça Desportiva.
Houve um exagero, uma espetacularização do acontecimento,
como disseram José Trajano e Juca Kfouri.
Em todo o mundo, os atletas
querem vencer, de todas as maneiras. Alguns perdem a razão e
os limites.
Na emoção de uma partida,
acontecem, com freqüência, manifestações de ódio reprimido, de
agressividade inata e adquirida e
todo o tipo de fraqueza humana.
Já escutei um milhão de vezes
que o esporte é uma manifestação
ética e um fator de união entre as
pessoas e os povos.
Não é sempre assim.
Sempre que houver emoção envolvida, existirá o perigo de as
pessoas fazerem coisas até inacreditáveis.
Depois, essas pessoas dirão: "Me
deu um branco na consciência".
Essas ofensas são comuns, mas
são intoleráveis. É preciso colocar
limites. A lei e a vigilância da sociedade são esses limites.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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