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FUTEBOL
Atacante afirma que irá repetir ação se for ofendido contra times do país
Grafite promete comandar um "basta", agora no Brasil
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O atacante Grafite quer abrir
uma cruzada contra o racismo no
Brasil e disse estar pronto para defender os seus direitos dentro de
campo sempre que se sentir atingido na questão racial.
"Fiz o que devia ter sido feito.
Procurei os meus direitos de cidadão. Ele [Desábato] me chamou
de negro de merda e negrito, e
não tinha nada a ver com o lance.
Se acontecer novamente um fato
semelhante contra times brasileiros, paciência. Vou procurar os
meus direitos", afirmou.
Grafite disse ainda estar aberto a
conversa com órgãos e movimentos ligados com a questão racial, e
se colocou à disposição.
"Podemos sentar e conversar. O
que eu puder fazer para ajudar, eu
farei", completou o atleta.
O jogador espera que esse incidente agora tenha um resultado
positivo contra o racismo em todo o mundo. "Os jogadores brasileiros sofrem com o racismo na
Europa e isso tem que mudar. Espero que tenha sido um começo."
Ao falar do lance que originou a
ofensa e também a sua expulsão
contra o Quilmes, o atacante relembrou o difícil momento que
passou enquanto esteve no vestiário. "O Juvenal Juvêncio [diretor
de futebol] estava com um delegado [Osvaldo Gonçalves] e falou
comigo. Disse que me apoiaria no
que eu fizesse. Quando os companheiros desceram ao vestiário, eu
pedi desculpas e depois fui para a
delegacia para fazer a queixa."
Já de cabeça fria, durante a coletiva de ontem no CT do clube,
Grafite disse não ter nenhuma
mágoa de Desábato pela ofensa,
mas também afirmou que não
voltaria atrás para retirar a acusação da delegacia.
"Não posso voltar atrás no que
eu fiz. Isso tem que ter um basta.
Vários jogadores brasileiros sofrem preconceito lá fora. Sei que
ele [Desábato] está passando um
momento difícil, deve ter família,
mas precisa pensar bem na atitude que tomou. Aceito o pedido de
desculpas, mas o que está feito, eu
não vou mudar."
O jogador são-paulino falou que
o técnico do Quilmes, Gustavo Alfaro, bem que tentou demovê-lo
da ideía de dar queixa enquanto
aguardava a sua vez de depor na
delegacia. "Ele ficou perto de
mim, quis amenizar a situação,
mas não voltei atrás na minha decisão", falou Grafite.
E, na sua empreitada contra o
racismo, o jogador ganhou o
apoio do zagueiro Fabão. "Acredito que pode ser um pontapé inicial para que as coisas mudarem."
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