São Paulo, sexta-feira, 15 de abril de 2005

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FUTEBOL

Atacante afirma que irá repetir ação se for ofendido contra times do país

Grafite promete comandar um "basta", agora no Brasil

TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O atacante Grafite quer abrir uma cruzada contra o racismo no Brasil e disse estar pronto para defender os seus direitos dentro de campo sempre que se sentir atingido na questão racial.
"Fiz o que devia ter sido feito. Procurei os meus direitos de cidadão. Ele [Desábato] me chamou de negro de merda e negrito, e não tinha nada a ver com o lance. Se acontecer novamente um fato semelhante contra times brasileiros, paciência. Vou procurar os meus direitos", afirmou.
Grafite disse ainda estar aberto a conversa com órgãos e movimentos ligados com a questão racial, e se colocou à disposição.
"Podemos sentar e conversar. O que eu puder fazer para ajudar, eu farei", completou o atleta.
O jogador espera que esse incidente agora tenha um resultado positivo contra o racismo em todo o mundo. "Os jogadores brasileiros sofrem com o racismo na Europa e isso tem que mudar. Espero que tenha sido um começo."
Ao falar do lance que originou a ofensa e também a sua expulsão contra o Quilmes, o atacante relembrou o difícil momento que passou enquanto esteve no vestiário. "O Juvenal Juvêncio [diretor de futebol] estava com um delegado [Osvaldo Gonçalves] e falou comigo. Disse que me apoiaria no que eu fizesse. Quando os companheiros desceram ao vestiário, eu pedi desculpas e depois fui para a delegacia para fazer a queixa."
Já de cabeça fria, durante a coletiva de ontem no CT do clube, Grafite disse não ter nenhuma mágoa de Desábato pela ofensa, mas também afirmou que não voltaria atrás para retirar a acusação da delegacia.
"Não posso voltar atrás no que eu fiz. Isso tem que ter um basta. Vários jogadores brasileiros sofrem preconceito lá fora. Sei que ele [Desábato] está passando um momento difícil, deve ter família, mas precisa pensar bem na atitude que tomou. Aceito o pedido de desculpas, mas o que está feito, eu não vou mudar."
O jogador são-paulino falou que o técnico do Quilmes, Gustavo Alfaro, bem que tentou demovê-lo da ideía de dar queixa enquanto aguardava a sua vez de depor na delegacia. "Ele ficou perto de mim, quis amenizar a situação, mas não voltei atrás na minha decisão", falou Grafite.
E, na sua empreitada contra o racismo, o jogador ganhou o apoio do zagueiro Fabão. "Acredito que pode ser um pontapé inicial para que as coisas mudarem."


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