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São Caetano se livra de encostados e mira "famintos"
Time, que faz semifinal do Paulista com o São Paulo, volta
a brilhar com reforços mais baratos e com gana de vencer
Com o técnico Dorival Jr.,
clube muda investimentos,
breca a vinda de atletas
badalados e diz ter feito
equipe "comprometida"
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
Qual é o perfil de contratação
para um clube em situação financeira estável, com patrocinador forte e que ganha dinheiro com a venda de atletas?
O São Caetano se fez essa
pergunta após a queda para a
segunda divisão do Brasileiro
no final do ano passado.
E a decisão que tomou levou
muitos a acreditar que o clube
colocaria de vez uma corda no
pescoço e se enforcaria também no Paulista-2007.
A estratégia, capitaneada pelo técnico Dorival Júnior, foi
completamente oposta à que
vinha sendo traçada pelo time
do ABC desde sua meteórica
ascensão em 2000, com o vice-campeonato do Nacional.
Com bom conhecimento nos
clubes das divisões de acesso do
Brasileiro, o treinador abriu
mão de jogadores badalados e
resolveu apostar somente em
atletas desconhecidos, de equipes que buscam a elite, mas que
"dessem o sangue" pelo clube.
"Nós temos um grupo formado há apenas 90 dias, com jogadores que vieram de vários lugares, com fome de vencer. Estou satisfeito porque, em pouco
tempo, conseguimos um time
competitivo", diz o técnico.
Essa foi a cara dos 15 atletas
que chegaram ao clube em
2007. Outros 17, que ajudaram
a afundar a equipe, se foram.
A mudança radical foi causada por um diagnóstico da diretoria do São Caetano. O clube,
que sempre pagou salários altos, tornou-se um porto seguro
para algumas estrelas, principalmente aquelas em fim de
carreira e em busca de um bom
dinheiro e pouca cobrança.
Foi o caso do atacante Edílson, que tinha cláusula em seu
contrato que lhe garantia folgas
às segundas-feiras. Ou do atacante Müller, que passava mais
tempo no departamento médico do que em campo. Ambos
são, no clube, exemplos de atletas dispendiosos que não deram retorno algum.
O São Caetano, que deixou de
ter o amparo da prefeitura da
cidade com a morte de seu patrono, Luiz Tortorello, não perdeu fôlego financeiro. Graças
ao patrocínio da Consul, recebe
cerca de R$ 10 milhões anuais,
cifra semelhante à que é paga
pela Pirelli ao Palmeiras.
Mas decidiu fechar a torneira. Ou melhor, apertá-la. Reduziu a folha de pagamento em
50% em relação à equipe do
ano passado. E diz ter pago o time semifinalista do Estadual
apenas com o empréstimo de
Márcio Richardes e com a participação na venda de Fábio
Santos ao francês Lyon.
O lateral-direito Paulo Sérgio
veio do Noroeste, o zagueiro
Maurício, do Iraty-PR, o volante Luis Alberto, do Bahia, o volante Gleidson, do Paulista, o
meia Douglas, do Criciúma, o
atacante Luiz Henrique, do São
Raimundo. Todos são titulares.
"Eu tenho um grupo de jogadores que abraçaram a idéia de
fazer o São Caetano voltar a ser
vitorioso. Para mim, o time se
resume a uma palavra: comprometimento. Hoje vejo um grupo comprometido com o clube", declara Dorival Júnior.
Apesar do sucesso repentino,
o treinador aponta o rival favorito hoje, mesmo tendo sido o
único a vencê-lo até agora. "É,
ao lado do Santos, o melhor do
país. O time tem altura, velocidade e individualidade."
Colaborou
PAULO GALDIERI,
da Reportagem Local
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