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Fiel faz do Corinthians um show permanente
JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas
Alguns leitores queixam-se de
que a Folha e seus colunistas
dão espaço exagerado ao Corinthians, em comparação com
os outros clubes. Pode até ser
verdade.
Se isso acontece, uma explicação plausível seria a de que se
trata do clube que tem a maior
torcida do Estado e a segunda
maior do país. Mas desconfio
que, pelo menos do ponto de
vista dos colunistas, há também outra razão: o Corinthians
oferece mais lances dramáticos
e até patéticos.
Não falo apenas do que o time
faz dentro de campo, como a
inesquecível batalha de quarta-feira passada contra o Palmeiras, mas também de seus
bastidores.
A alta voltagem emocional
que envolve o clube do Parque
São Jorge se deve, sem nenhuma dúvida, a sua relação umbilical com a torcida. Para o
bem ou para o mal, a Fiel não é
apenas uma torcida, é um fenômeno social que engolfa o clube
e torna reféns sua direção e
seus jogadores.
Basta ver o que aconteceu nas
últimas semanas: primeiro, a
torcida alvinegra derrubou o
técnico, depois o goleiro.
Quer dizer: a mesma massa
humana capaz de incendiar o
estádio do Morumbi e empurrar o time a uma vitória heróica sobre o arqui-rival Palmeiras (depois revertida nos pênaltis) é capaz também de invadir
o vestiário para tomar satisfações do treinador e de crucificar o mesmo goleiro que no ano
passado era carregado nos ombros como herói.
Para ser fiel ao clube, a torcida corintiana frequentemente
é infiel a seus ídolos -que o digam Nei, Neto, Souza, Ronaldo, Mirandinha, Rivellino. Todos eles foram em algum momento incensados e depois execrados pela Fiel.
Corre por aí a seguinte piada,
espalhada certamente por palmeirenses: a diretoria do Corinthians finalmente se decidiu. Vai dar prioridade total ao
Paulistão.
Aliás, uma diretoria que age
como refém da torcida (me pergunto se poderia ser diferente)
não tem condições de priorizar
nada, pois o time é obrigado a
vencer sempre, nem que seja
um amistoso. Parece que há
uma permanente ameaça de
linchamento pairando no ar.
O Corinthians foi eliminado
da Libertadores pelo acaso dos
pênaltis, mas ninguém negará
que o Palmeiras é um time
mais sólido e competitivo para
ir em busca da taça.
Locutores de TV já começaram com aquela lenga-lenga de
que agora "o Palmeiras é o Brasil na Libertadores". Mas é
mais fácil um camelo passar
pelo buraco de uma agulha do
que um corintiano torcer pelo
Palmeiras. E vice-versa.
Quem gosta de futebol e de cinema tem uma boa opção neste
mês em São Paulo.
Até o próximo dia 28, o Espaço Unibanco de Cinema estará
exibindo, sempre às 18h, uma
sessão com quatro curtas-metragens em torno do futebol:
"Barbosa", de Ana Luiza Azevedo e Jorge Furtado, "Uma
História de Futebol", de Paulo
Machline (com roteiro do nosso
amigo Torero), "Cartão Vermelho", de Laís Bodansky, e
"Decisão", de Leia Hipólito.
Todos eles são bons -e a entrada é franca.
E-mail jgcouto@uol.com.br
˛
José Geraldo Couto escreve às segundas-feiras
e aos sábados
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