São Paulo, sábado, 15 de junho de 2002

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PERFIL

Depois da vitória, técnico desabafa e critica jornalistas

DO ENVIADO A SHIZUOKA

Definida a classificação para as oitavas, o técnico Robert Waseige, 62, deu uma de Mario Jorge Zagallo e avisou a imprensa belga: ela vai ter de engoli-lo.
""Estou muito feliz por três coisas. A primeira é termos conquistado a vaga. A segunda, podermos jogar contra o Brasil, o país que pratica o futebol-arte. E a terceira é colocar algumas pessoas em seu devido lugar. Elas passam, mas eu fico."
Waseige e seus comandados ficaram dois dias sem falar com jornalistas belgas, a quem acusam de tentar atrapalhar o desempenho do time na Copa.
Depois do empate contra a Tunísia, o quinto consecutivo da Bélgica em Mundiais, um jornal publicou a notícia de que os jogadores pediram a saída do treinador antes mesmo da partida decisiva contra a Rússia. Ele nega e diz que foi pura invenção. Outro jornalista escreveu que a equipe tinha ido ao Japão fazer turismo. Um terceiro, que as atuações na Ásia eram uma vergonha para o esporte do país.
""Entendo que, em alguns casos, é até natural uma relação tensa com a mídia, mas eles [jornalistas" exageraram. A resposta veio no campo, com a classificação. Quero ver se quem dizia que não venceríamos vai dizer agora que também não perdemos de ninguém. Porque, após três jogos, estamos invictos e classificados, algo incontestável", afirmou.
Waseige diz que, quando assumiu a equipe, em agosto de 1999, tentou unir os atletas que falam francês como primeira língua aos que se comunicam em holandês. Mas tem reclamado de que a tarefa é inglória. Da mesma forma que George Leekens, seu antecessor, teria sido boicotado por jornalistas de regiões da Bélgica onde se fala predominantemente o francês, com ele teria ocorrido o contrário. O boicote teria vindo de quem se expressa em holandês.
As críticas ao trabalho de Waseige, no entanto, estão longe de se restringir à questão da língua.
Parte da torcida e da mídia belga, por exemplo, reclama de que o técnico é turrão e o responsabiliza até hoje pelo fracasso na Eurocopa de 2000, que o país abrigou em conjunto com a Holanda.
Alguns jornalistas o chamam de teimoso, alegando que Waseige, desde os anos 70, dificilmente abre mão do esquema 4-4-2 (quatro na defesa, quatro no meio-campo e dois no ataque) e que o time depende muito do capitão Marc Wilmots, autor de oito gols nas eliminatórias, e o técnico não estaria fazendo nada para alterar o quadro. (JCA)


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