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PERFIL
Depois da vitória, técnico desabafa e critica jornalistas
DO ENVIADO A SHIZUOKA
Definida a classificação para
as oitavas, o técnico Robert Waseige, 62, deu uma de Mario Jorge Zagallo e avisou a imprensa
belga: ela vai ter de engoli-lo.
""Estou muito feliz por três coisas. A primeira é termos conquistado a vaga. A segunda, podermos jogar contra o Brasil, o
país que pratica o futebol-arte. E
a terceira é colocar algumas pessoas em seu devido lugar. Elas
passam, mas eu fico."
Waseige e seus comandados
ficaram dois dias sem falar com
jornalistas belgas, a quem acusam de tentar atrapalhar o desempenho do time na Copa.
Depois do empate contra a
Tunísia, o quinto consecutivo
da Bélgica em Mundiais, um jornal publicou a notícia de que os
jogadores pediram a saída do
treinador antes mesmo da partida decisiva contra a Rússia. Ele
nega e diz que foi pura invenção.
Outro jornalista escreveu que a
equipe tinha ido ao Japão fazer
turismo. Um terceiro, que as
atuações na Ásia eram uma vergonha para o esporte do país.
""Entendo que, em alguns casos, é até natural uma relação
tensa com a mídia, mas eles [jornalistas" exageraram. A resposta veio no campo, com a classificação. Quero ver se quem dizia
que não venceríamos vai dizer
agora que também não perdemos de ninguém. Porque, após
três jogos, estamos invictos e
classificados, algo incontestável", afirmou.
Waseige diz que, quando assumiu a equipe, em agosto de
1999, tentou unir os atletas que
falam francês como primeira
língua aos que se comunicam
em holandês. Mas tem reclamado de que a tarefa é inglória. Da
mesma forma que George Leekens, seu antecessor, teria sido
boicotado por jornalistas de regiões da Bélgica onde se fala
predominantemente o francês,
com ele teria ocorrido o contrário. O boicote teria vindo de
quem se expressa em holandês.
As críticas ao trabalho de Waseige, no entanto, estão longe de
se restringir à questão da língua.
Parte da torcida e da mídia
belga, por exemplo, reclama de
que o técnico é turrão e o responsabiliza até hoje pelo fracasso na Eurocopa de 2000, que o
país abrigou em conjunto com a
Holanda.
Alguns jornalistas o chamam
de teimoso, alegando que Waseige, desde os anos 70, dificilmente abre mão do esquema 4-4-2 (quatro na defesa, quatro no
meio-campo e dois no ataque) e
que o time depende muito do
capitão Marc Wilmots, autor de
oito gols nas eliminatórias, e o
técnico não estaria fazendo nada para alterar o quadro.
(JCA)
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