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Saudade é sentimento em preto-e-branco
WASHINGTON OLIVETTO
A segunda semana do Mundial trouxe boas
lembranças para a comunidade alvinegra, formada
por gente que normalmente alia
cultura superior a memória privilegiada.
Assim, na partida entre Inglaterra e Argentina, vendo as atuações de Michael Owen, David
Beckham e Trevor Sinclair, pudemos nos recordar de Charles W.
Miller, J. G. Veitch e N. F. Shaw,
astros do fabuloso Corinthian
Football Club de 1892.
Já na panificadora, digo, avassaladora vitória de Portugal sobre a Polônia, o artilheiro Pauleta foi um verdadeiro Manuelzinho, atacante que honrou a camisa alvinegra entre 1961 e 1965
ao lado de craques como Aldo,
Augusto, Eduardo, Amaro, Ari
Clemente, Oreco, Ferreirinha,
Cassio, Espanhol, Silva, Rafael,
Adilson, Nei, Lima e Gelson.
Astros de primeira grandeza,
capazes de influenciar novas gerações e motivar seus contemporâneos para que atingissem patamares maiores. É o caso de Nei,
Espanhol e Oreco. Nei, o Nei de
Oliveira, é o pai do campeão do
Mundial de Clubes da Fifa Dinei.
Espanhol, o ponta-direita, foi o
precursor da fúria espanhola,
uma espécie de Raúl, Morientes e
Hierro reunidos numa só pessoa.
E Oreco, o gaúcho do parque, foi
a alternativa discreta, mas ameaçadora, da seleção de 1958 para a
posição de Nilton Santos. A presença de Oreco entre os selecionados fez com que Nilton se superasse - a ponto de um dia ter sido considerado a Enciclopédia do
Futebol. Pois bem: se Nilton foi a
Enciclopédia, Oreco foi a Bíblia.
Mas, voltando aos destaques do
Mundial, a Alemanha, com seu
impecável uniforme alvinegro,
mais uma vez repetiu a tradição
de derrotar as equipes vestidas de
verde, eliminando Camarões.
Por outro lado, ainda no quesito cores, quem não teve sorte foi a
França, que, trajando um azul
parecido com o do São Caetano,
mostrou que só consegue ser um
time realmente competitivo
quando joga em seu campo, coisa
que ocorre também com a simpática agremiação do ABC paulista.
Destaque na partida da França
contra a Dinamarca para Zidane, que, atuando com uma perna
só, lembrou Sócrates jogando
machucado contra o Flamengo
no dia 6 de maio de 1984. A única
diferença é que a equipe de Zidane perdeu de 2 a 0, enquanto a de
Sócrates venceu por 4 a 1.
Destaque também para a classificação do México, da Itália e,
principalmente, da Suécia, que
jogou um partidão contra a Argentina, tendo até um gol de falta
de Anders Svensson que foi digno
de um Roberto Rivellino, Neto ou
Marcelinho Carioca.
Quanto ao Brasil, a classificação foi boa, mas o futebol foi
ruim. No jogo contra a Costa Rica, Felipão errou não escalando
Ricardinho, mas acertou substituindo Juninho. Espero que nas
oitavas ele escale Dida, Cafu, Lúcio, Roque Júnior, Roberto Carlos, Gilberto Silva, Vampeta, Ricardinho, Ronaldinho, Ronaldo e
Rivaldo. Sei que não é tão bom
quanto Dida, Rogério, Anderson,
Fábio Luciano, Kléber, Fabrício,
Vampeta, Ricardinho, Deivid,
Leandro e Gil, mas é o que ele tem
de melhor. Triste constatar esse
fato, mas vou deixar pra lá, já
que hoje não é dia de tristeza, é
dia de saudades.
A Copa tem sido pródiga em
alimentar esse sentimento que
faz parte da alma do brasileiro e
que gerou essa palavra única do
vocabulário mundial.
Até mesmo as arbitragens
-como as de Pierluigi Collina,
considerado hoje o melhor árbitro do mundo- trazem boas recordações para aqueles que apreciam o futebol a ponto de admirar até mesmo os juízes.
Muitas vezes perseguidos, esses
abnegados profissionais do apito
são parte fundamental do espetáculo. Como o inesquecível Javier
Castrilli, que um dia foi o melhor
do mundo. Mais precisamente no
dia 26 de abril de 1998.
Washington Olivetto, publicitário sempre (e cronista esportivo eventual),
acha as cores do uniforme do XV de Piracicaba lindas
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