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BOXE
Tiro no pé
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Pela primeira vez nos últimos
29 anos, os médios-ligeiros terão um único campeão unificado.
Mas o assunto do momento é
mesmo a investigação do FBI (polícia federal norte-americana) na
Top Rank, empresa de Bob Arum
(na semana passada, o FBI recolheu material daquela firma). Todos nos EUA só falam sobre isso.
Tanto que durante teleconferência nesta semana para promover a unificação entre os médios-ligeiros Shane Mosley, dono dos
cinturões do CMB e da AMB, e
"Winky" Wright, campeão pela
FIB, grande parte das perguntas
girou em torno da investigação.
É que, como a luta mais polêmica organizada pela Top Rank recentemente foi a entre Mosley e
Oscar de la Hoya, estrela daquela
organização, o "New York Daily
News" publicou que foi aquele
combate que suscitou a ação do
FBI, pois haveria suspeita de que
o resultado teria sido armado.
E não é para menos que as pessoas fazem tal ligação. De la Hoya, derrotado, ameaçou financiar
a sua própria investigação. Arum
acrescentou que houve irregularidades e que, por conta delas, estaria se aposentando. Mas nenhum
dos dois cumpriu sua promessa.
Por conta disso, durante a teleconferência, da qual esta coluna
participou, as questões estritamente esportivas, sobre preparação, previsões de resultado etc.,
perderam espaço para perguntas
sobre a tal investigação do FBI.
"Mosley, como a investigação
do FBI afeta sua concentração
[para a unificação com Wright]?
Como você sente com relação a
essa situação?", perguntavam.
Mosley disparava respostas-padrão, como por exemplo "[a investigação] não me afeta em nada, pois as informações [de que a
luta com De la Hoya foi armada]
são falsas. O que interessa é que
minha preparação está boa".
Em certo momento, um exasperado Gary Shaw, promotor de
Mosley, interveio e requisitou, repetidas vezes, que as questões ficassem limitadas ao combate.
"Não há alegação de que a luta
com De la Hoya foi armada. Repito, não existe tal alegação. Apenas uma matéria do "New York
Daily News". Ninguém do FBI
veio conversar comigo, com Mosley ou com a nossa equipe. Perguntem sobre a luta com Wright."
Seu pedido foi ignorado, caiu
em ouvidos surdos -apesar de
sua argumentação lógica (se alguém tivesse de ser investigado
em caso de suspeita por causa da
luta De la Hoya-Mosley, teria de
ser Shaw, e não Arum). No final,
até mesmo Shaw se curvou à curiosidade dos jornalistas e teceu
comentários sobre o assunto.
"De la Hoya pediu investigação,
mas não pôs em prática a idéia.
Mas agora com a investigação na
Top Rank, acho que cai bem o ditado "cuidado com seus desejos,
eles podem se realizar", disse.
"Espero que o FBI faça uma investigação profunda e que disso
saia algo de bom para o esporte e
para os atletas", finalizou Shaw.
Os federais devem mesmo estar
loucos para pegar alguém do
mundo do boxe. Eles foram "surrados" uma vez por Don "Only in
America" King, arqui-rival de
Arum. E também perderam a "revanche" para o famigerado promotor de cabelos arrepiados.
Brasil 1
Seis brasileiros do time de vale-tudo Brazilian Top Team participam
dos dois eventos do Pride que ocorrem em fevereiro: Rodrigo ""Minotauro" Nogueira, Zé Mário Sperry e Ricardo Arona, no dia primeiro, e Carlão Barreto, Murilo Bustamante e Fabiano Caponi, no dia 15.
Brasil 2
A polêmica criada em torno de Eder Jofre e Popó, por conta da declaração do último, lembra a situação entre Larry Holmes e Rocky Marciano. Em 85, irritado após perder para Michael Spinks, Holmes, que
com um triunfo igualaria a marca de 49 vitórias de Marciano, disse
que este não era digno de carregar seu protetor de testículos. Apesar
das desculpas, a imagem de Holmes sofreu prejuízo permanente. Popó teve sorte pelo fato de seu caso ter sido resolvido rapidamente.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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