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FUTEBOL
A batalha de Tróia
JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA
Tróia e Esparta foram os dois
mais importantes times da
história de Antiguidade, Minas
Gerais.
Quem tiver idade e boa memória certamente se lembrará das
grandes finais dos anos 30 e 40,
época em que ambos se revezavam nas conquistas do campeonato amador municipal. Cada final era um jogo inesquecível, um
prélio cheio de lances heróicos.
As torcidas se inflamavam e algumas vezes até chegaram às vias
de fato, ocasião em que as partidas só terminavam na delegacia.
Tudo seguiu nessa mesma toada até que, no ano de 1942, um lamentável incidente marcou a história do clássico. Incidente talvez
seja pouco. Na verdade foi uma
bomba: a jovem e bela Helena
Maria, esposa do presidente do
Esparta, deixou José Menelau e
foi viver com João Páris, presidente do Tróia.
Os espartanos ficaram possessos
e juraram vingança.
Naquele ano, é claro, a final do
campeonato mais uma vez seria
entre as duas equipes. Para piorar
as coisas, a liga amadora estabeleceu um novo critério para decidir o campeão: não haveria prorrogação nem disputa de pênaltis.
Dessa vez, só seria declarado vencedor o time que derrotasse o adversário nos 90 minutos. Se a partida terminasse empatada, seria
marcado novo jogo.
Isso gerou um fato que até hoje
é contado com espanto pelos memorialistas da região: Tróia e Esparta jogavam, jogavam e jogavam, mas nunca conseguiam ir
além do empate. Seguiram-se
(acreditem!) dez jogos sem que
nenhum dos dois conseguisse a vitória. O 0 a 0 persistia no placar.
Os espartanos tinham um time
melhor. O volante Diomedes, o
capitão Agamenon, os irmãos
Ájax (o grande e o pequeno) e o
artilheiro Heitor formavam uma
verdadeira seleção. Mas mesmo
assim não conseguiam passar pela muralha defensiva do Tróia.
Principalmente por causa do goleiro Aquiles, um verdadeiro semideus sob as traves (apesar do
estranho costume de cobrar tiros
de meta com o calcanhar).
Já havia um clima de desânimo
no banco espartano quando Ulisses, o técnico do time, teve uma
idéia: ele foi à rádio da cidade e
deu uma entrevista declarando
que um de seus melhores jogadores, o zagueiro Cavalo, havia confessado ser um torcedor do Tróia.
- Não quero mais saber dele!,
esbravejou Ulisses. Se quiser, pode
até jogar para os troianos, pois
vou derrotá-los do mesmo jeito!
Animada, a diretoria do Tróia
contratou Cavalo e sua torcida se
encheu de esperanças para a próxima partida. A única voz destoante foi a do técnico troiano
Laocoonte: "Esse Cavalo não está
me cheirando bem..."
E Laocoonte tinha razão. Cavalo estava a serviço do time espartano. Tanto que a vitória troiana
veio aos 45min do segundo tempo, quando ele deu um bico contra a própria meta e marcou um
gol contra.
Até hoje esse fato é contado pelas ruas de Antiguidade e não há
uma só criança, por menor que
seja, que não conheça a incrível
história do Cavalo de Tróia.
Macbobs S.T.
E para que não me chamem de
anti-americano, a equipe que
hoje destaco da insigne e pícara
Enciclopédia dos Times Imaginários é o Macbobs Soccer
Team, de Springfield. Seu uniforme é composto de camisas
amarelo-mostarda e calções
vermelho-catchup. Seu símbolo é um gigantesco hambúrguer
e seu mascote é um avestruz,
aquele animal que engole qualquer coisa. O Macbobs é patrocinado por uma grande cadeia
de fast food. Por conta disso os
jogadores têm que comer hambúrgueres e beber milk shakes
em todas as refeições, inclusive
no intervalo das partidas. Os
atletas estão um tanto obesos e
o time ocupa a última colocação na Liga do Pacífico.
Contagem regressiva
Oito...
E-mail torero@uol.com.br
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