São Paulo, sexta-feira, 16 de janeiro de 2004

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FUTEBOL

A batalha de Tróia

JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA

Tróia e Esparta foram os dois mais importantes times da história de Antiguidade, Minas Gerais.
Quem tiver idade e boa memória certamente se lembrará das grandes finais dos anos 30 e 40, época em que ambos se revezavam nas conquistas do campeonato amador municipal. Cada final era um jogo inesquecível, um prélio cheio de lances heróicos.
As torcidas se inflamavam e algumas vezes até chegaram às vias de fato, ocasião em que as partidas só terminavam na delegacia.
Tudo seguiu nessa mesma toada até que, no ano de 1942, um lamentável incidente marcou a história do clássico. Incidente talvez seja pouco. Na verdade foi uma bomba: a jovem e bela Helena Maria, esposa do presidente do Esparta, deixou José Menelau e foi viver com João Páris, presidente do Tróia.
Os espartanos ficaram possessos e juraram vingança.
Naquele ano, é claro, a final do campeonato mais uma vez seria entre as duas equipes. Para piorar as coisas, a liga amadora estabeleceu um novo critério para decidir o campeão: não haveria prorrogação nem disputa de pênaltis. Dessa vez, só seria declarado vencedor o time que derrotasse o adversário nos 90 minutos. Se a partida terminasse empatada, seria marcado novo jogo.
Isso gerou um fato que até hoje é contado com espanto pelos memorialistas da região: Tróia e Esparta jogavam, jogavam e jogavam, mas nunca conseguiam ir além do empate. Seguiram-se (acreditem!) dez jogos sem que nenhum dos dois conseguisse a vitória. O 0 a 0 persistia no placar.
Os espartanos tinham um time melhor. O volante Diomedes, o capitão Agamenon, os irmãos Ájax (o grande e o pequeno) e o artilheiro Heitor formavam uma verdadeira seleção. Mas mesmo assim não conseguiam passar pela muralha defensiva do Tróia. Principalmente por causa do goleiro Aquiles, um verdadeiro semideus sob as traves (apesar do estranho costume de cobrar tiros de meta com o calcanhar).
Já havia um clima de desânimo no banco espartano quando Ulisses, o técnico do time, teve uma idéia: ele foi à rádio da cidade e deu uma entrevista declarando que um de seus melhores jogadores, o zagueiro Cavalo, havia confessado ser um torcedor do Tróia.
- Não quero mais saber dele!, esbravejou Ulisses. Se quiser, pode até jogar para os troianos, pois vou derrotá-los do mesmo jeito!
Animada, a diretoria do Tróia contratou Cavalo e sua torcida se encheu de esperanças para a próxima partida. A única voz destoante foi a do técnico troiano Laocoonte: "Esse Cavalo não está me cheirando bem..."
E Laocoonte tinha razão. Cavalo estava a serviço do time espartano. Tanto que a vitória troiana veio aos 45min do segundo tempo, quando ele deu um bico contra a própria meta e marcou um gol contra.
Até hoje esse fato é contado pelas ruas de Antiguidade e não há uma só criança, por menor que seja, que não conheça a incrível história do Cavalo de Tróia.

Macbobs S.T.
E para que não me chamem de anti-americano, a equipe que hoje destaco da insigne e pícara Enciclopédia dos Times Imaginários é o Macbobs Soccer Team, de Springfield. Seu uniforme é composto de camisas amarelo-mostarda e calções vermelho-catchup. Seu símbolo é um gigantesco hambúrguer e seu mascote é um avestruz, aquele animal que engole qualquer coisa. O Macbobs é patrocinado por uma grande cadeia de fast food. Por conta disso os jogadores têm que comer hambúrgueres e beber milk shakes em todas as refeições, inclusive no intervalo das partidas. Os atletas estão um tanto obesos e o time ocupa a última colocação na Liga do Pacífico.

Contagem regressiva
Oito...

E-mail torero@uol.com.br

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