São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2011

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Relação é conflituosa desde 2005

Atual disputa se dá por diferença na interpretação de um contrato

DO COLUNISTA DA FOLHA
DE SÃO PAULO


A disputa na Justiça brasileira é o ato mais recente de uma relação de quase nove anos marcada por altos e baixos, acusações e ameaças.
O primeiro desentendimento entre Nike e Robinho ocorreu em 2005, logo após a transferência do jogador do Santos para o Real Madrid.
A empresa quis ampliar o contrato com o atacante até 1º de dezembro de 2010.
"A remuneração-base e as demais condições financeiras [...] serão as mesmas do quarto ano de nosso contrato", diz correspondência enviada pela empresa ao atleta 2 de setembro de 2005.
Robinho respondeu: "A imposição unilateral por parte da Nike da duração do contrato e das condições econômicas durante o mesmo não podem ser aceitas".
Ali, então, surgiram as primeiras divergências sobre as traduções do documento.
A versão em inglês permitia à Nike renovar o vínculo; o texto em português só previa renovação em caso de acordo entre as partes.
A empresa reclamou da atitude do jogador.
"Nessa altura [2005], o agente de Robinho tentou aliciar outras partes a fazerem propostas de patrocínio, e Robinho não compareceu numa importante e ampla sessão fotográfica, causando grandes danos à Nike."
Um acordo evitou que o caso fosse parar na Justiça. Em 24 de maio de 2006, um aditamento ao contrato foi assinado, com duração até 1º dezembro de 2010.
Robinho, à época no Real Madrid, passou a ganhar mais do que recebia quando defendia o Santos. E a Nike entendeu ter recebido, em troca, o direito de prorrogar automaticamente o vínculo com o atleta até 2014.

DIVERGÊNCIA
O problema está na cláusula 8(a) do aditamento.
Desta vez, não há divergências na tradução, mas na interpretação do texto.
Robinho argumenta que a renovação só pode ocorrer se ele estiver em um dos times de "categoria A". O Milan, atual clube do atacante, não faz parte desse grupo.
Segundo o contrato, integram a "categoria A" Manchester United, Arsenal, Real Madrid, Barcelona, Bayern de Munique e Juventus.
A fabricante de material esportivo diz que a renovação é automática e que a única condicional no texto se refere à remuneração do atleta.
Em setembro de 2010, um novo tiroteio começou.
A Nike avisou que prorrogaria o contrato até 2014. Um mês depois, Robinho respondeu que a empresa não tinha direito a essa renovação.
Na tréplica, o aviso: "O contrato é válido, e a Nike não hesitará em executá-lo".
Em dezembro, Robinho usou chuteiras de outras marcas, pintadas de preto. Em janeiro, a disputa foi para a Justiça da Holanda. Agora, chegou ao Brasil. (JK E MF)


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