São Paulo, Terça-feira, 16 de Março de 1999
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AUTOMOBILISMO
Brasileiro segue tendência lançada por Villeneuve e usa computador para conhecer pistas da categoria
Zonta aprende F-1 com videogame

FÁBIO SEIXAS
da Reportagem Local

Estreante mais promissor da temporada de F-1, o brasileiro Ricardo Zonta, 22, vem recorrendo às simulações de corridas em um jogo de computador para conhecer as pistas em que nunca correu.
Desde 97, o piloto da BAR (British American Racing) jogava o "World Circuit Racing - Grand Prix 2" para se divertir. Nos últimos meses, porém, o hobbie passou a tomar ares de obrigação.
Em outubro do ano passado, Zonta foi confirmado como integrante da nova equipe inglesa e, desde então, encara o computador como ferramenta de trabalho.
"Chegando à F-1, eu precisava ter um conhecimento de cada pista. Por mais discrepante que seja da realidade, pelo menos o joguinho mostra para que lado são as curvas", afirmou Zonta.
O primeiro piloto a assumir publicamente que usava um jogo de computador para conhecer as pistas da F-1 foi o canadense Jacques Villeneuve, na temporada de 96.
Naquele ano, creditou ao "Grand Prix", primeira versão do simulador, a pole position conquistada na difícil pista de Spa, na Bélgica.
Hoje, Villeneuve é companheiro de Zonta na BAR. "Mas nunca chegamos a conversar sobre isso", disse o brasileiro, por telefone, de Silverstone, na Inglaterra, onde iniciou ontem uma bateria de testes.
Fabricado pela empresa norte-americana Microprose, especializada em simuladores, o jogo é licenciado pela FIA (entidade máxima do automobilismo).
No Brasil, foi lançado no final de 96 e esteve por quase dois anos na lista dos dez mais vendidos pela distribuidora Brasoft.

Melbourne
Zonta diz que, no mês passado, se concentrou em aprender o traçado de Melbourne. O GP da Austrália, no dia 7, foi sua prova de estréia na categoria.
"Ali, houve um problema. No joguinho, a primeira curva do circuito era para a esquerda. Mas, na verdade, ela é para a direita."
O brasileiro também afirmou que usa o computador para ter um pouco mais de contato com os ajustes do carro. O simulador permite que o jogador-piloto altere posições de aerofólios, ajustes de molas e suspensões.
Além do computador, Zonta também vem se dedicando a assistir a vídeos de corridas do ano passado para conhecer as pistas.
Dos 16 circuitos que integram o calendário, Zonta só correu em sete. Nunca disputou provas em pistas como Mônaco e Hungaroring.
"Como o jogo simula o campeonato de 96 (quando a BAR, sua equipe, ainda era um projeto), eu acabo sempre escolhendo um carro da McLaren", disse Zonta.

Contraste
O advento dos jogos que simulam GPs de F-1 alteraram a rotina dos pilotos estreantes na categoria. Até o início da década, era comum os pilotos estreantes na F-1 chegarem às pistas três dias antes do início dos treinos livres.
Alugavam um carro na cidade e passeavam pelos circuitos, tentando decorar o traçado, seus pontos de frenagem e os trechos onde era possível acelerar ao máximo.
Também conversavam com pilotos da "casa". Emerson Fittipaldi era o guia para pilotos que nunca haviam corrido em Interlagos. O escocês Jackie Stewart dava as dicas sobre as pistas inglesas de Brands Hatch e Silverstone.
A F-1 ficou mais profissional, fria e impessoal. Hoje, é impossível imaginar um novato pedido conselhos a Michael Schumacher sobre a pista de Nurburgring.
"O computador não é a salvação, mas ajuda um pouco quem está começando", resume o brasileiro.


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