|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AUTOMOBILISMO
Brasileiro segue tendência lançada por Villeneuve e usa computador para conhecer pistas da categoria
Zonta aprende F-1 com videogame
FÁBIO SEIXAS
da Reportagem Local
Estreante mais promissor da
temporada de F-1, o brasileiro Ricardo Zonta, 22, vem recorrendo
às simulações de corridas em um
jogo de computador para conhecer as pistas em que nunca correu.
Desde 97, o piloto da BAR (British American Racing) jogava o
"World Circuit Racing - Grand
Prix 2" para se divertir. Nos últimos meses, porém, o hobbie passou a tomar ares de obrigação.
Em outubro do ano passado,
Zonta foi confirmado como integrante da nova equipe inglesa e,
desde então, encara o computador
como ferramenta de trabalho.
"Chegando à F-1, eu precisava ter
um conhecimento de cada pista.
Por mais discrepante que seja da
realidade, pelo menos o joguinho
mostra para que lado são as curvas", afirmou Zonta.
O primeiro piloto a assumir publicamente que usava um jogo de
computador para conhecer as pistas da F-1 foi o canadense Jacques
Villeneuve, na temporada de 96.
Naquele ano, creditou ao "Grand
Prix", primeira versão do simulador, a pole position conquistada
na difícil pista de Spa, na Bélgica.
Hoje, Villeneuve é companheiro
de Zonta na BAR. "Mas nunca chegamos a conversar sobre isso", disse o brasileiro, por telefone, de Silverstone, na Inglaterra, onde iniciou ontem uma bateria de testes.
Fabricado pela empresa norte-americana Microprose, especializada em simuladores, o jogo é licenciado pela FIA (entidade máxima do automobilismo).
No Brasil, foi lançado no final de
96 e esteve por quase dois anos na
lista dos dez mais vendidos pela
distribuidora Brasoft.
Melbourne
Zonta diz que, no mês passado,
se concentrou em aprender o traçado de Melbourne. O GP da Austrália, no dia 7, foi sua prova de estréia na categoria.
"Ali, houve um problema. No joguinho, a primeira curva do circuito era para a esquerda. Mas, na verdade, ela é para a direita."
O brasileiro também afirmou
que usa o computador para ter um
pouco mais de contato com os
ajustes do carro. O simulador permite que o jogador-piloto altere
posições de aerofólios, ajustes de
molas e suspensões.
Além do computador, Zonta
também vem se dedicando a assistir a vídeos de corridas do ano passado para conhecer as pistas.
Dos 16 circuitos que integram o
calendário, Zonta só correu em sete. Nunca disputou provas em pistas como Mônaco e Hungaroring.
"Como o jogo simula o campeonato de 96 (quando a BAR, sua
equipe, ainda era um projeto), eu
acabo sempre escolhendo um carro da McLaren", disse Zonta.
Contraste
O advento dos jogos que simulam GPs de F-1 alteraram a rotina
dos pilotos estreantes na categoria.
Até o início da década, era comum
os pilotos estreantes na F-1 chegarem às pistas três dias antes do início dos treinos livres.
Alugavam um carro na cidade e
passeavam pelos circuitos, tentando decorar o traçado, seus pontos
de frenagem e os trechos onde era
possível acelerar ao máximo.
Também conversavam com pilotos da "casa". Emerson Fittipaldi
era o guia para pilotos que nunca
haviam corrido em Interlagos. O
escocês Jackie Stewart dava as dicas sobre as pistas inglesas de
Brands Hatch e Silverstone.
A F-1 ficou mais profissional, fria
e impessoal. Hoje, é impossível
imaginar um novato pedido conselhos a Michael Schumacher sobre a pista de Nurburgring.
"O computador não é a salvação,
mas ajuda um pouco quem está começando", resume o brasileiro.
Texto Anterior: Time tem declínio contra rivais Próximo Texto: Equipe muda seu projeto Índice
|