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São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2003

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Torneio vê um crescimento de quase 50% na participação dos gols marcados em jogadas aéreas

Cabeça vira moda no Brasileiro

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O jogo aéreo está em alta no país que ficou famoso por tabelas, dribles e chutes cheios de efeito.
Depois de três rodadas, o Brasileiro-2003 já contabiliza 32 gols de cabeça, o que significa 27,2% de toda a artilharia do torneio.
A partir do momento em que o Datafolha começou a detalhar todos os gols do Nacional, em 1996, nunca uma edição foi tão aérea como a disputada atualmente.
No ano passado, por exemplo, as finalizações com a cabeça foram responsáveis por 18,4% das vezes em que a rede balançou.
Nada menos do que cinco equipes marcaram pelo menos metade de seus gols com esta parte do corpo. O Corinthians, campeão paulista no mês passado priorizando o jogo aéreo, marcou agora, no Nacional, seis de seus nove gols com a cabeça. O Flamengo, um dos destaques depois de anos de ostracismo no Brasileiro, também aposta no estilo -já marcou quatro vezes assim.
Com a enxurrada de gols de cabeça, zagueiros passam a ganhar destaque na tabela de goleadores.
Fabão, do Goiás, contabiliza dois. O corintiano Fábio Luciano já marcou três vezes. Dessa forma, celebra os cruzamentos e os lances de bola parada.
"Pela qualidade dos cobradores de faltas que nós temos, fica mais fácil para os atacantes e os zagueiros fazerem gols", diz o atleta, respaldado por seu treinador.
"No Corinthians, treinamos quase todos os dias cruzamentos e cobranças de escanteio. Falam que no Brasil treinamos pouco os fundamentos como esses, mas trabalhamos isso muito mais que os europeus", diz o comandante corintiano Geninho, justificando o alto número de gols de cabeça da sua equipe na temporada.
Realmente, enquanto no Brasil a bola aérea ganha espaço, no futebol europeu ocorre o contrário.
O caso mais notório acontece na Inglaterra, que aos poucos deixa de ser a pátria dos cruzamentos e dos lances de cabeça. Na temporada 1995/1996, 23% dos gols do Nacional inglês foram anotados com a cabeça. Na atual edição, esse índice despencou para 16%.
Em alguns casos, clubes brasileiros fazem dos cruzamentos sua arma principal. O Internacional, um dos melhores do Brasileiro-2003, faz em média, segundo o Datafolha, 29 cruzamentos por partida, ou 60% a mais do que a média geral do certame.
Na Europa, um time com destaque nos cruzamentos raramente tem média superior a 20 tentativas por partida realizada.
Priorizando a jogada aérea e com muitos gols de bola parada, o Brasileiro vê a individualidade perder importância.
Nas três rodadas iniciais, as jogadas individuais responderam por 18% da artilharia do campeonato. Isso significa uma grande queda em relação ao que acontecia na década passada. Em 1997, por exemplo, os "lances de fantasia" resultaram em 26% de todos os gols do torneio.
A situação pode melhorar quando jogadores famosos pelos dribles, como Edmundo e Kaká, se recuperarem de contusões.


Colaborou Ricardo Perrone, da Reportagem Local


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