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Torneio vê um crescimento de quase 50% na participação dos gols marcados em jogadas aéreas
Cabeça vira moda no Brasileiro
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O jogo aéreo está em alta no país
que ficou famoso por tabelas, dribles e chutes cheios de efeito.
Depois de três rodadas, o Brasileiro-2003 já contabiliza 32 gols de
cabeça, o que significa 27,2% de
toda a artilharia do torneio.
A partir do momento em que o
Datafolha começou a detalhar todos os gols do Nacional, em 1996,
nunca uma edição foi tão aérea
como a disputada atualmente.
No ano passado, por exemplo,
as finalizações com a cabeça foram responsáveis por 18,4% das
vezes em que a rede balançou.
Nada menos do que cinco equipes marcaram pelo menos metade de seus gols com esta parte do
corpo. O Corinthians, campeão
paulista no mês passado priorizando o jogo aéreo, marcou agora, no Nacional, seis de seus nove
gols com a cabeça. O Flamengo,
um dos destaques depois de anos
de ostracismo no Brasileiro, também aposta no estilo -já marcou
quatro vezes assim.
Com a enxurrada de gols de cabeça, zagueiros passam a ganhar
destaque na tabela de goleadores.
Fabão, do Goiás, contabiliza
dois. O corintiano Fábio Luciano
já marcou três vezes. Dessa forma,
celebra os cruzamentos e os lances de bola parada.
"Pela qualidade dos cobradores
de faltas que nós temos, fica mais
fácil para os atacantes e os zagueiros fazerem gols", diz o atleta, respaldado por seu treinador.
"No Corinthians, treinamos
quase todos os dias cruzamentos
e cobranças de escanteio. Falam
que no Brasil treinamos pouco os
fundamentos como esses, mas
trabalhamos isso muito mais que
os europeus", diz o comandante
corintiano Geninho, justificando
o alto número de gols de cabeça
da sua equipe na temporada.
Realmente, enquanto no Brasil
a bola aérea ganha espaço, no futebol europeu ocorre o contrário.
O caso mais notório acontece na
Inglaterra, que aos poucos deixa
de ser a pátria dos cruzamentos e
dos lances de cabeça. Na temporada 1995/1996, 23% dos gols do
Nacional inglês foram anotados
com a cabeça. Na atual edição, esse índice despencou para 16%.
Em alguns casos, clubes brasileiros fazem dos cruzamentos sua
arma principal. O Internacional,
um dos melhores do Brasileiro-2003, faz em média, segundo o
Datafolha, 29 cruzamentos por
partida, ou 60% a mais do que a
média geral do certame.
Na Europa, um time com destaque nos cruzamentos raramente
tem média superior a 20 tentativas por partida realizada.
Priorizando a jogada aérea e
com muitos gols de bola parada, o
Brasileiro vê a individualidade
perder importância.
Nas três rodadas iniciais, as jogadas individuais responderam
por 18% da artilharia do campeonato. Isso significa uma grande
queda em relação ao que acontecia na década passada. Em 1997,
por exemplo, os "lances de fantasia" resultaram em 26% de todos
os gols do torneio.
A situação pode melhorar
quando jogadores famosos pelos
dribles, como Edmundo e Kaká,
se recuperarem de contusões.
Colaborou Ricardo Perrone, da Reportagem Local
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