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São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2003

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TÊNIS

Acontece...

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Serena Williams foi, então, para o seu segundo serviço. E isso é raro: geralmente, ela coloca a bola onde quer já no primeiro saque. A norte-americana precisava ganhar aquele ponto, sob pena de ter o serviço quebrado e o set perdido. Eis outra situação rara: geralmente é ela, Serena, quem força a quebra do saque da adversária para fechar o set.
O saque saiu relativamente fraco, algo incomum. Na troca de bola, debaixo de forte sol, a número um do mundo, surpreendentemente, soltou um backhand lento, murcho, baixo. A bola morreu na rede, e Serena Williams, acredite, perdeu o ponto, o game, o set, o jogo, o campeonato.
Habituada a fechar pontos, games, sets, jogos, campeonatos e erguer os braços, uma mera formalidade para agradecer os insistentes aplausos, Serena deixou evidente, na quadra principal do Family Circle Tennis Center, em Charleston, Carolina do Sul, nos EUA, que estava incomodada com aquela inusitada situação. Olhou ostensivamente, quase com raiva, para Justine Henin, a belga que a venceu em dois sets na decisão e ficou com o troféu.
Em vez de baixar a cabeça, como fazem geralmente os derrotados após a final, continuou a encarar Henin enquanto esta desfilava pela quadra, ovacionada. Encarou também o público, como se estranhasse as palmas irem para outra tenista que não ela.
Em vez de afundar a cabeça na toalha, como também fazem os perdedores, Serena a balançava de um lado para outro, contrariada com alguma coisa: a bola, a raquete, o vento, a adversária, o jogo, o juiz, o público, vai saber.
O que se sabe, e não é novidade, é que é cada vez mais difícil ver Serena Williams sair de uma quadra derrotada. Ela própria se acostumou de tal modo a isso que, hoje, uma derrota é capaz de deixá-la mais irritada do que qualquer outra coisa.
Recentemente, apresentaram à número um do mundo o desempenho de Martina Navratilova em 1983: 86 vitórias e 1 derrota. Primeiro, relatam, Serena não acreditou. Depois, passou a considerar, quase como um sonho. Por fim, confidenciam pessoas próximas a ela, Serena já se imaginava rasgando o ano sem perder.
A queda diante de Henin no domingo, a primeira neste ano e desde o longínquo mês de novembro do ano passado, põe fim a esse sonho (plano?) de Serena.
A ela, diria: "Tudo bem perder, Serena. Às vezes acontece".
 
Por aqui, Maria Fernanda Alves, Bruna Colósio, Joana Cortez e Carla Tiene, as quatro melhores tenistas do país, se reúnem hoje em Campinas. Capitaneadas por Andréa Vieira, treinam para o Grupo Americano da Fed Cup, versão feminina da Davis, que começa daqui a uma semana, na Sociedade Hípica de Campinas.
Esforçam-se para avançar, mas não é fácil, pelo menos para elas. Nanda Alves está em sua melhor fase, mas é apenas a 254ª do ranking. Colósio é a 379ª, Cortez está em 389º lugar, e Tiene, em 440º.
Realidade bem distante daquela com Serena Williams, Justine Henin...

Garotos em evolução
Na primeira etapa do Grand Slam juvenil, os campeões foram Nicole Herzog e João Vitor Fernanda (categoria 12 anos), Rafael Garcia e Gabriela Vieira (14), Lucas Jovita e Isabela Kulaif (16) e Ricardo Hocevar e Liége Vieira (18). Nesta semana, 400 tenistas jogam a segunda etapa do Circuito Credicard MasterCard Juniors Cup, em Ribeirão Preto.

Garotas em euforia
Sorte é pouco. Ter o Canadá como rival na repescagem da Davis, em setembro, era tudo o que Ricardo Acioly, Guga & Cia. queriam.

Garotos e garotas sobre rodas
Foi um sucesso (com triunfo francês) o Brasil Open de cadeira de rodas, em Brasília (cidade cotada para receber o Mundial-2005).

E-mail reandaku@uol.com.br


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