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FUTEBOL
Mau marqueteiro
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Após três rodadas do Brasileiro, é muito cedo para analisar as equipes, as estatísticas e tirar conclusões. Ainda faltam 43
rodadas. Muitas das "verdades"
de hoje serão desmentidas amanhã. O campeonato deverá ser
um sobe-e-desce. Mas isso também pode se tornar furado e várias equipes dispararem.
Cruzeiro, Atlético-MG, Flamengo, Inter e Vitória estão na frente.
Conseguiram sete pontos em nove
disputados. Deve ser mais ou menos a média para quem quiser ganhar o título.
Antes do início do torneio, o
Flamengo não tinha um timinho,
nem tem agora um timaço. Não
sei se vai continuar bem. Vejo algumas mudanças importantes.
Athirson está avançando mais
pela ponta do que pelo meio,
quando se confundia com Felipe.
Há agora um jogador definido,
Fabinho, para fazer a cobertura
do lateral. Quando não está no
ataque, Athirson está se posicionando como lateral, e não pela
meia esquerda, como antes.
Se o Flamengo mantiver a determinação e a seriedade nos treinos e nas partidas, poderá fazer
boa campanha. O problema é que
a lua-de-mel com um novo técnico costuma ser curta. Logo, alguns atletas, não só os do Flamengo, relaxam. Não podem também
receber elogios que passam a correr menos e a enfeitar mais.
Não entendi a contratação do
Paulo Miranda. Em vez de chegar
para somar, como falam os técnicos, o volante foi para diminuir. A
esperança do Mengo é que costumam dar certo as contratações de
armadores liberados pelo Luxemburgo, como ocorreu com Magrão, Claudecir e Jorge Wagner.
Vitória e Inter possuem jovens e
promissores times. Essa é uma
tradição do Vitória. O Inter, após
anos de péssimas campanhas no
Brasileiro, quando contratava
atletas medianos e veteranos, sonha com uma grande equipe formada em casa. Esse é o caminho.
Atlético e Cruzeiro contrataram
bons jogadores e tiveram tempo
para se preparar para o torneio.
No domingo, o jovem goleiro Gomes fez novamente ótima partida
e foi muito elogiado pelo Parreira.
Gomes poderá ser o goleiro da seleção pré-olímpica, já que o titular Rubinho nunca joga no Corinthians. É o goleiro fantasma. Ninguém sabe se ele é ótimo, bom ou
fraco. Não dá para avaliar um jogador somente pelos treinos.
Celso Roth faz ótimo trabalho
no Atlético. Neste ano, o time só
perdeu um jogo, para o Cruzeiro,
quando a equipe estava em formação. Apesar disso, poucos elogiam o seu trabalho. O mesmo
ocorria no Palmeiras. O time ganhava, e grande parte da torcida
vaiava o técnico. Celso não é simpático aos torcedores e à mídia.
Seria por causa do seu sorriso
contido? Por que ele tem um discurso tradicional? Possui fama de
retranqueiro? Não faz pose de inteligente e de profissional sério? É
um mau marqueteiro? Ou seria
por causa do seu bigode?
No caminho certo
A afirmação de que um time está mal no Brasileiro porque prioriza a Libertadores é uma boa
desculpa. Equipe grande tenta
sempre ganhar os dois títulos. A
prioridade só acontecerá quando
um time tiver raras chances de
conquistar uma das competições.
Corinthians, Grêmio, Santos e
Paysandu estão melhores na Libertadores porque os adversários
que já enfrentaram são muito
ruins. Se disputarem a Série B do
Brasileiro, ficarão nos últimos lugares. Os times bolivianos são tão
fracos que não ganham mais nem
nas alturas. Não foi surpresa a
classificação do Paysandu no primeiro lugar do seu grupo.
Isso poderá mudar na próxima
fase, mas nem tanto. Os times
brasileiros são os grandes favoritos. Cada ano que passa, pioram
os rivais sul-americanos, inclusive os argentinos. É mais fácil para
um time brasileiro ganhar na Libertadores do que a seleção do
Brasil vencer nas eliminatórias.
Os clubes brasileiros são muito
superiores porque revelam mais
bons jogadores e gastam mais do
que podem. Muitos não pagam.
Se for aprovado e funcionar a nova lei de responsabilidade fiscal
para os clubes e dirigentes, no início vai piorar a qualidade das
equipes. Depois, os clubes mais
organizados e que se adaptarem
melhor à situação, vão se recuperar e formar equipes mais consistentes e duradouras.
Alguns clubes, que têm modestas equipes, estão na Série B e se
preparam bem para o futuro, como o Botafogo, têm chances de se
tornarem mais fortes do que os
que estão hoje melhores e gastam
mais do arrecadam. O torcedor
do Botafogo não pode desanimar.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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