São Paulo, sábado, 16 de abril de 2011

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Torcida provoca Michael de novo

VÔLEI
Jogador do Vôlei Futuro, que perdeu do Cruzeiro, é hostilizado, mas sem homofobia

Fotos Gustavo Andrade/‘O Tempo’
Michael bloqueia no jogo de ontem contra o Cruzeiro

RAPHAEL VELEDA
DE CONTAGEM

Em um jogo que definiu um dos finalistas da Superliga masculina, a torcida dividiu as atenções com o espetáculo proporcionado dentro da quadra do ginásio do Riacho, em Contagem (MG).
Era o reencontro entre Michael, meio de rede do Vôlei Futuro, e a torcida que o hostilizou com gritos homofóbicos duas semanas atrás.
Na quadra, o Cruzeiro venceu o Vôlei Futuro por 3 sets a 0 (25/22, 25/23 e 25/20) e se classificou para a final, que será disputada contra o Sesi.
O time mineiro foi empurrado por uma torcida vibrante, que o apoiou e voltou a insultar Michael para desestabilizar o time visitante.
A organização da partida pediu ao público, com cartazes e pelo sistema de som, que não prejudicasse seu time. Os torcedores evitaram o uso de insultos homofóbicos, mas provocaram o jogador de maneira indireta.
Michael era ostensivamente vaiado ao se preparar para o saque. A cada erro dele, a torcida local vibrava.
Quando o atleta saía de quadra, o coro de "vacilão" tomava conta do ginásio. O público chegou a gritar o nome de "Richarlyson", jogador de futebol do Atlético-MG que é alvo de preconceito de torcidas rivais, que insinuam que ele é homossexual.
Para a bancária Amélia Soares, 29, torcedora do Cruzeiro, a torcida não foi desrespeitosa. "É a pressão normal de um esporte. O torcedor provoca o adversário para desestabilizar. Quem vai a jogo de futebol sabe disso."
Houve quem discordasse. "Todo cruzeirense de verdade deveria se envergonhar desse comportamento", disse o professor Olavo Abrantes, 39. "Essas pessoas não entendem os valores do esporte, só espalham o ódio."
Houve manifestações de apoio a Michael. Um cartaz pedia "desculpa pelos atos de alguns ignorantes". Também havia uma faixa com o nome da cantora americana Lady Gaga e da música "Born This Way", que fala a respeito de homossexualidade.
A Prefeitura de Contagem, que administra o ginásio, também espalhou faixas contra o preconceito.
No fim, Michael, homossexual assumido, elogiou os torcedores. "Estão de parabéns. Isso foi pressão, foi torcer, diferentemente do que ocorreu no jogo passado."


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