São Paulo, domingo, 16 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Traumatizados, atletas e técnico dizem temer "loteria"

Disputa de pênaltis atormenta brasileiros

DOS ENVIADOS A KOBE

A possibilidade de decidir sua sobrevivência na Copa começa a afligir a seleção brasileira.
Até o goleiro Marcos, considerado um dos melhores pegadores de pênalti do país, disse abrir mão da chance de virar herói para ver o Brasil classificado sem sofrimento diante dos belgas.
"Temos que matar o jogo ainda no tempo normal. Ir para os pênaltis, depois de uma prorrogação, é muito sofrimento para nós e para o povo brasileiro. Não queremos passar por isso, não pensamos nessa possibilidade. Abro mão [da possibilidade de virar herói" para não sofrer tanto", declarou o goleiro palmeirense, que conquistou o maior título de sua carreira, a Taça Libertadores-99, pegando pênaltis contra o Cruzeiro, nas oitavas, o Corinthians, nas quartas, e o Deportivo Cali (Colômbia), na decisão.
Para Marcos, o Brasil não levaria vantagem em uma possível decisão por penalidades pelo fato de tê-lo no gol. "Vai que eu não estou em um bom dia. Pênalti é sempre 50% a 50%", completou.
A desconfiança do goleiro tem razão de ser. Na última vez em que ele estava no gol de seu clube em uma decisão importante, o Palmeiras saiu derrotado, diante do Boca Juniors e de quase cem mil palmeirenses, no Morumbi.
E foi justamente nessa partida, a final da Libertadores-2000, que o zagueiro Roque Júnior viveu seu maior trauma. Como Asprilla, perdeu um pênalti e a chance do inédito bi para o Palmeiras.
"Pênalti é loteria. Queremos vencer no tempo normal, no máximo na prorrogação", disse ele, que estava naquela decisão sob o comando de Luiz Felipe Scolari e tinha Júnior como companheiro.
Ao mesmo tempo em que parece tentar fugir dos pênaltis, o técnico tem intensificado o treinamento desse tipo de situação.
No coletivo de ontem, o único em Kobe, Scolari parou o treino três vezes para uma sequência de pênaltis. Todos os jogadores, inclusive os reservas, bateram. Marcos teve excelente aproveitamento -em uma das oportunidades, pegou três de cinco cobranças.
A vaga nas quartas-de-final será decidida nos pênaltis se o jogo terminar empatado no tempo normal e se não houver gol nos 30 minutos de prorrogação.
Scolari condena a adoção da "morte súbita" na prorrogação, critério usado pela primeira vez em Copas pela Fifa em 1998.
"Não gosto, porque pode ser injusto. Um time pode estar pressionando e, se toma um gol no contra-ataque, não há como recuperar", afirmou Scolari.
Na morte súbita, o Brasil já foi eliminado pela Nigéria, na Olimpíada de Atlanta-96, e por Camarões, em Sydney-2000. (FÁBIO VICTOR, FERNANDO MELLO, JOSÉ ALBERTO BOMBIG E SÉRGIO RANGEL)


Texto Anterior: Rivaldo desacata ordem de priorizar ataque
Próximo Texto: Critério beneficiou a seleção nos dois últimos Mundiais
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.