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"Me abafaram,
eu apaguei",
recorda Friaça
DA REPORTAGEM LOCAL
Autor do único gol brasileiro na
final da Copa de 50, Friaça destoa
hoje dos seus colegas de equipe
pela alegria que mantém mesmo
ao ser abordado sobre a derrota.
Diz-se muito feliz e em paz.
Chama ainda a atenção o modo
com que constrói os seus pensamentos, juntando frases às vezes
desconexas, numa aparente perda da lucidez.
Outra característica o distingue
entre os 11 daquele 16 de julho,
que envelheceram pobres: em
Porciúncula, interior fluminense,
onde vive, Friaça, 75, é dono de
uma loja de material de construção e de uma fazenda.
(FV)
Folha - Tanto tempo depois, o
que restou daquele jogo na sua
memória?
Friaça - Driblei para a direita, para a esquerda, o Máspoli deixou o
canto direito aberto. Quando vi
que tinha feito o gol, uma pessoa
veio me abraçar. Era o "speaker"
da Rádio Nacional (César de
Alencar). Dentro de cinco minutos eu já não via nada. Me abafaram, eu apaguei. Quando acordei,
estava tudo escuro. Dei um "leonor" na bola, um tapa, porque
nunca chamei a bola de você, só
de excelência, ela tinha de me respeitar um bocadinho (risos).
Folha - Este episódio nunca vai
morrer?
Friaça - Chamo o futebol de um
perfume: hoje você tem no corpo
e amanhã não tem mais. Caso do
nosso espetacular Barbosa. Tomou um gol e foi crucificado. Foi
um dos melhores goleiros que já
vi jogar no mundo. Não foi culpado, não. Não podemos fazer isso,
não. Deus que me livre e guarde.
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