|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
HIPISMO
Estreantes levam vaga olímpica e bronze
Time do adestramento quebra jejum de 24 anos sem medalha na categoria
Rogério Clementino, 25, e Luiza Almeida, 15, entram na última hora e se tornam decisivos para obter o feito e a passagem para Pequim
FABIO GRIJÓ
DA SUCURSAL DO RIO
Eles nem eram para estar na
equipe brasileira. Rogério Clementino, 25, e Luiza Almeida,
15, até duas semanas atrás, integravam a lista de reservas do
time de adestramento do Pan.
Problemas de dois titulares
-Pia Aragão (lesão na pata do
cavalo) e Jorge Rocha (intoxicação alimentar) -colocaram
os novatos nos Jogos do Rio.
E, ontem, a dupla ajudou o
Brasil a quebrar um jejum de
24 anos sem medalhas na modalidade em Pans. A equipe,
ainda formada por Renata Costa, 27, conquistou o bronze e a
vaga olímpica para Pequim-08.
Os três jamais tinham disputado um Pan. "Deus sabe o que
faz. Se nos colocou, não foi por
acaso. Acabamos coroados com
a medalha", disse Clementino,
um ex-tratador de cavalos, filho
de uma doméstica e órfão de
pai desde os dois anos.
"Entrei meio nervosa. Era reserva e, de repente, virei titular,
mas ganhei confiança. Pensei:
no treino, fazia tudo bem, por
que não aqui [na prova]?", afirmou Luiza, com tradição hípica
na família. Ela disputou a seletiva do Pan com a irmã Thaisa,
17. "Meu cavalo teve problema
na pata. Se ela [Luiza] ganhou,
ganhei junto", disse Thaisa.
Luiza chegou ao Rio como reserva. Clementino tinha obtido
o posto de titular na semana
anterior, com a saída de Pia
Aragão. Luiza soube que competiria na sexta à tarde, menos
de um dia antes da estréia.
"Esses empecilhos fizeram
com que a equipe ficasse mais
unida, com mais vontade de
vencer", contou a chefe da
equipe brasileira, Sabine Bilton. "A Luiza soube ter segurança na hora da prova."
A novata foi a última dos 27
participantes a entrar na pista
de Deodoro. Para o Brasil levar
o bronze, ela precisava somar,
pelo menos, 60 pontos. Obteve
64,65, montando Samba.
No sábado, Clementino conseguiu 64,75, montando Nilo
VO. Ontem, Renata Costa foi a
segunda do país a competir,
com Monty. Marcou 65,40.
O Brasil teve média de
64,933, superando o México
(63,533). Em Santo Domingo-03, a equipe brasileira acabou
na sexta colocação.
Os EUA venceram o Pan,
com 68,633. O Canadá ficou
com a prata, com 67,25.
O trio nacional que subiu ao
pódio no Rio tem a média de 22
anos, bem abaixo dos antigos titulares: Pia (48) e Rocha (61).
"Mesmo com pouca experiência, eles deram conta do recado", disse Sabine. "Muitos fatores poderiam ter influído,
mas tudo deu certo".
A disputa individual ocorre
hoje e quarta-feira. Renata foi a
melhor do Brasil no geral, em
oitavo. Clementino aparece em
11º, e Luiza, em 12º.
Depois de 24 anos, o Brasil
voltou ao pódio no adestramento em Pans. A última vez tinha sido nos Jogos de Caracas-83, com dois bronzes: no individual e por equipes.
Com a vaga para Pequim-08,
o Brasil encerra uma ausência
de Jogos Olímpicos desde Munique-72, quando classificou a
equipe completa de adestramento, com três cavaleiros.
Apenas um deles competiu.
A definição da equipe olímpica sairá numa seletiva, ainda
sem critérios estabelecidos. As
provas no exterior devem ter
peso maior na escolha do trio.
Texto Anterior: Medalhistas do Pan ainda não têm presença certa nos Jogos Olímpicos Próximo Texto: Beisebol: Longe das crias, mães alimentam os novatos Índice
|