São Paulo, quarta-feira, 16 de outubro de 2002

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TÊNIS

Pô, de repente é isso aí!

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Desde que Gustavo Kuerten deixou o anonimato, com o título do Aberto da França, em 1997, um séquito de jornalistas segue os passos do tenista mundo afora.
Como pode imaginar o leitor, são repórteres de todos os tipos: os que, conforme manda a cartilha, se mantêm à distância, tratando o tenista de maneira profissional; os que, de rabo preso, bajulam o astro acintosamente; aqueles que, novatos, preocupam-se mais com uma foto ao lado de Guga do que com uma boa reportagem para seus leitores.
E aqueles que, mais experientes, conseguem extrair boas declarações do atleta e fazer boas análises de suas atuações.
Nas várias coberturas do circuito, alguns desses jornalistas se dedicam a uma brincadeira nas horas vagas: imitar Gustavo Kuerten em suas entrevistas oficiais.
"Tô sentindo bem a bolinha na raquete, ganhando ritmo e, pô, de repente, é importante resultados assim para ganhar confiança."
Ou, então: "Pô, sem dúvida nenhuma foi a minha melhor vitória neste ano, realmente não esperava passar por essas primeiras rodadas. Agora estou com a minha cabeça mais confiante e vou seguir em frente, de repente sentir aquele gostinho de jogar uma semi, uma final".
Às vezes: "Perdi o jogo, mas só posso sair daqui contente com a semana excelente que eu tive. Eu me surpreendi com a maneira como joguei aqui, cresci a cada partida, ganhei confiança, fui sentindo o meu corpo melhor a cada jogo e, pô, hoje realmente qualquer um poderia ter ganho".
Apesar de, à maneira dos jogadores de futebol, Gustavo Kuerten repetir à exaustão esses bordões, são justamente eles que podem descrever a sua atual fase, com as excelentes campanhas na série de eventos que disputou nestes últimos meses, no Aberto dos EUA, no Torneio da Costa do Sauípe, na Copa Davis e em Lyon.
Contra Marat Safin em Nova York e em Lyon, contra Guillermo Coria na Bahia, Kuerten obteve vitórias incontestáveis.
Contra Sjeng Schalken nos Estados Unidos e Paul-Henri Mathieu na França, perdeu jogos equilibrados, em que não chegou a ser dominado.
A cada evento, o brasileiro mostra que está voltando à intimidade que tinha com a bola em seus tempos áureos, quando, então melhor do mundo, poucos tinham chance de derrotá-lo.
O saque está voltando a ser forte, preciso; a devolução de saque está começando a entrar de maneira eficiente, dificultando as jogadas dos adversários; o jogo de pernas começa a ganhar consistência, e a ousadia, com aquelas deixadinhas em plena quadra de carpete, é a suprema mostra de uma confiança em ascensão.
Com esta temporada já quase terminando (ao menos para o brasileiro, que, eliminado ontem em Madri joga agora somente em Paris, daqui a dez dias), nem tudo foi perdido.
Vale a pena esperar pelo próximo ano, quando, pelo visto, Gustavo Kuerten estará brigando pelas primeiras posições, de igual para igual com Lleyton Hewitt, Marat Safin, Tommy Haas, Andre Agassi...
Como sempre diz o tenista (e repetem seus imitadores): "Estamos treinando forte, bem concentrados mesmo, a cada dia sinto melhor a bola na raquete, e esse é o caminho".
Falou tudo!

Entre os garotos
A quarta etapa, na Associação Leopoldina Juvenil, em Porto Alegre, fechou no fim de semana o Circuito Juvenil Banco do Brasil. Na categoria 12 anos, os títulos ficaram com Rafael Camilo e Rebeca Neves. Entre os de 14 anos, Daniel Silva e Fernanda Hermenegildo. Na 16 anos, venceram Hugo Simões e Florentina Hanisch. Agora, só resta o Masters, em São Paulo, no fim de novembro.

Não tão garoto nem tão velho
Enquanto você lê esta coluna, Pete Sampras consulta seus irmãos, seus pais, a mulher e alguns amigos próximos para ajudar a decidir se continua jogando no ano que vem ou encerra de vez a carreira.

Entre os mais velhos
Está rolando nesta semana mais uma edição do Campeonato Brasileiro de veteranos. São mais de 300 atletas de 15 Estados, nas quadras de saibro do Hotel do Frade e Golf Resort, em Angra dos Reis.

E-mail reandaku@uol.com.br



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