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TÊNIS
Pô, de repente é isso aí!
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Desde que Gustavo Kuerten
deixou o anonimato, com o
título do Aberto da França, em
1997, um séquito de jornalistas segue os passos do tenista mundo
afora.
Como pode imaginar o leitor,
são repórteres de todos os tipos: os
que, conforme manda a cartilha,
se mantêm à distância, tratando
o tenista de maneira profissional;
os que, de rabo preso, bajulam o
astro acintosamente; aqueles que,
novatos, preocupam-se mais com
uma foto ao lado de Guga do que
com uma boa reportagem para
seus leitores.
E aqueles que, mais experientes,
conseguem extrair boas declarações do atleta e fazer boas análises de suas atuações.
Nas várias coberturas do circuito, alguns desses jornalistas se dedicam a uma brincadeira nas horas vagas: imitar Gustavo Kuerten em suas entrevistas oficiais.
"Tô sentindo bem a bolinha na
raquete, ganhando ritmo e, pô, de
repente, é importante resultados
assim para ganhar confiança."
Ou, então: "Pô, sem dúvida nenhuma foi a minha melhor vitória neste ano, realmente não esperava passar por essas primeiras
rodadas. Agora estou com a minha cabeça mais confiante e vou
seguir em frente, de repente sentir
aquele gostinho de jogar uma semi, uma final".
Às vezes: "Perdi o jogo, mas só
posso sair daqui contente com a
semana excelente que eu tive. Eu
me surpreendi com a maneira como joguei aqui, cresci a cada partida, ganhei confiança, fui sentindo o meu corpo melhor a cada jogo e, pô, hoje realmente qualquer
um poderia ter ganho".
Apesar de, à maneira dos jogadores de futebol, Gustavo Kuerten
repetir à exaustão esses bordões,
são justamente eles que podem
descrever a sua atual fase, com as
excelentes campanhas na série de
eventos que disputou nestes últimos meses, no Aberto dos EUA,
no Torneio da Costa do Sauípe,
na Copa Davis e em Lyon.
Contra Marat Safin em Nova
York e em Lyon, contra Guillermo
Coria na Bahia, Kuerten obteve
vitórias incontestáveis.
Contra Sjeng Schalken nos Estados Unidos e Paul-Henri Mathieu
na França, perdeu jogos equilibrados, em que não chegou a ser
dominado.
A cada evento, o brasileiro mostra que está voltando à intimidade que tinha com a bola em seus
tempos áureos, quando, então
melhor do mundo, poucos tinham chance de derrotá-lo.
O saque está voltando a ser forte, preciso; a devolução de saque
está começando a entrar de maneira eficiente, dificultando as jogadas dos adversários; o jogo de
pernas começa a ganhar consistência, e a ousadia, com aquelas
deixadinhas em plena quadra de
carpete, é a suprema mostra de
uma confiança em ascensão.
Com esta temporada já quase
terminando (ao menos para o
brasileiro, que, eliminado ontem
em Madri joga agora somente em
Paris, daqui a dez dias), nem tudo
foi perdido.
Vale a pena esperar pelo próximo ano, quando, pelo visto, Gustavo Kuerten estará brigando pelas primeiras posições, de igual
para igual com Lleyton Hewitt,
Marat Safin, Tommy Haas, Andre Agassi...
Como sempre diz o tenista (e repetem seus imitadores): "Estamos
treinando forte, bem concentrados mesmo, a cada dia sinto melhor a bola na raquete, e esse é o
caminho".
Falou tudo!
Entre os garotos
A quarta etapa, na Associação Leopoldina Juvenil, em Porto Alegre, fechou no fim de semana o Circuito Juvenil Banco do Brasil.
Na categoria 12 anos, os títulos ficaram com Rafael Camilo e Rebeca Neves. Entre os de 14 anos, Daniel Silva e Fernanda Hermenegildo. Na 16 anos, venceram Hugo Simões e Florentina Hanisch. Agora, só resta o Masters, em São Paulo, no fim de novembro.
Não tão garoto nem tão velho
Enquanto você lê esta coluna, Pete Sampras consulta seus irmãos,
seus pais, a mulher e alguns amigos próximos para ajudar a decidir
se continua jogando no ano que vem ou encerra de vez a carreira.
Entre os mais velhos
Está rolando nesta semana mais uma edição do Campeonato Brasileiro de veteranos. São mais de 300 atletas de 15 Estados, nas quadras de saibro do Hotel do Frade e Golf Resort, em Angra dos Reis.
E-mail reandaku@uol.com.br
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