São Paulo, quarta-feira, 16 de outubro de 2002

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FUTEBOL

Dois excelentes ataques

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Enquanto Vasco e Flamengo fazem o clássico de mais tradição na rodada, Santos e São Paulo disputam a partida de mais qualidade técnica.
Isso não significa que os dois times paulistas são os melhores.
O São Caetano é o líder do Brasileiro com uma vitória a mais que o Santos. O São Paulo é o sexto na média de aproveitamento.
Santos e São Paulo são os times que fazem mais gols.
O Santos utiliza mais que o São Paulo as jogadas pelas laterais, com as duplas Robinho e Leo pela esquerda e Elano e Maurinho pela direita. Há também muitas trocas de passes rápidos pelo meio com Diego, Robinho, Elano, Alberto e Renato. Os garotos mudam muito de posição e confundem a marcação.
No São Paulo, predominam as tabelas pelo meio com o excelente quarteto formado por Luis Fabiano, Reinaldo, Kaká e Ricardinho.
Na partida contra o Figueirense, o time marcou dois gols em jogadas pelas laterais, o que raramente acontecia.
Ricardinho estava atuando muito recuado, como um volante. Isso diminuía o brilho do jogador. Na última partida, ele jogou mais adiantado, próximo dos atacantes. Aí, ele e Kaká desequilibram.
Como São Paulo e Santos jogam para frente e possuem excelentes atacantes, espera-se uma partida de muitos gols. Não será surpresa até uma goleada.

Simples, básico e óbvio
Há muito tempo que Romário não faz um gol na sua jogada característica: com um olhar na bola, outro no companheiro e um terceiro no zagueiro, o craque vê mais que os outros.
Ele parte da intermediária, no instante exato, para receber livre a bola na frente. Aí, dribla o goleiro ou, com um toque de mestre, coloca a bola no canto ou por cima do goleiro.
Contra o Paraná, Romário aproveitou a bobeira do zagueiro e correu com a bola da intermediária, não com a velocidade de outros tempos, até fazer o gol.
Nos últimos anos, Romário quase só fez gols posicionando-se livre dentro da área.
No máximo, dá dois toques na bola; domina e finaliza.
Enquanto os outros atacantes se aproximam dos zagueiros, Romário afasta-se deles para receber a bola livre.
Por que os outros atacantes não fazem o mesmo?
Os grandes craques são os que fazem bem as coisas simples, básicas e óbvias.

Melhores do que parecem
Há muitos jogadores no futebol brasileiro que são carimbados, valorizados e ganham como atletas de times grandes e jogam como se fossem de times pequenos.
São piores do que parecem.
Existem também os que são menos elogiados do que merecem.
São melhores do que parecem.
Magno Alves está longe de ser um craque, um jogador de nível de seleção brasileira, mas é um excelente atacante.
É pouco elogiado.
Quando faz um belo gol -não foram poucos como na partida contra o Inter-, dizem no máximo, que ele aproveitou a velocidade e foi oportunista.
O grande defeito do Magno Alves e de outros jogadores pouco valorizados pela torcida e imprensa é cometer erros bisonhos quando atuam mal.
Aí, ninguém perdoa. São chamados de pernas-de-pau.
Além da velocidade, que é pouco aproveitada pelos técnicos, Magno Alves melhorou muito a finalização.
É o artilheiro do Fluminense com nove gols. Romário tem oito.
Outro bom jogador, veloz e habilidoso, mas que finaliza mal, pouco utilizado pelo Flu, é o Roni.
Há lugar para ele, Magno Alves e Romário juntos. Porém aí complica para o treinador. Ele teria de sair da mesmice tática.

Moralização do esporte
Depois que os eleitores retiraram do Congresso muitos integrantes da "bancada da bola", seria hoje um bom momento de votar a medida provisória de moralização do esporte e o Código de Defesa do Torcedor?
Ou será que seria melhor adiar a votação para o inicio do próximo ano, quando haverá uma grande mudança, para melhor, no Congresso?
Lamentável foi o parecer do relator, o deputado Ronaldo César Coelho, que deixou de fora a CBF e as federações estaduais das mesmas obrigações que terão os clubes. A justificativa de que seria inconstitucional, porque elas são entidades privadas, não convence. Elas são privadas, mas de interesse público.

E-mail
tostao.folha@uol.com.br



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