São Paulo, sexta, 16 de outubro de 1998

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FUTEBOL
"Crise" pode abrir espaço para o meia Alex se tornar titular da equipe
Seleção não sela paz entre Luxemburgo e Marcelinho

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
enviado especial a Washington

A goleada do Brasil no jogo de anteontem contra o Equador serviu, para Wanderley Luxemburgo, como confirmação de que seu trabalho está no caminho certo.
Mas, para quem prestou atenção em detalhes da partida e observou a saída do time do estádio Robert Kennedy, o amistoso serviu mesmo para confirmar que a paz entre o treinador e Marcelinho, selada na semana passada, não passou de mera jogada de marketing.
Diferentemente do primeiro amistoso da seleção -empate por 1 a 1 contra a Iugoslávia-, em que Marcelinho comemorou seu gol de falta trocando beijos com Luxemburgo, ao marcar o primeiro dos cinco gols do Brasil anteontem, o meia-atacante preferiu abraçar seus companheiros.
Único atleta da equipe que atua no Brasil a ser substituído -os outros quatro que saíram jogam na Europa-, Marcelinho aparentava descontentamento com a entrada de Alex em seu lugar. "A minha parte eu fiz e estou de consciência tranquila. Se saí, não foi por ter jogado mal. Qualquer um que conhece futebol sabe que joguei bem e abri caminho para a vitória."
Luxemburgo, por sua vez, ficou irritado ao ser questionado, durante a entrevista coletiva após os 5 a 1 contra o Equador, sobre o motivo de não ter trocado beijos com Marcelinho e nem sequer falado com ele após o ter substituído.
Visivelmente nervoso, o treinador respondeu apenas que a pergunta não cabia naquele momento, pois estava lá unicamente para analisar taticamente a partida.
Com Marcelinho -que havia brigado com Luxemburgo por ter ficado insatisfeito com a reação do técnico, que o culpara pela derrota do Corinthians contra o Palmeiras, há 13 dias- cada vez com menos espaço na seleção, crescem as chances de Alex ganhar uma vaga.
Em conversa com outros membros da comissão técnica, o treinador não só tem feito grandes elogios ao atleta palmeirense, como tem se mostrado entusiasmado com o futebol do atacante Élber, autor de três gols contra o Equador, e do lateral Serginho, um dos destaques da goleada. "O Élber não foi uma surpresa. Sempre soube que tem muitas qualidades e simplesmente jogou como costuma jogar no futebol alemão."
Para Élber, os três gols podem fortalecer sua situação na equipe. "Não adianta ficar em casa vendo o Brasil jogar pela TV. Quero ser titular", disse o jogador, que espera formar dupla de ataque com Ronaldinho, quando o atleta da Inter se recuperar dos problemas físicos e clínicos que tem enfrentado.
Para o próximo amistoso da seleção, o terceiro da "era Luxemburgo" (contra a Rússia, em Fortaleza), a equipe deve manter formação semelhante à usada nos dois primeiros jogos. O treinador acha que só assim poderá dar um padrão de jogo ao time brasileiro, minimizando o problema da falta de tempo para treinar o grupo.
Sobre a convocação de Ronaldinho para o próximo amistoso, Luxemburgo foi evasivo, já que o atleta vem enfrentando problemas para voltar a jogar futebol e a comissão técnica do Brasil ainda não manteve contato com o jogador.
Segundo o técnico, antes de chamar Ronaldinho, seria importante a CBF entrar em contato com a Inter para conhecer melhor seu estado e, se possível, mandar uma equipe médica para examiná-lo.



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