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FUTEBOL
Novo treinador da seleção credita vitória magra contra a Colômbia ao cansaço e ao fraco desempenho individual
"Temos que ensaiar esse balé", diz Leão
FÁBIO VICTOR
MAÉRCIO SANTAMARINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao assumir o cargo de técnico
da seleção, há um mês, Emerson
Leão prometeu um "futebol bailarino". Ontem, após a magra vitória sobre a Colômbia, o treinador
admitiu que terá que afinar a sua
companhia de dança.
"Temos que ensaiar esses bailarinos, senão não tem condição.
Terei que ser um bom coreógrafo", disse Leão, em alusão à falta
de tempo que teve para preparar a
equipe -foram só dois treinos.
Diferentemente do seu antecessor, Wanderley Luxemburgo,
Leão não se esquivou de nenhuma pergunta durante a entrevista
coletiva. Admitiu que alguns jogadores sentiram cansaço (Júnior
e Vampeta), que outros ficaram
devendo futebol (Rivaldo) e que o
Brasil precisou de sorte.
"Hoje (ontem) não teve espetáculo, mas foi um dia em que tivemos sorte. Mas, em síntese, a vitória sempre agrada", declarou.
Ainda assim, muito do seu discurso lembrou o de Luxemburgo.
Sobre as vaias da torcida paulistana, afirmou: "Não estou aqui
para recriminar o torcedor de São
Paulo. Compete a nós fazer com
que eles sorriam junto com a gente. Não peço desculpas, mas um
voto de confiança. Espero que, da
próxima vez que a gente jogue
aqui, seja com outro astral".
Também elogiou os jogadores,
a quem disse ter cumprimentado
individualmente após a partida.
"Fui dizer a cada um que eles
têm a minha confiança, mas que
ficaram devendo. Eles não são
obrigados a fazer uma boa partida, mas têm que se dedicar."
Leão defendeu especialmente
Rivaldo, o mais vaiado. "O melhor do mundo também erra."
O técnico contou que sentiu
bastante por não ter comandado a
seleção do banco de reservas. Suspenso por ter xingado o árbitro
Fabiano Gonçalves após o jogo
Vitória 4 x 3 Sport, ele assistiu à
partida da tribuna do Morumbi,
de onde passou instruções ao treinador de goleiros Pedro Santilli.
"Gostaria de estar lá (no banco),
até para levar vaia junto com o time. Me sinto muito mais útil próximo. Mas superamos esse momento. Tenho que me policiar cada vez mais, melhorar cada vez
mais", afirmou Leão.
Apesar da temperatura amena,
o técnico chegou ao Morumbi
sem terno, vestindo camisa e calça
sociais. A chegada do treinador
causou tumulto, já que vários seguranças da Federação Paulista
de Futebol impediram que torcedores se aproximassem do treinador. Sempre cercado pelos seguranças, Leão se dirigiu para a tribuna de honra do Morumbi.
O técnico se negou a dar declarações à imprensa antes ou durante o jogo. Da tribuna, o treinador passou instruções, por meio
de um rádio-transmissor, para
Santilli. Passou com problemas, já
que, segundo contou o treinador
de goleiros após o jogo, o aparelho apresentou muitos problemas, dificultando a audição.
Santilli não seguiu a moda do
seu amigo Leão. Vestia uma calça
de agasalho azul e uma camiseta
branca da comissão técnica.
Embora tenha ficado todo o
tempo de pé, gesticulando, Santilli esteve calmo a maior parte do
jogo. As principais orientações de
Leão foram para que Júnior e Rivaldo ocupassem mais a lateral
esquerda de campo.
As intervenções de Leão eram
na maioria das vezes invisíveis,
mas às vezes o torcedor podia observar as ordens do técnico.
Aos 46min do primeiro tempo,
quando Rivaldo fez boa jogada e
sofreu falta na entrada da área, o
goleiro Rogério olhou para Santilli, querendo saber se tinha autorização para cobrá-la.
O treinador de goleiros colocou
a mão no ouvido para isolar o ruído das arquibancadas e escutar
melhor o que determinava Leão.
Autorizou Rogério, que deixou a
área correndo. Cobrou no meio
do gol, e Yepes tirou de cabeça.
No intervalo, insatisfeito, o público ensaiou as primeiras vaias.
Leão desceu da tribuna e fez apenas um sinal de positivo.
Na segunda etapa, ele nem esperou o apito final do árbitro e seguiu em direção aos vestiários,
com cara amarrada.
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