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ATLETISMO
Índice é 3 pontos percentuais superior ao normal
Brasil aumenta número de testes e vê recorde de casos de doping
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil teve incidência recorde
de casos de doping no atletismo
em 2003. Do total de testes promovidos pela CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), 4,2%
tiveram resultado positivo.
O balanço foi fechado neste mês
pela entidade, quando ficaram
prontas as análises dos dez testes
feitos com os atletas que subiram
ao pódio na última São Silvestre.
O processo foi lento porque
duas amostras de sangue haviam
indicado alterações. Porém os testes de urina, analisados pelo Laboratório Nacional de Controle
de Doping, em Paris, não detectaram uso de substância proibida.
O índice brasileiro parece pequeno, mas não é. O normal, segundo o médico Eduardo de Rose, membro do conselho principal
da Agência Mundial Antidoping,
é que esse número seja de até 1%.
Para efeito de comparação, a
poderosa Usada (Agência Antidoping dos EUA), que no ano
passado flagrou pela primeira vez
o THG, um novo esteróide anabólico, realizou 6.890 testes em 2003.
"Tivemos apenas 1% de resultados positivos", revelou Terry
Madden, presidente da agência.
Com menos verba disponível, a
CBAt realizou 119 exames em
2003. Esse número representa um
aumento de 33,7% em relação ao
ano anterior. Cinco atletas foram
flagrados pela confederação, que
despendeu cerca de R$ 100 mil em
seu programa contra drogas.
O caso mais retumbante foi o da
saltadora Maurren Maggi, flagrada para clostebol, um esteróide
anabólico. Ela alega que houve
contaminação de um creme usado em uma sessão de depilação.
Suspensa preventivamente pela
Iaaf, entidade que comanda o
atletismo, Maurren perdeu o Pan
e o Mundial em 2003. Tem pouca
chance de ir aos Jogos de Atenas.
"Esse número é normal", acredita Roberto Gesta de Melo, presidente da confederação. "Intensificamos os testes nas corridas de
rua, nas quais haviam a suspeita
de que houvesse mais uso de
substâncias proibidas", aponta.
De fato, competidores que participam desse tipo de prova, que
engloba as maratonas, foram responsáveis por 100% dos testes positivos em 2002. No ano passado,
a incidência diminuiu para 60%.
Com tantas fraudes descobertas, a própria CBAt não acredita
que os números brasileiros fiquem altos durante muito tempo.
"A tendência é que isso caia. É
importante que haja casos. Assim,
os atletas se conscientizam de que
quem usar drogas será punido",
opina Thomaz Mattos de Paiva,
diretor jurídico da CBAt e especialista em legislação antidoping.
Outro índice alarmante é o de
flagrados em provas. Normalmente, os atletas são pegos em
exames feitos de surpresa. Mas,
no país, 80% dos positivos foram
surpreendidos em competição.
Os brasileiros também foram
flagrados no exterior. Paiva lembra que, em 2003, o TJD da CBAt
realizou nove julgamentos.
"O tribunal examinou até acusação de tráfico de substâncias
proibidas", diz ele, referindo-se
ao caso de um atleta que esqueceu, na geladeira do quarto do hotel em que se hospedara, uma caixa de EPO e o recibo de compra.
Flagrada em controles desde
1998, a EPO estimula a produção
de glóbulos vermelhos, melhorando a oxigenação sangüínea.
(ADALBERTO LEISTER FILHO)
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