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MOTOR
Não pega
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Há as que pegam, há as que
não pegam. Mas não é só
por aqui. Até na F-1 existem leis e
regras que emplacam, outras que
acabam sendo modificadas e algumas que simplesmente são ignoradas por pilotos e dirigentes.
O jogo de equipe, por exemplo.
Proibido por decreto pela FIA,
voltou a ser assunto neste final de
semana em Zeltweg, palco da
inesquecível marmelada ferrarista no ano passado e da pouco
lembrada troca de posições em
2001, quando Barrichello cedeu
não uma vitória, mas um segundo lugar a Schumacher.
Zombeteiros, alguns pilotos
qualificaram como letra morta a
exigência da federação, adicionada ao livro de regras após uma
longa, inútil e por que não dizer
patética enquete eletrônica.
Para eles, as ordens dos boxes
são difíceis de serem detectadas e
mais difíceis ainda de serem julgadas pelos comissários. Por essa
concepção, não haveria como coibi-las, fazem parte da cultura do
esporte, são ferramentas de uso
legítimo das equipes. Assim sendo, por que se preocupar com
uma eventual punição?
É evidente que a intenção da
FIA ao anunciar a proibição no
final do ano passado foi, primeiro, dar uma resposta ao público,
ávido por uma pena exemplar. E,
segundo, abrir a possibilidade legal de punir quando necessário.
Ocorre que ninguém está levando isso muito a sério, mesmo que
a tal regra tenha sido feita apenas
para evitar acintes como os proporcionados pela Ferrari na última temporada. E que, o bom senso indica, não se repetirão. (Será?)
Coisa parecida aconteceu com o
controle de tração, proscrito nos
anos 90, reabilitado, ameaçado e,
agora, definitivamente liberado.
Ícone da era de pasmaceira que
assolou a F-1 nos últimos anos, foi
exaustivamente discutido por público, mídia e competidores. Muitos percebiam no dispositivo um
benefício artificial à pilotagem.
Boi de piranha no pacotão histórico de Max Mosley, foi defendido com unhas e dentes pelos times-montadoras, que alegaram
ser mais caro tirar o dispositivo
do que mantê-lo nos carros.
Acredito. Mal comparando, seria como proibir a injeção eletrônica e tirar do museu o carburador -o controle de tração corrige
muito mais o desempenho do carro do que as bobagens do piloto; o
controle de largada e o câmbio
automático, banidos a partir de
2004, fazem muito mais, substituem atitudes integralmente.
Mas não é difícil acreditar que o
equipamento e suas múltiplas
versões ocultas não foram usados
durante o período do banimento,
tamanha a importância a eles
creditados agora pelos fabricantes? Até na Indy, sabe-se agora, a
traquitana mereceu vista grossa
da sempre econômica Cart.
A verdade é que essa proibição
simplesmente não pegou. Apenas
consumiu mais tempo para ser legalizada, pois se tratava do regulamento técnico, sujeito aos humores dos comissários e à capacidade dos softwares de verificação,
muitas vezes impotentes diante
da sofisticação dos times.
Talvez até explique a opção de
Mosley em mudar a F-1 pelo regulamento esportivo. Pela engenharia, o cartola perderia o jogo.
Ferrari
Não é novidade que a fatia de Maranello no bolo da F-1 é um pouco
mais larga que as dos demais -47% são distribuídos pelo grid e outros 4% vão para o time italiano. A novidade é que a GPWC vai pagar
US$ 50 milhões anuais extras à Ferrari se houver a tal liga rival. Não é
à toa que Montezemolo fez ameaças a Ecclestone nesta semana.
Toyota
Apesar do resultado apenas regular no treino de ontem, o time japonês confia poder colocar novamente um de seus carros na zona de
pontuação. E o pessoal da fábrica, que fica na Alemanha, torce fervorosamente. É que todos os envolvidos com o projeto de F-1 ganham
bonificação equivalente ao número de pontos obtidos no Mundial.
Da Matta, responsável pelos primeiros três, virou herói por lá.
E-mail mariante@uol.com.br
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