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São Paulo, sábado, 17 de maio de 2003

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FUTEBOL

O "Trio de Ferro" enferrujou?

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Foi uma semana de fortes emoções, da qual saíram chamuscados grandes clubes paulistas: Corinthians e São Paulo. O primeiro caiu fora da Libertadores, o segundo, da Copa do Brasil.
Os dois fracassos concomitantes, ao lado da má fase do Palmeiras, nos convidam a perguntar o que houve com o "Trio de Ferro" que dominou o futebol brasileiro nos anos 90.
Na década passada, como se sabe, esses três clubes ganharam, juntos, nada menos que seis títulos brasileiros, três da Libertadores, dois Mundiais interclubes (Copa Toyota) e um Mundial de Clubes da Fifa, sem contar Copas do Brasil, campeonatos estaduais, torneios Rio-São Paulo etc.
Ao longo dos anos 90, somente o Grêmio e o Vasco ameaçaram, ocasionalmente, a hegemonia do "Trio de Ferro".
Hoje a situação é outra. O Palmeiras pena na Segundona, enquanto São Paulo e Corinthians, eliminados dos torneios mata-mata que disputavam, lutam por um lugar ao sol no primeiro Brasileirão por pontos corridos.
A concorrência recrudesceu nos últimos anos, tanto no âmbito estadual -com a ascensão do São Caetano e o renascimento do Santos- como no nacional, em que clubes mineiros, cariocas e gaúchos empenham-se seriamente em recuperar o poderio perdido e os paranaenses emergem como séria força alternativa.
Claro que a situação de cada um dos três clubes é distinta. A do Palmeiras é, de longe, a pior. Hoje, o alviverde pareceria, a um observador incauto, mais próximo de cair para a terceira divisão do que de voltar para a primeira. Mas é óbvio que muita água ainda vai passar por baixo da ponte.
O Corinthians, por sua vez, está numa encruzilhada. Vice-campeão nacional em 2002, depois de ter conquistado o Rio-SP e a Copa do Brasil, parece ainda sofrer com o reajuste motivado pela troca de treinadores e pela perda de um atleta-chave nesse processo de mudança, o volante Vampeta.
Ainda pode se acertar e brigar pelo título brasileiro, mas é preciso que a reação venha logo, pois a distância que o separa dos líderes é grande.
Nesse contexto, a partida de amanhã contra o poderoso Cruzeiro reveste-se de um significado crucial, tanto matemático como simbólico. Se vencer, acabando com a longa invencibilidade do líder, o alvinegro conquistará não apenas pontos preciosos, mas também a autoconfiança necessária para a arrancada rumo ao topo. Se perder, continuará comendo poeira.
Já o São Paulo, que nos últimos anos morreu na praia várias vezes após realizar campanhas brilhantes, precisa retomar a alegria de jogar, para fazer as pazes com a torcida e com os títulos.
Com um elenco invejável, o desempenho do time tem sofrido os efeitos de sucessivas crises internas, em que diretoria, comissão técnica, torcida e jogadores parecem falar línguas diferentes. Os atletas vão para o campo como se fossem para o matadouro, e a torcida é mais uma ameaça do que um incentivo. Assim fica difícil.

Dois jogos em um
Um dos grandes jogos do ano, até agora, foi Vasco 1 x 1 Cruzeiro, quarta-feira. No primeiro tempo, o Cruzeiro deu um passeio sobre um Vasco desnorteado e com Marcelinho mancando em campo. Na segunda etapa, o Cruzeiro perdeu um jogador, o Vasco se reorganizou e acuou os mineiros. Se a primeira etapa foi de Alex, a segunda foi de Edmundo.

Flagrante delito?
Geninho é azarado ou não é? As câmeras e microfones captaram sua ordem de "pega ele" ao lateral Roger, que, em seguida, acertou um argentino e foi expulso. Agora, acusado de deixar seus atletas intranquilos, o técnico tenta explicar que se referia apenas à marcação sobre o adversário. Até acredito nele. Mas alguém mais acreditará?

E-mail jgcouto@uol.com.br


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