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FUTEBOL
O "Trio de Ferro" enferrujou?
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Foi uma semana de fortes
emoções, da qual saíram chamuscados grandes clubes paulistas: Corinthians e São Paulo. O
primeiro caiu fora da Libertadores, o segundo, da Copa do Brasil.
Os dois fracassos concomitantes, ao lado da má fase do Palmeiras, nos convidam a perguntar o
que houve com o "Trio de Ferro"
que dominou o futebol brasileiro
nos anos 90.
Na década passada, como se sabe, esses três clubes ganharam,
juntos, nada menos que seis títulos brasileiros, três da Libertadores, dois Mundiais interclubes
(Copa Toyota) e um Mundial de
Clubes da Fifa, sem contar Copas
do Brasil, campeonatos estaduais,
torneios Rio-São Paulo etc.
Ao longo dos anos 90, somente o
Grêmio e o Vasco ameaçaram,
ocasionalmente, a hegemonia do
"Trio de Ferro".
Hoje a situação é outra. O Palmeiras pena na Segundona, enquanto São Paulo e Corinthians,
eliminados dos torneios mata-mata que disputavam, lutam por
um lugar ao sol no primeiro Brasileirão por pontos corridos.
A concorrência recrudesceu nos
últimos anos, tanto no âmbito estadual -com a ascensão do São
Caetano e o renascimento do
Santos- como no nacional, em
que clubes mineiros, cariocas e
gaúchos empenham-se seriamente em recuperar o poderio perdido
e os paranaenses emergem como
séria força alternativa.
Claro que a situação de cada
um dos três clubes é distinta. A do
Palmeiras é, de longe, a pior. Hoje, o alviverde pareceria, a um observador incauto, mais próximo
de cair para a terceira divisão do
que de voltar para a primeira.
Mas é óbvio que muita água ainda vai passar por baixo da ponte.
O Corinthians, por sua vez, está
numa encruzilhada. Vice-campeão nacional em 2002, depois de
ter conquistado o Rio-SP e a Copa
do Brasil, parece ainda sofrer com
o reajuste motivado pela troca de
treinadores e pela perda de um
atleta-chave nesse processo de
mudança, o volante Vampeta.
Ainda pode se acertar e brigar
pelo título brasileiro, mas é preciso que a reação venha logo, pois a
distância que o separa dos líderes
é grande.
Nesse contexto, a partida de
amanhã contra o poderoso Cruzeiro reveste-se de um significado
crucial, tanto matemático como
simbólico. Se vencer, acabando
com a longa invencibilidade do líder, o alvinegro conquistará não
apenas pontos preciosos, mas
também a autoconfiança necessária para a arrancada rumo ao
topo. Se perder, continuará comendo poeira.
Já o São Paulo, que nos últimos
anos morreu na praia várias vezes após realizar campanhas brilhantes, precisa retomar a alegria
de jogar, para fazer as pazes com
a torcida e com os títulos.
Com um elenco invejável, o desempenho do time tem sofrido os
efeitos de sucessivas crises internas, em que diretoria, comissão
técnica, torcida e jogadores parecem falar línguas diferentes. Os
atletas vão para o campo como se
fossem para o matadouro, e a torcida é mais uma ameaça do que
um incentivo. Assim fica difícil.
Dois jogos em um
Um dos grandes jogos do ano,
até agora, foi Vasco 1 x 1 Cruzeiro, quarta-feira. No primeiro
tempo, o Cruzeiro deu um passeio sobre um Vasco desnorteado e com Marcelinho mancando em campo. Na segunda
etapa, o Cruzeiro perdeu um
jogador, o Vasco se reorganizou e acuou os mineiros. Se a
primeira etapa foi de Alex, a segunda foi de Edmundo.
Flagrante delito?
Geninho é azarado ou não é? As
câmeras e microfones captaram sua ordem de "pega ele" ao
lateral Roger, que, em seguida,
acertou um argentino e foi expulso. Agora, acusado de deixar seus atletas intranquilos, o técnico tenta explicar que se referia apenas à marcação sobre o
adversário. Até acredito nele.
Mas alguém mais acreditará?
E-mail jgcouto@uol.com.br
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