São Paulo, Quinta-feira, 17 de Junho de 1999
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AÇÃO
Ignorância física

CARLOS SARLI

Vendo o Alexandre "Picuruta" Salazar, dia desses na praia, exibindo vários quilos acima de seu peso ideal, lembrei-me da diferença de tratamento que os atletas, e mesmo os esportistas ocasionais, têm aqui no Brasil em relação a outros países.
Recordista nacional de títulos de surfe, campeão mundial de longboard, Picuruta é um dos maiores nomes do esporte no país, mas, apesar de ainda surfar muito, passou-me a imagem de alguém que, aos 36 anos, acredita que completou o ciclo.
Em entrevista ao programa ""Torpedo" da rádio Jovem Pan, Fernando Scherer declarou que um dos principais motivos de ter se mudado para os EUA foi o respeito ao atleta. Aqui, a menos que conquiste títulos expressivos, você é de certa forma desprezado, segundo sua avaliação.
O aparente desleixo e o conformismo de Picuruta com sua condição atlética têm relação direta com o desânimo de Xuxa. A falta de conhecimentos e recursos desestimula a continuidade de uma atividade física. Esses exemplos, por se tratarem de profissionais, são mais graves e reportam a desvalorização da experiência de uma forma geral no país. Mas os esportistas comuns, os que buscam apenas o prazer e a saúde nas atividades físicas, sofrem das mesmas limitações de estrutura e cultura.
Em recente entrevista à "Veja", o ministro Rafael Greca, dos Esportes e Turismo, falou ostensivamente sobre política, gostos pessoais, um pouco sobre turismo e nada de esportes. Erro de pauta, edição, ou havia pouco conteúdo nas possíveis respostas não publicadas, não se sabe, mas fica evidenciado o desinteresse das autoridades, e da própria mídia, no assunto.
Durante minha vida de estudante, pude perceber quão desprestigiada é a cadeira de educação física. Grande parte dos alunos só frequentava as aulas nos primeiros dias. Depois, ficava atrás de um atestado qualquer que a dispensasse da atividade. Isso desde criança.

NOTAS

Santa Catarina
Começa hoje, em Itajaí, a Taça Governador do Estado/Normaii, 10ª etapa do Brasileiro de surfe profissional. A prova foi antecipada, para terminar no sábado, quando vários atletas irão para as Ilhas Reunião, África, início de uma série de torneios do Mundial, que só terminará em dezembro, no Havaí. Mais no sul do Estado, em Imbituba, pode ocorrer o Desafio No Fear de ondas grandes -se as ondas ajudarem.

Canoagem O circuito brasileiro em onda será definido entre os dias 25 e 27, na praia Grande, Ubatuba. As competições serão nas classes kayak surf e waveski, nas categorias open e senior.

Wakeboard
Embalado pelos resultados das duas primeiras etapas, o Circuito Brasileiro segue neste fim-de-semana em Brasília. O nível técnico dos atletas e a boa organização estão incentivando o crescimento do esporte.



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