São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 2005

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TÊNIS

A regra é clara?

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

A explicação é bastante simples: "O programa antidoping de tênis é um programa abrangente e internacionalmente reconhecido que se aplica a todos que competem nos eventos da ATP, da WTA e da ITF".
"Os objetivos do programa antidoping (...) são os seguintes: 1-Assegurar a competição justa e equilibrada nas quadras, e 2-Proteger a segurança dos jogadores profissionais de tênis. O programa (...) contém uma série de regras e procedimentos que se aplicam aos tenistas profissionais em todos os níveis. Os jogadores são submetidos a testes contra substâncias proibidas e listadas pelo Comitê Olímpico Internacional, em acordo com as regras da Agência Mundial Antidoping (Wada).""
Isso justificou a decisão da ATP de suspender Guillermo Cañas, um dos melhores do mundo, por dois anos. Segundo a entidade, testes revelam que, no Torneio de Acapulco, em fevereiro, o argentino atuou estimulado por substância diurética proibida.
Cañas, 27, teria, então, tornado a competição desigual, obtido vantagem de forma ilícita e, em última instância, atentado contra a sua própria segurança. Daí seu afastamento das quadras. Além disso, ele terá de devolver US$ 276 mil que ganhou em prêmios e 525 pontos que somou até ser punido. Poderá voltar a jogar, sim, mas só a partir de 11 de junho de 2007, quando a suspensão termina.
O processo teria sido perfeito, e a punição, exemplar, não fosse por um motivo: Cañas, desesperadamente, se diz inocente. "Estou sofrendo uma grande injustiça."
O argentino foi investigado por dois meses até ser avisado da suspensão. Desde o primeiro momento negou que tivesse cometido deliberadamente o doping. "Foi o pessoal do torneio que comprou os remédios, com a supervisão da ATP.""
O castigo foi mais forte do que o próprio tenista (e o circuito) imaginava. "Nunca na minha vida pensei que pudesse ser punido com a pena máxima.""
Cañas será, sim, punido com a pena máxima, pois, a não ser que o tenista apresente outro argumento, não reverterá o castigo. E será o quarto argentino punido por doping, depois de Juan Ignacio Chela (três meses de gancho), Guillermo Coria (sete meses) e Mariano Puerta (nove meses).
É perseguição ou o tenista argentino é chegado mesmo em uma ilegalidade? Na verdade, nem um nem outro.
É sabido que muitos tenistas arriscam as carreiras -risco de serem flagrados, de sofrerem com a medicação- com substâncias no mínimo duvidosas. Os testes, cada vez mais rigorosos, são feitos cada vez em maior número.
Por outro lado, há, ainda, aqueles que consideram o número de punições tímido em relação ao uso de substâncias proibidas. Que outros exames positivos devessem sair das gavetas, onde se escondem tranqüilamente.
É, de fato, um processo que a ATP ainda precisa tornar mais claro. Cañas pode ter feito tudo errado, mas disse uma coisa certa: o doping, hoje, é decisão política.
E, por envolver muito dinheiro, nunca se sabe como a regra pode ser interpretada.

Em Gramado
Flávio Saretta faturou o título do challenger gaúcho ao bater na final o sueco Jacob Adaktusson em dois rápidos sets. Agora, o paulista segue para a disputa o qualifying do Aberto dos EUA, em Nova York.

Em Goiás
Após quatro torneios da série challengers, o país recebe a partir desta semana uma seqüência de seis eventos Future. O primeiro, o Tennis Classic Rio Quente Resorts, vai até domingo no Rio Quente Resorts.

Em São Paulo
Moacir Santos, Stephanie Vieira (18 anos), Danilo Ferraz, Nathalia Rossi (16), Bernardo Lipschitz, Flávia Borges (14), Matheus Costa e Rafaella Muller (12) venceram a 5ª etapa do Circuito Unimed.

E-mail reandaku@uol.com.br


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