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FUTEBOL
O mundo é uma bola
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Contra a Croácia, Parreira vai escalar pela primeira
vez Adriano e Ronaldo. São dois
centroavantes que devem dar certo, pois nenhum deles atua fixo
pelo meio e de costas para o gol.
Ronaldo é destro, mas gosta de
se posicionar mais pela esquerda,
de onde arranca com a bola ou
vai recebê-la em diagonal nas
costas dos zagueiros. O "gordinho" chega sempre primeiro.
Já o canhoto Adriano, prefere
atuar mais pela direita, driblar
para o meio e soltar as suas bombas. Ele é o melhor finalizador do
mundo.
Outra novidade poderá ser o
Robinho, no segundo tempo, mais
recuado pela esquerda, no lugar
do Ronaldinho Gaúcho.
Pela posição, Ricardinho deve
iniciar a partida. Com a sua velocidade e habilidade, Robinho tem
condições de se adaptar bem a essa nova função, desarmando e
chegando ao ataque.
Além disso, como fez Zagallo na
Copa de 70, Parreira quer escalar
os melhores, desde que se adaptem bem a posições diferentes das
habituais. O Brasil tem cinco craques (os dois Ronaldinhos, Adriano, Kaká e Robinho) para quatro
lugares.
Quando mudou o esquema tático, Parreira disse que o time jogaria no 4-2-2-2, com dois meias
ofensivos próximos dos dois atacantes. Porém a equipe só se acertou quando Kaká e Ronaldinho
Gaúcho jogaram mais recuados,
um de cada lado.
A diferença do atual 4-4-2 para
o tradicional 4-4-2 da Europa e
da seleção brasileira de 94, é que
Kaká e Ronaldinho Gaúcho não
atuam tão fixos e os dois são capazes de marcar mais atrás e de
chegar ao ataque com muito talento.
Contra Argentina e Alemanha,
o Brasil tinha quatro jogadores
marcando no meio-campo e quatro no ataque. Por isso e, principalmente, pela qualidade dos jogadores, a seleção poderá ser tão
espetacular quanto às melhores
de todos os tempos.
Como Kaká conduz mais e Ronaldinho Gaúcho toca mais a bola, os dois se completam e alternam o ritmo da equipe. Se Robinho entrar no lugar do Ronaldinho Gaúcho, a equipe poderá ficar mais apressada. Com Ricardinho, será mais cadenciada.
Pela versatilidade e pelo talento
dos jogadores, o Brasil pode mudar a maneira de jogar durante
as partidas, se necessário. Aí vai
precisar da ajuda do técnico.
A bola não pára
Todas as seleções vão jogar hoje.
Nenhuma da Europa empolga.
Existem várias boas, do mesmo
nível, como Itália, Holanda, República Tcheca, Inglaterra, Espanha, Portugal, França, com o retorno de Zidane, Makelele e Thuram, e Alemanha, que tem jogadores piores, mas vai atuar em casa no Mundial.
A Inglaterra é a que tem mais
excelentes jogadores em quase todas as posições. Porém faltam
bons reservas.
Diferentemente de todas as seleções citadas e a do Brasil, que
também jogam no 4-4-2, não há
na seleção inglesa diferença entre
os dois volantes e dois meias (um
de cada lado). Os quatro defendem e atacam. Os armadores pelo
meio (Gerrard e Lampard), teoricamente os volantes, são os que
mais finalizam. Em compensação, deixam mais espaços entre o
meio-campo e a defesa.
As seleções da Europa atuam da
mesma forma os 90 minutos de
todas as partidas. Fazem sempre
tudo igual. Lembra da Copa do
Mundo de 2002, quando a Inglaterra perdia para o Brasil, tinha
um jogador a mais e não mudou
a maneira de jogar. O técnico deveria ter sido suspenso por incompetência.
Os gênios da bola
Foi divertido o encontro entre
Pelé e Maradona.
Como acompanhei de perto toda a carreira dos dois, não tenho
dúvidas de que Pelé foi melhor.
Maradona era mais malabarista,
dava mais show de habilidades,
mas Pelé foi mais completo, na
parte física e técnica.
Fora de campo, faço algumas
divagações. Os dois, cada um de
seu jeito, têm virtudes e defeitos
como a maioria das pessoas. A arte é que é especial, e não o artista.
Deduzo ainda que o homem e o
personagem Pelé são praticamente a mesma pessoa. O Edson só faz
o que Pelé quer. Pelé não tem problemas com a fama, como respondeu ao Maradona.
Já o Diego e o Maradona vivem
em conflito. Ele não sabe se é o
criador ou a criatura. Daí as revoltas do craque contra os padrões de comportamento da sociedade.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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