São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 2005

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FUTEBOL

O mundo é uma bola

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Contra a Croácia, Parreira vai escalar pela primeira vez Adriano e Ronaldo. São dois centroavantes que devem dar certo, pois nenhum deles atua fixo pelo meio e de costas para o gol.
Ronaldo é destro, mas gosta de se posicionar mais pela esquerda, de onde arranca com a bola ou vai recebê-la em diagonal nas costas dos zagueiros. O "gordinho" chega sempre primeiro.
Já o canhoto Adriano, prefere atuar mais pela direita, driblar para o meio e soltar as suas bombas. Ele é o melhor finalizador do mundo.
Outra novidade poderá ser o Robinho, no segundo tempo, mais recuado pela esquerda, no lugar do Ronaldinho Gaúcho.
Pela posição, Ricardinho deve iniciar a partida. Com a sua velocidade e habilidade, Robinho tem condições de se adaptar bem a essa nova função, desarmando e chegando ao ataque.
Além disso, como fez Zagallo na Copa de 70, Parreira quer escalar os melhores, desde que se adaptem bem a posições diferentes das habituais. O Brasil tem cinco craques (os dois Ronaldinhos, Adriano, Kaká e Robinho) para quatro lugares.
Quando mudou o esquema tático, Parreira disse que o time jogaria no 4-2-2-2, com dois meias ofensivos próximos dos dois atacantes. Porém a equipe só se acertou quando Kaká e Ronaldinho Gaúcho jogaram mais recuados, um de cada lado.
A diferença do atual 4-4-2 para o tradicional 4-4-2 da Europa e da seleção brasileira de 94, é que Kaká e Ronaldinho Gaúcho não atuam tão fixos e os dois são capazes de marcar mais atrás e de chegar ao ataque com muito talento.
Contra Argentina e Alemanha, o Brasil tinha quatro jogadores marcando no meio-campo e quatro no ataque. Por isso e, principalmente, pela qualidade dos jogadores, a seleção poderá ser tão espetacular quanto às melhores de todos os tempos.
Como Kaká conduz mais e Ronaldinho Gaúcho toca mais a bola, os dois se completam e alternam o ritmo da equipe. Se Robinho entrar no lugar do Ronaldinho Gaúcho, a equipe poderá ficar mais apressada. Com Ricardinho, será mais cadenciada.
Pela versatilidade e pelo talento dos jogadores, o Brasil pode mudar a maneira de jogar durante as partidas, se necessário. Aí vai precisar da ajuda do técnico.

A bola não pára
Todas as seleções vão jogar hoje. Nenhuma da Europa empolga. Existem várias boas, do mesmo nível, como Itália, Holanda, República Tcheca, Inglaterra, Espanha, Portugal, França, com o retorno de Zidane, Makelele e Thuram, e Alemanha, que tem jogadores piores, mas vai atuar em casa no Mundial.
A Inglaterra é a que tem mais excelentes jogadores em quase todas as posições. Porém faltam bons reservas.
Diferentemente de todas as seleções citadas e a do Brasil, que também jogam no 4-4-2, não há na seleção inglesa diferença entre os dois volantes e dois meias (um de cada lado). Os quatro defendem e atacam. Os armadores pelo meio (Gerrard e Lampard), teoricamente os volantes, são os que mais finalizam. Em compensação, deixam mais espaços entre o meio-campo e a defesa.
As seleções da Europa atuam da mesma forma os 90 minutos de todas as partidas. Fazem sempre tudo igual. Lembra da Copa do Mundo de 2002, quando a Inglaterra perdia para o Brasil, tinha um jogador a mais e não mudou a maneira de jogar. O técnico deveria ter sido suspenso por incompetência.

Os gênios da bola
Foi divertido o encontro entre Pelé e Maradona.
Como acompanhei de perto toda a carreira dos dois, não tenho dúvidas de que Pelé foi melhor. Maradona era mais malabarista, dava mais show de habilidades, mas Pelé foi mais completo, na parte física e técnica.
Fora de campo, faço algumas divagações. Os dois, cada um de seu jeito, têm virtudes e defeitos como a maioria das pessoas. A arte é que é especial, e não o artista.
Deduzo ainda que o homem e o personagem Pelé são praticamente a mesma pessoa. O Edson só faz o que Pelé quer. Pelé não tem problemas com a fama, como respondeu ao Maradona.
Já o Diego e o Maradona vivem em conflito. Ele não sabe se é o criador ou a criatura. Daí as revoltas do craque contra os padrões de comportamento da sociedade.

E-mail tostao.folha@uol.com.br


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