São Paulo, Terça-feira, 17 de Agosto de 1999
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Entre a Copa e a cozinha, gafes em geral

JUCA KFOURI
Colunista da Folha

Quem não é capaz de organizar um campeonato local será capaz de organizar uma Copa do Mundo? No último final de semana estiveram ausentes da competição mais importante do país seis equipes: o Flamengo, o clube mais popular do Brasil; o Corinthians, o segundo clube mais popular do Brasil; o Palmeiras, que briga com o Vasco e o São Paulo pelo terceiro lugar; a dupla Galo e Inter, que dividem Minas e Rio Grande do Sul, e a Ponte Preta.
Resultado: uma rodada chocha, salva por Ronaldinho, pelo bom futebol do Atlético-PR diante do Santos e pelo jogo entre Coritiba e Cruzeiro.
Como a CBF arrumará a Copa se não ajeita nem a cozinha?

O Corinthians foi à Espanha repetir o papelão feito por Santos e Vasco. Registre-se que a responsabilidade pela irresponsabilidade de uma viagem dessas em pleno Brasileiro é exclusiva do presidente do clube, que acertou a participação no Teresa Herrera assim que o time foi campeão nacional.
O técnico Oswaldo de Oliveira foi contra, e o grupo HMTF (que esta coluna insistiu em chamar, no domingo passado, de HTMF, sabe Deus por quê) também nada teve a ver com a inoportuna excursão corintiana.

No domingo, aliás, a bruxa andou solta na imprensa. O ""Diário do Grande ABC" estampou em primeira página, como se fosse novidade, o contrato da CBF com a Nike, publicado nesta Folha no dia 31 de janeiro passado (!!!).
O pior é que na segunda-feira o jornal continuou a tratar do tema como se fosse exclusivo, ao (re) publicar outras cláusulas do contrato -contrato que obteve das mãos do deputado Aldo Rebelo, que, por sinal, o conheceu por intermédio deste colunista.

Ainda bem que, no mesmo jornal e no mesmo domingo, Mino Carta cobre o colunista de carinhos em seu artigo dominical.
Mas não é que também ele (o que absolve todos nós, simples mortais) se engana?
Em sua coluna, a propósito de comentar que a imprensa esportiva brasileira jamais reconhece méritos nos times que vencem a nossa seleção, o que em regra é verdade, Mino menciona que até este humilde colunista teria escrito que ""o Brasil perdeu para si mesmo diante do México".
Pois não perdeu -e nem nada parecido com isso aqui foi escrito.
Ao contrário, foi dito que a derrota tinha sido previsível, entre outras coisas, porque, modestamente, aqui foi prevista.

Em plena campanha dos clubes brasileiros contra a pirataria de que são vítimas, há uma novela da Globo, ""Suave Veneno", que tem um personagem, Renildo, que é jogador do Flamengo e aparece o tempo todo com uma camisa rubro-negra pirateada.

Depois que soube que Pelé estava chateado com ele por não ter recebido nem um telefonema parabenizando-o pela escolha como um dos personagens do século da revista ""Time", FHC ligou -antes dele, Bill Clinton, Nelson Mandela, Mikhail Gorbatchov e Carlos Menem, só para citar alguns, já tinham se manifestado.
FHC se desculpou da gafe com a justificativa, aceita, de que os tempos têm sido duros e convidou Pelé para um café na semana que vem. Quer que ele se integre ao esforço pela candidatura brasileira à Copa-2006. A disposição de Pelé é manter o não, menos pela idéia em si, mas apenas por ser quem são as pessoas que a tocam.


Juca Kfouri escreve aos domingos, às terças e às sextas-feiras


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