São Paulo, domingo, 17 de setembro de 2000

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FUTEBOL
Brasil encanta Canberra, mas perde da Alemanha

RODRIGO BERTOLOTTO
ENVIADO ESPECIAL A CANBERRA

O Brasil ganhou a torcida, mas não o jogo. Em Canberra, pela segunda rodada da competição na Olimpíada de Sydney, a seleção feminina de futebol perdeu por 2 a 1 para a Alemanha e agora terá de enfrentar as anfitriãs para passar às semifinais.
Na madrugada de ontem, o Brasil teve o apoio da torcida local, que gritava ""Let's go, Brazil" ou ""Come on, Brazil", mas não pode esperar a mesma reação na próxima terça-feira jogando em Sydney contra as donas da casa.
Com os três pontos obtidos na estréia, na vitória sobre a Suécia por 2 a 0, o Brasil está em segundo lugar no grupo e precisa da vitória na terça para garantir a vaga sem depender do resultado do jogo Alemanha x Suécia.
Ontem, as alemãs fizeram seus gols no primeiro tempo, e o Brasil só conseguiu diminuir a vantagem das européias na etapa final.
""Deu para sentir em campo os gritos da arquibancada, e isso empurrou a gente no segundo tempo", afirmou a atacante Kátia Cilene, que teve atuação discreta. ""Contra a Austrália, vamos experimentar algo bem diferente", completou a jogadora.
Para o técnico da equipe, Zé Duarte, o clima da Vila Olímpica vai ajudar a reanimar o time. ""Vamos sentir a Olimpíada agora, porque estávamos muito longe."
Antes da passagem por Canberra, o Brasil estava em Melbourne, onde derrotou as suecas.
A Alemanha conseguiu superar um trauma com a vitória sobre o Brasil, afinal, os últimos dois confrontos foram dois empates que significaram a desclassificação na Olimpíada-96 e no Mundial-99.
""Elas entraram mordidas. Usaram mais força do que o normal", afirmou Kátia Cilene.
As respostas da técnica alemã, Tina Theune-Meyer, após o jogo mostram o quanto o Brasil estava atravessado. ""Em Atlanta, vínhamos de muitas contusões. E, no Mundial, as brasileiras foram muito espertas. Desta vez, nós fomos mais espertas", disse.
Depois de uma chance para cada lado, a Alemanha abriu o placar aos 32min. Minnert escorou uma bola, que a atacante Prinz chutou forte, sem chance de defesa para a goleira Andréia.
O Brasil tentou com chutes de longa distância ou em faltas, mas falhava na pontaria, tanto com Sissi como com Formiga - a goleira Rottenberg não fez uma defesa no primeiro tempo.
A Alemanha se postava com quatro defensoras e cinco meias, impossibilitando a penetração das brasileiras, que davam dribles e faziam jogadas de efeitos, ganhando o apoio da torcida, mas sem efetividade.
Já o Brasil perdia seu desenho tático em muitos momentos. Em uma distração dessas, aos 41min, surgiu o segundo gol alemão. Após cobrança de lateral, Prinz entrou na área e chutou cruzado.
Para o segundo tempo, a seleção fez duas modificações, entrando Nenê e Roseli. Apesar de o Brasil ter melhorado seu jogo, a Alemanha seguiu dominando.
Aos 13min, Prinz mandou a bola na trave. Aos 16min, Wiegmann chutou rente à trave. Aos 21min, foi a vez de Grings finalizar para fora por um triz.
Mas, aos 24min, a meia Raquel entrou no lugar de Cidinha. Passados dois minutos, ela recebeu a bola na entrada da área e chutou no canto esquerdo de Rottenberg. Na comemoração, chorou. ""Raquel tem um grande defeito. É muito lenta, mas compensou hoje chutando forte", disse o técnico.
O time se inflou com o gol e os gritos da torcida. Até a juíza, a colombiana Martha Pardo, parecia estar torcendo pelo Brasil, afinal, não apontou várias faltas claras sofridas pelas alemãs.
As européias tiveram mais três chances de gol, todas desperdiçadas pela atacante Grings. Aos 47min, ela chutou para fora quando estava cara a cara com a goleira brasileira.


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