São Paulo, sexta-feira, 17 de setembro de 2004

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BOXE

A última imagem é a que fica

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Popó é hoje um agente livre.
Depois da derrota para Diego Corrales, o brasileiro e a rede americana de TV a cabo Showtime tinham mais dois combates previstos em seu contrato. Mas o acordo foi desfeito, e o ex-campeão dos leves não tem mais vínculo com nenhuma emissora.
A razão? Durante negociações para o retorno do baiano ao ringue, executivos da Showtime exigiram que Popó e sua equipe recebessem menos do que havia ganhado pelo combate de agosto.
Na verdade, teriam de se contentar com bem menos: metade.
É o velho ditado em plena ação: a última imagem é a que fica.
O time do brasileiro não aceitou tais condições financeiras. A negociação alcançou um impasse.
Para encurtar a história, agora Popó está sem contrato com uma rede de TV dos EUA, que é, na verdade, quem paga suas bolsas.
Tudo isso havia sido mantido em segredo. Isto é, até agora.
Perguntei ao promotor de Popó, o norte-americano Arthur Pelullo, sobre a veracidade de tal informação. Apesar de reticente, ele reconheceu que era verdade.
Pouco depois, já afirmava que não é motivo para preocupação.
Argumenta que a outra emissora de TV a cabo dos EUA com tradição no pugilismo, a HBO, mais rica do que a Showtime, demonstrou interesse em seu pugilista.
Segundo Pelullo, a HBO tem mais opções para "emparceirar" Popó. Com o meio-médio-ligeiro Arturo Gatti, com o pena Manny Pacquiao, com Erik Morales...
O promotor acrescentou que surge no horizonte uma terceira via. Uma tradicionalíssima rede de TV fechada que parecia estar morrendo para o boxe, mas que cultiva planos para revitalizar o pugilismo em sua programação.
A equipe de Popó está tão segura de que alguma espécie de acerto com uma dessas três emissoras sairá que crê até na possibilidade de a volta do brasileiro, em 11 de dezembro (ou alguma data próxima), em São Paulo ou no Rio, ser transmitida ao vivo para os EUA.
Para a equipe de Popó, é imperativo que ele retorne ainda neste ano, para começar 2005 como um vencedor. Seria bom para os negócios e pelo aspecto mental.
Pelo lado psicológico, explicam, seria interessante que voltasse a se sentir um vencedor de novo e começar 2005 "novo" e traçar planos para o futuro. Também ficaria mais valorizado depois de uma vitória do que se retornasse logo após a derrota. Novamente, "a última imagem é a que fica".
Obviamente, a idéia é colocá-lo frente a frente com alguém de nível médio. Não um pangaré, que não acrescentaria nada à sua auto-estima e nem serviria como um parâmetro, mas tampouco alguém perigoso, que pudesse pô-lo em risco tão prematuramente.
O perfil é o de algum boxeador, preferencialmente um argentino ou norte-americano -que se encaixaria no papel de "vilão"-, com cartel com 23 vitórias e duas derrotas (ou números similares).
O mais importante, entretanto, não é o oponente, que é menos do que um coadjuvante. O atrativo reside na expectativa de ver como Popó reagirá na sua volta. Volta?
Esse é o título provisório da programação: "A Volta de Popó".

Programação 1
O combate mais esperado do ano, em minha opinião, Oscar de la Hoya x Bernard Hopkins, pelo título mundial dos médios, será transmitido ao vivo para o Brasil pelo canal Premiere a partir das 22h de amanhã. Alguns, um pouco exagerados, é verdade, vêem paralelos entre essa luta e o confronto entre "Sugar" Ray Leonard e Marvelous Marvin Hagler. A boa notícia são os preços, que variam entre R$ 10 e R$ 15, menos salgados do que os R$ 50 cobrados pelo último combate de Popó. Agora falta somente a NET melhorar sua imagem.

Programação 2
A ESPN International exibe hoje, a partir das 22h30, o programa especial "O Melhor do Friday Nights Fights", uma seleção dos melhores assaltos e nocautes do ano exibidos pelo programa regular.

E-mail eohata@folhasp.com.br

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