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FUTEBOL
No ano passado, 701 jogadores trocaram o futebol brasileiro pelo de outro país, a maior marca de todos os tempos
Exportação de "pé-de-obra" bate recorde
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
O futebol brasileiro bateu o recorde de exportação de jogadores
no ano passado.
De acordo com dados do Departamento de Registro e Transferência da CBF (Confederação
Brasileira de Futebol) aos quais a
Folha teve acesso, 701 atletas foram jogar no exterior em 2000.
O levantamento revela que, a
cada dia no ano, quase dois jogadores brasileiros -1,92- foram
vendidos para times do exterior.
No total, clubes de 66 países investiram em jogadores nacionais.
Foi a primeira vez que o Brasil ultrapassou a barreira de 700 jogadores negociados para clubes estrangeiros em um ano. Em 1999,
658 atletas foram "exportados".
Apesar do alto investimento dos
grandes clubes estrangeiros em
jogadores como Vampeta, ex-Corinthians, Marcelinho, ex-São
Paulo, e Roque Júnior, ex-Palmeiras, a maioria dos brasileiros trocou o país para atuar em times
desconhecidos e sem prestígio no
cenário mundial.
Portugal, que segue na liderança
no ranking de importações, é um
exemplo dessa realidade. Mais da
metade dos 190 jogadores que foram para lá não está atuando em
clubes da primeira divisão -uma
das exceções é o atacante Pena,
que deixou o Palmeiras para jogar
no Porto, uma das equipes mais
tradicionais do país.
A grande parte deles foi jogar
em times que disputam divisões
inferiores ou que apenas participam de competições regionais. Os
investimentos dos clubes de Portugal impressionaram no ano
passado. O número é quase cinco
vezes o total de atletas que deixaram o Brasil com destino ao segundo maior investidor, o Japão.
Em 2000, 41 brasileiros foram para o outro lado do mundo jogar
no futebol do país asiático.
Além da fama dos jogadores
brasileiros, o grande número de
atletas nacionais em clubes portugueses se explica. Para os dirigentes de Portugal, os brasileiros são
baratos -a maioria aluga o seu
passe. Já os brasileiros gostam de
atuar em Portugal pelo fato de o
idioma ser o mesmo.
O ranking de transferências
também aponta os mercados
emergentes para os jogadores. A
Coréia do Sul -da Ásia oriental,
como o Japão- é o principal. Em
1999, os sul-coreanos não contrataram oficialmente nenhum jogador do Brasil. Em 2000, dez atletas
foram jogar em times locais. O
país vai abrigar, em conjunto com
os japoneses, a Copa-2002.
O Líbano (Ásia ocidental) também surpreendeu -os clubes
contrataram oito jogadores em
2000. No ano anterior, o Líbano
havia comprado apenas o passe
de um atleta. A Argentina, que há
anos evita investir no mercado
brasileiro, levou 13 atletas no ano
passado. Mesmo assim, nenhum
grande jogador brasileiro foi parar em um desses três países.
Já a França, que tinha como tradição investir em jogadores desconhecidos, começou a contratar
brasileiros famosos como os ex-são-paulinos Edmílson, que está
no Lyon, e Marcelinho, que foi para o Olympique. No total, os franceses contrataram 13 jogadores.
Para conseguir sucesso no exterior, alguns atletas se mudaram
para países considerados exóticos
no mundo do futebol, como Indonésia e Cingapura (ambos da
Ásia meridional), que empregaram um brasileiro cada.
Em 2000, três atletas deixaram
clubes nanicos do Rio para jogar
no Haiti (América Central), um
dos países mais pobres do mundo. Giovani Glauber Soares também decidiu ousar. Ele saiu do Internacional, do Mato Grosso, para
jogar na Albânia, uma das nações
consideradas mais atrasadas da
Europa. Ele foi atuar no Teuta.
Os dados da CBF revelam ainda
os países que voltaram a investir
no futebol nacional no ano passado. Romênia, Chipre, Bósnia, Eslováquia, Malta, Suécia, Trinidad
e Tobago, Escócia, Albânia e Aruba contrataram jogadores do Brasil em 2000. Em 1999, nenhum
desses países haviam comprado
passes de brasileiros.
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