São Paulo, domingo, 18 de fevereiro de 2001

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Sonho dourado oculta histórias de desencanto

DA SUCURSAL DO RIO

A transferência para o exterior nem sempre é garantia de sucesso e independência financeira para os jogadores que deixam o país.
Muitos voltam para o Brasil em menos de um ano.
Um exemplo é o volante Leandro Oliveira, 18, ex-Vasco. Depois de viver o sonho de jogar no futebol europeu, ele está desempregado, morando em Campo Grande, zona oeste do Rio.
Em 2000, Leandro foi um dos 701 jogadores que deixaram o país. Ele ficou cerca de seis meses jogando na equipe de juniores do Croatia Zagreb, um dos clubes mais populares da Croácia.
No período em que esteve no time, Leandro dividia com outro brasileiro um apartamento alugado pelos dirigentes e recebia o equivalente a R$ 1.200 por mês.
"Lá foi muito bom, mas tive que voltar. Depois de junho, eles decidiram me dar o passe", disse ele. "Além do futebol, tive uma boa experiência para a minha vida. Aprendi um pouco da língua deles e conheci um povo que tinha acabado de sair de uma guerra", acrescentou.
Atualmente, Leandro está sem clube, morando na casa dos pais, mas acredita que ainda vai jogar em um time grande europeu. "Essa foi a minha primeira tentativa. Tenho certeza de que o meu desemprego é apenas temporário", afirmou.
Outros jogadores praticamente se isolam. Em agosto, o atacante Gílson Karlo, 23, deixou o país para atuar no Deportivo Carcha, da Guatemala. Ganhando R$ 300 por mês, dificilmente dá notícias para a família. Apesar de confiar em seu sucesso, o pai do jogador, o ex-atacante do Fluminense Gílson Gênio, disse que não sabe muito sobre a carreira do filho.
"Como o dinheiro é curto, ele apenas manda cartas. A última notícia que recebi foi que ele se transferiu para um time da segunda divisão da Guatemala", disse o ex-jogador. "Ele está aguentando tudo isso com força. No fundo, meu filho sabe que essa fase é importante para a sua afirmação lá. Na próxima temporada, deve conseguir um salário melhor." (SR)



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