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Sonho dourado
oculta histórias
de desencanto
DA SUCURSAL DO RIO
A transferência para o exterior nem sempre é garantia
de sucesso e independência
financeira para os jogadores
que deixam o país.
Muitos voltam para o Brasil em menos de um ano.
Um exemplo é o volante
Leandro Oliveira, 18, ex-Vasco. Depois de viver o sonho de jogar no futebol europeu, ele está desempregado, morando em Campo
Grande, zona oeste do Rio.
Em 2000, Leandro foi um
dos 701 jogadores que deixaram o país. Ele ficou cerca de
seis meses jogando na equipe de juniores do Croatia Zagreb, um dos clubes mais
populares da Croácia.
No período em que esteve
no time, Leandro dividia
com outro brasileiro um
apartamento alugado pelos
dirigentes e recebia o equivalente a R$ 1.200 por mês.
"Lá foi muito bom, mas tive que voltar. Depois de junho, eles decidiram me dar o
passe", disse ele. "Além do
futebol, tive uma boa experiência para a minha vida.
Aprendi um pouco da língua
deles e conheci um povo que
tinha acabado de sair de
uma guerra", acrescentou.
Atualmente, Leandro está
sem clube, morando na casa
dos pais, mas acredita que
ainda vai jogar em um time
grande europeu. "Essa foi a
minha primeira tentativa.
Tenho certeza de que o meu
desemprego é apenas temporário", afirmou.
Outros jogadores praticamente se isolam. Em agosto,
o atacante Gílson Karlo, 23,
deixou o país para atuar no
Deportivo Carcha, da Guatemala. Ganhando R$ 300 por
mês, dificilmente dá notícias
para a família. Apesar de
confiar em seu sucesso, o pai
do jogador, o ex-atacante do
Fluminense Gílson Gênio,
disse que não sabe muito sobre a carreira do filho.
"Como o dinheiro é curto,
ele apenas manda cartas. A
última notícia que recebi foi
que ele se transferiu para um
time da segunda divisão da
Guatemala", disse o ex-jogador. "Ele está aguentando
tudo isso com força. No fundo, meu filho sabe que essa
fase é importante para a sua
afirmação lá. Na próxima
temporada, deve conseguir
um salário melhor."
(SR)
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