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BOXE
"Menina de Ouro"
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Já sei. Vão dizer que estou monotemático. Mas "Menina de
Ouro" ("Milion Dolar Baby"), de
Clint Eastwood, é um filmaço.
Por isso mesmo concorre a diversos Oscars. Mas, claro, esse fato
já foi amplamente explorado.
Sem querer julgar detalhes cinematográficos e falando estritamente do esporte, o cuidado com
o aspecto técnico impressiona.
Logo de cara dá para ver que foi
feito por alguém que aprecia o
pugilismo. É quando um dos personagens sobe ao ringue do ginásio e grita um desafio ao "Motor
City Cobra" Thomas Hearns.
Foi legal ver essa homenagem a
um dos maiores de todos os tempos, mas que sempre foi relegado
ao papel de coadjuvante -por
alguma razão, "Sugar" Ray Leonard, Roberto Durán e Marvelous
Marvin Hagler roubam a cena.
Porém qualquer um com um
módico conhecimento de pugilismo poderia ter incluído tal cena.
Mas para a minha (agradável)
surpresa, a coisa não ficou apenas
no blablablá. Os atores tiveram
realmente de "sujar a mão".
Foi fascinante, por exemplo, ver
Frankie Dunn, interpretado por
Eastwood, ensinar Maggie Fitzgerald (Hillary Swank) a bater no
punching ball (saco de velocidade) -porque o fez do modo correto. Ela também socou o aparelho da maneira certa, o que não é
pouco (quem já trabalhou no
aparelho conhece a dificuldade).
Mas há mais surpresas reservadas. Alguns truques adotados por
treinadores das antigas, que podem dar a impressão de que foram criados especialmente para o
filme (por conta de sua curiosidade), também são resgatados.
O primeiro é para impedir que
boxeadores iniciantes abram excessivamente as pernas, perdendo
o equilíbrio. Solução: amarrar as
pernas do atleta com cordinha.
O segundo é para forçar o atleta
a soltar mais jabs (golpes preparatórios) ou a se acostumar a
manter a mão direita (esquerda,
para os canhotos) protegendo o
queixo. É só amarrar a mão direita do pugilista em seu pescoço.
Tudo bem, isso na verdade não
era assim tão difícil de incluir.
Realmente espantoso foi ver
Eastwood pedir à pupila que desferisse golpes abaixo das nádegas
da rival (próximo do nervo ciático), completando com a observação de que por certos ângulos o
juiz não detecta tal artimanha.
É um truque que não está na
cartilha do boxe. Para falar a verdade, é um truque sujo, mas real,
com o objetivo de prejudicar (e
muito!) a movimentação do oponente e que é passado aos colegas
de treino pelos ratos de academia
(no meu caso pelo Canhoteiro).
Não é bem no local e da forma
que aparece no filme, mas vamos
permitir certa liberdade poética.
Houve só uma grande "forçação" de barra, quando a rival de
Fitzgerald a golpeia no momento
em que ela se dirigia ao córner.
Naquela situação, ou a luta seria
considerada ""no contest" (sem
decisão) ou Fitzgerald teria vencido por desqualificação. As conseqüências poderiam ter extrapolado o ringue fácil, fácil.
Por esta falta estaria passível a
ter sua licença suspensa e até
mesmo ir para a cadeia. Mas, novamente, vamos dar espaço aqui
a uma certa liberdade poética.
Telinha 1
A disputa do título dos meio-médios-ligeiros da OMB (Antonio
Margarito x Sebastian Lujan) passa na ESPN, ao vivo, à meia-noite.
Telinha 2
Bernard Hopkins defende na madrugada de domingo todos os títulos dos médios contra Howard Eastman, com transmissão ao vivo
para o Brasil pela HBO Plus, à 0h45. Na preliminar, Jermain Taylor
pega outro invicto ranqueado, Daniel Edouard, do Haiti.
Ginásio
A Copa Antonio Carollo, homenagem a um dos maiores técnicos do
país, começaria ontem e prossegue no dia 3 de março, no Ginásio de
Esportes da Cespro, em São Caetano do Sul, com entrada franca.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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