São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 2005

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BOXE

"Menina de Ouro"

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Já sei. Vão dizer que estou monotemático. Mas "Menina de Ouro" ("Milion Dolar Baby"), de Clint Eastwood, é um filmaço.
Por isso mesmo concorre a diversos Oscars. Mas, claro, esse fato já foi amplamente explorado.
Sem querer julgar detalhes cinematográficos e falando estritamente do esporte, o cuidado com o aspecto técnico impressiona.
Logo de cara dá para ver que foi feito por alguém que aprecia o pugilismo. É quando um dos personagens sobe ao ringue do ginásio e grita um desafio ao "Motor City Cobra" Thomas Hearns.
Foi legal ver essa homenagem a um dos maiores de todos os tempos, mas que sempre foi relegado ao papel de coadjuvante -por alguma razão, "Sugar" Ray Leonard, Roberto Durán e Marvelous Marvin Hagler roubam a cena.
Porém qualquer um com um módico conhecimento de pugilismo poderia ter incluído tal cena.
Mas para a minha (agradável) surpresa, a coisa não ficou apenas no blablablá. Os atores tiveram realmente de "sujar a mão".
Foi fascinante, por exemplo, ver Frankie Dunn, interpretado por Eastwood, ensinar Maggie Fitzgerald (Hillary Swank) a bater no punching ball (saco de velocidade) -porque o fez do modo correto. Ela também socou o aparelho da maneira certa, o que não é pouco (quem já trabalhou no aparelho conhece a dificuldade).
Mas há mais surpresas reservadas. Alguns truques adotados por treinadores das antigas, que podem dar a impressão de que foram criados especialmente para o filme (por conta de sua curiosidade), também são resgatados.
O primeiro é para impedir que boxeadores iniciantes abram excessivamente as pernas, perdendo o equilíbrio. Solução: amarrar as pernas do atleta com cordinha.
O segundo é para forçar o atleta a soltar mais jabs (golpes preparatórios) ou a se acostumar a manter a mão direita (esquerda, para os canhotos) protegendo o queixo. É só amarrar a mão direita do pugilista em seu pescoço.
Tudo bem, isso na verdade não era assim tão difícil de incluir.
Realmente espantoso foi ver Eastwood pedir à pupila que desferisse golpes abaixo das nádegas da rival (próximo do nervo ciático), completando com a observação de que por certos ângulos o juiz não detecta tal artimanha.
É um truque que não está na cartilha do boxe. Para falar a verdade, é um truque sujo, mas real, com o objetivo de prejudicar (e muito!) a movimentação do oponente e que é passado aos colegas de treino pelos ratos de academia (no meu caso pelo Canhoteiro).
Não é bem no local e da forma que aparece no filme, mas vamos permitir certa liberdade poética.
Houve só uma grande "forçação" de barra, quando a rival de Fitzgerald a golpeia no momento em que ela se dirigia ao córner. Naquela situação, ou a luta seria considerada ""no contest" (sem decisão) ou Fitzgerald teria vencido por desqualificação. As conseqüências poderiam ter extrapolado o ringue fácil, fácil.
Por esta falta estaria passível a ter sua licença suspensa e até mesmo ir para a cadeia. Mas, novamente, vamos dar espaço aqui a uma certa liberdade poética.

Telinha 1
A disputa do título dos meio-médios-ligeiros da OMB (Antonio Margarito x Sebastian Lujan) passa na ESPN, ao vivo, à meia-noite.

Telinha 2
Bernard Hopkins defende na madrugada de domingo todos os títulos dos médios contra Howard Eastman, com transmissão ao vivo para o Brasil pela HBO Plus, à 0h45. Na preliminar, Jermain Taylor pega outro invicto ranqueado, Daniel Edouard, do Haiti.

Ginásio
A Copa Antonio Carollo, homenagem a um dos maiores técnicos do país, começaria ontem e prossegue no dia 3 de março, no Ginásio de Esportes da Cespro, em São Caetano do Sul, com entrada franca.

E-mail eohata@folhasp.com.br


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