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FUTEBOL
E as nossas qualidades?
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
"Eles têm dois bons pontas,
o Arce é perigosíssimo nas
bolas paradas, e a jogada aérea
deles é muito forte. É um time
muito experiente." Pela descrição
que Parreira fez do Paraguai, parece até que o Brasil é um time
menor, que precisa se preocupar
primeiro com os pontos fortes do
rival e, se der, fazer um golzinho.
Não há nada de errado em se
preocupar com o que o Paraguai
tem de bom, ao contrário; errado
é desconhecer ou menosprezar o
rival, achando que só o Brasil tem
qualidades e o resto é resto. O problema é esquecer que o Brasil tem
de fazer valer suas qualidades.
Parreira pode pensar que os
brasileiros são excelentes no ataque e que sua função como técnico é organizar o time para que se
defenda bem, alcançando o tão
falado equilíbrio. Se for esse o caso, ele está enganado. Ofensivamente, a seleção tem deixado
muito a desejar. Nas entrevistas
depois dos jogos, o próprio Parreira vive reclamando que "é difícil
jogar contra um time que tem oito atrás da linha da bola". Claro
que é, mas também devíamos nos
preparar para isso, e não só para
marcar os pontas paraguaios.
O pior é que vamos mal defensivamente. Quando temos a bola,
sofremos para passar do meio-campo. Quando somos atacados,
é um deus-nos-acuda. Se a defesa
é uma obsessão, podíamos ao menos marcar bem no meio-campo,
até no campo de ataque, e contra-atacar de modo fulminante. Há
bons times que jogam no contra-ataque (alguém aí falou em Copa
de 70?). Mas não temos jogadas
em velocidade; Parreira gosta de
"valorizar a posse de bola". Ora,
jogar de modo equilibrado é saber alternar velocidade e cadência, momentos de "abafa" e de
paciência. Cautela em excesso
também é desequilíbrio.
Parreira valoriza demais a experiência, como se esta fosse um
valor absoluto. "Não é hora de
novidade", diz, dando à "novidade" uma conotação negativa.
Quando será a hora? Em plena
Copa? Sei... Ronaldo ficou no
banco até o fim em 94 -e já cintilava de talento e entusiasmo. Talvez aquela campanha fosse mais
gostosa com ele em campo em algum momento.
Já que temos pouco tempo para
treinar -menos ainda do que o
normal, com a Conmebol e a Fifa
batendo cabeça- e já que os atletas chegarão cansados de viagem,
não podíamos convocar mais
atletas que atuam no Brasil, para
aproveitar o entrosamento e o pique? Léo poderia jogar com Robinho; Alex, com Maurinho. Zé Roberto, Cafu e Roberto Carlos por
certo entenderiam o motivo de
sua ausência. Kaká e Luis Fabiano poderiam se reencontrar no time titular, e os paraguaios teriam
um caminhão de problemas com
que se preocupar -e eu ainda
nem mencionei Ronaldinho.
Talvez faltasse poder de marcação, mas Kaká e Alex podem ser
mais úteis nos desarmes do que
costumamos supor. E uma vez
com a bola, sabem muito bem o
que fazer com ela. É arriscar demais na eliminatória? Um amistoso poderia ter essa utilidade...
Quanto à zaga convocada, sem
comentários.
Flores
Pra não dizer que não falei delas, adorei a convocação de Renato e Juninho Pernambucano.
Queria que jogassem.
Santo errado
O São Paulo não salvou o Corinthians -por coincidência, o
tricolor foi o último adversário
do Juventus, que não ganhou
de quase ninguém e só por milagre venceria o líder do campeonato. Mas o erro escandaloso do árbitro Robério Pires no
jogo Corinthians x Juventus fez
toda a diferença. Com a derrota
que se desenhava ali, o Corinthians seria o lanterna.
Tabela boa
De um lado, o décimo colocado
cai. Do outro, não. São as maravilhas de um torneio com 21 times divididos em dois grupos.
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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