São Paulo, quarta, 18 de março de 1998

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Palmeiras se livra do mal da seleção

ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas

Felipão o desprezou e Leão o recebe de nariz torcido. Aliás, Leão e Felipão atuam na mesma frequência de humor: os dois são quadradinhos e cultuam o enquadramento. Para ambos, futebol é coisa séria e Viola é folgado demais para seus gostos.
Felipão teve de dar algumas voltas para se livrar do goleador. Trouxe Oséas, Euller, promoveu Cris, mas só conseguiu dar o golpe final quando Viola se quebrou e Paulo Nunes chegou com a corda toda.
Na verdade, não foi uma solução para o Palmeiras; apenas seu técnico livrou-se de um problema, que não fica circunscrito à área do relacionamento entre os dois, mas vai além, abrangendo o plano tático. Afinal, o Palmeiras, a exemplo da seleção de Zagallo, padece do excesso de canhotismo, do meio para a frente, com Alex e Zinho dividindo as duas meias, tendo Arílson à espera. Viola, outro canhoto incorrigível, então, adernaria o time de tal forma que o naufrágio seria inevitável.
Já Leão precisa desesperadamente de um goleador, aquele avante capaz de concluir às redes as tramas bem tecidas por Jorginho, Muller e cia. E Viola, digam o que disserem, é artilheiro da cabeça aos pés.
Agora, a bola está nas mãos de Leão, peritas, no seu tempo de goleiro, para segurá-la, mas nem sempre na hora de recolocá-la em jogo.

E Zagallo vai fechando o grupo, como gostam de dizer os boleiros, com a convocação da seleção que vai enfrentar a Alemanha, lá. Com a chamada de Bebeto, pelo visto, vai-se configurando mais uma das grandes injustiças que marcam, historicamente, essas escolhas: Muller está fora.
Mais do que uma injustiça, uma pena, embora sempre reste a esperança de que até lá Zagallo descarte Élber, que, neste momento, me cheira a uma chamada de ocasião, já que o jogo é lá na Alemanha, onde o avante brasileiro faz sucesso, e volte a pensar em Muller, um atacante que se esmerou à perfeição nos toques rápidos, surpreendentes, nos serviços a seus companheiros e na aceleração do jogo a uma velocidade vertiginosa. Somem-se a isso tudo a experiência de três Copas e um vigor físico impressionante até mesmo num menino de 20 anos, quanto mais num senhor de 33. E está na cara que Muller não pode ficar de fora.
Quanto ao resto, era o esperado. Com uma única exceção: a ausência de Carlos Germano, que, cá na província, é muito criticado, injustamente, posto que, na seleção, tem se saído muito melhor do que Taffarel.
A bem da verdade, não me lembro, se é que houve, de uma só falha do goleiro cruzmaltino com a camisa da seleção.
Em contrapartida, Taffarel tem sido uma peneira, segundo os relatos que nos chegam de Minas.
De qualquer forma, o time está aí: Taffarel; Cafu, Júnior Baiano, Aldair e Roberto Carlos; César Sampaio e Dunga; Rivaldo ou Raí e Denílson; Romário e Ronaldinho.
Se bem treinado, é time não só para ganhar da Alemanha, mesmo na casa tedesca, mas para levantar a taça pela quinta vez na história.
Contudo, repito: se bem treinado, dentro e fora do campo.


Alberto Helena Jr. escreve aos domingos, segundas e quartas-feiras


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