São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 2000


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AÇÃO

Inferno no Paraíso

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

O Taiti está entre os lugares mais cobiçados pelos turistas de todo o mundo. Sem contar com o alto custo que os visitantes têm que encarar, suas praias, montanhas, folclore e o povo -gordo e colorido- são muito atraentes. Para os surfistas, respeitável contingente de viajantes pelo globo, além do preço da Coca-Cola, há outra preocupação: as rasas e traiçoeiras bancadas de coral em que quebram as ondas.
Diferentemente da Indonésia ou do Havaí, o fundo nas principais ondas taitianas cresce abruptamente. O resultado são ondas pesadas quebrando sobre uma fina camada de água.
Teahupoo, onde a onda em que o cenário descrito acima é mais característico, foi palco da terceira etapa do WCT 2000. A prova começou sob o luto taitiano devido à morte do surfista local Briece Taerea, há um mês. Nos treinos para a seletiva da prova, Briece foi arremessado sobre os corais. Seu parceiro de treino, Manoa Drollet, ao resgatá-lo, ficou tão assustado com seu estado que a primeira reação foi soltá-lo. Manoa e três havaianos que estavam no mar ainda conseguiram recuperar a respiração de Briece, que morreu horas depois.
Sob esse clima, teve início o Gotcha Tahiti Pro. A expectativa da entrada de swell gigante só fazia aumentar a ansiedade. A etapa começou na terça da semana passada, e, logo na primeira bateria, o brasileiro Neco Padaratz viveu o maior sufoco de sua vida. Não fosse seu capacete verde-limão, que o ajudou a ser localizado para o resgate, Neco teria se afogado preso numa caverna dos recifes.
No dia seguinte, o mar baixou e foi a vez das mulheres. A bicampeã mundial Layne Beachley, que havia cancelado sua participação por temer as condições de Teahupoo, voltou atrás devido ao mal resultado na segunda etapa na Austrália. Ficou em nono e garantiu a liderança do ranking. A havaiana Keala Kennelly, bastante machucada devido a uma queda de costas nos corais na semifinal, se recuperou e venceu Serena Brooke na final. O título, o primeiro de Keala no WCT, a levou ao terceiro lugar no ranking, posto antes ocupado pela brasileira Tita Tavares, agora em quarto.
Na sexta e no sábado, a prova ficou interrompida devido à chuva e ao vento. No domingo, houve a repescagem masculina. Com ondas de até 12 pés, mais show de horror: W.O. do contundido Russel Winter, enquanto Andy Irons, que havia obtido a melhor média da primeira fase (26,55) e também da prova, amargava a permanência no hospital para cuidar de suas feridas infeccionadas. Destaque nessa fase para Fábio Gouveia, que tirou a primeira nota dez em doze anos de Tour.
O mar voltou a baixar e a etapa terminou anteontem, em ondas de cinco pés. Teco Padaratz, Guilherme Herdy e Yuri Sodré foram os melhores brasileiros, em nono. Com isso, Teco segue, agora isolado, como o terceiro do ranking.
Kelly Slater repetiu a semifinal da última prova que disputou no WCT, o Pipe Masters, e novamente despachou Mark Occhilupo. Na final contra Shane Dorian, o hexacampeão mostrou que continua afiado com os corais de Teahupoo e se tornou o convidado que mais venceu. Emocionado, dedicou a vitória a Taerea.

A elite do surfe
Será realizado entre 1º e 20 de junho o OP Pro Boat Challenge, com os doze melhores do mundo (seis homens e seis mulheres), em Sumatra. Terá o maior prêmio individual da história: US$ 65 mil para o vencedor entre os homens e US$ 37 mil para a campeã.

Big Trip
Sobre a coluna anterior, duas observações de leitores. Faltou o nome do autor da imagem vencedora, Curt Myers. E Taiu, um dos juízes que votou em Carlos Burle, segundo colocado, sugere a inclusão de mais big riders para julgar.

Skate
Rodil de Araújo, o Ferrugem, venceu a primeira etapa do Circuito Brasileiro da categoria street. Ele derrotou o atual campeão, Daniel Vieira, e ganhou R$ 2,5 mil. A premiação total foi de R$ 8 mil.


carlossarli@revistatrip.com.br www.uol.com.br/folha/pensata



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