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AÇÃO
Inferno no Paraíso
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
O Taiti está entre os lugares
mais cobiçados pelos turistas de todo o mundo. Sem contar
com o alto custo que os visitantes
têm que encarar, suas praias,
montanhas, folclore e o povo
-gordo e colorido- são muito
atraentes. Para os surfistas, respeitável contingente de viajantes
pelo globo, além do preço da Coca-Cola, há outra preocupação:
as rasas e traiçoeiras bancadas de
coral em que quebram as ondas.
Diferentemente da Indonésia
ou do Havaí, o fundo nas principais ondas taitianas cresce abruptamente. O resultado são ondas
pesadas quebrando sobre uma fina camada de água.
Teahupoo, onde a onda em que
o cenário descrito acima é mais
característico, foi palco da terceira etapa do WCT 2000. A prova
começou sob o luto taitiano devido à morte do surfista local Briece
Taerea, há um mês. Nos treinos
para a seletiva da prova, Briece
foi arremessado sobre os corais.
Seu parceiro de treino, Manoa
Drollet, ao resgatá-lo, ficou tão
assustado com seu estado que a
primeira reação foi soltá-lo. Manoa e três havaianos que estavam
no mar ainda conseguiram recuperar a respiração de Briece, que
morreu horas depois.
Sob esse clima, teve início o Gotcha Tahiti Pro. A expectativa da
entrada de swell gigante só fazia
aumentar a ansiedade. A etapa
começou na terça da semana passada, e, logo na primeira bateria,
o brasileiro Neco Padaratz viveu
o maior sufoco de sua vida. Não
fosse seu capacete verde-limão,
que o ajudou a ser localizado para o resgate, Neco teria se afogado
preso numa caverna dos recifes.
No dia seguinte, o mar baixou e
foi a vez das mulheres. A bicampeã mundial Layne Beachley, que
havia cancelado sua participação
por temer as condições de Teahupoo, voltou atrás devido ao mal
resultado na segunda etapa na
Austrália. Ficou em nono e garantiu a liderança do ranking. A
havaiana Keala Kennelly, bastante machucada devido a uma
queda de costas nos corais na semifinal, se recuperou e venceu Serena Brooke na final. O título, o
primeiro de Keala no WCT, a levou ao terceiro lugar no ranking,
posto antes ocupado pela brasileira Tita Tavares, agora em quarto.
Na sexta e no sábado, a prova
ficou interrompida devido à chuva e ao vento. No domingo, houve
a repescagem masculina. Com
ondas de até 12 pés, mais show de
horror: W.O. do contundido Russel Winter, enquanto Andy Irons,
que havia obtido a melhor média
da primeira fase (26,55) e também da prova, amargava a permanência no hospital para cuidar de suas feridas infeccionadas.
Destaque nessa fase para Fábio
Gouveia, que tirou a primeira nota dez em doze anos de Tour.
O mar voltou a baixar e a etapa
terminou anteontem, em ondas
de cinco pés. Teco Padaratz, Guilherme Herdy e Yuri Sodré foram
os melhores brasileiros, em nono.
Com isso, Teco segue, agora isolado, como o terceiro do ranking.
Kelly Slater repetiu a semifinal
da última prova que disputou no
WCT, o Pipe Masters, e novamente despachou Mark Occhilupo. Na
final contra Shane Dorian, o hexacampeão mostrou que continua afiado com os corais de Teahupoo e se tornou o convidado
que mais venceu. Emocionado,
dedicou a vitória a Taerea.
A elite do surfe
Será realizado entre 1º e 20 de
junho o OP Pro Boat Challenge, com os doze melhores do
mundo (seis homens e seis
mulheres), em Sumatra. Terá
o maior prêmio individual da
história: US$ 65 mil para o
vencedor entre os homens e
US$ 37 mil para a campeã.
Big Trip
Sobre a coluna anterior, duas
observações de leitores. Faltou o nome do autor da imagem vencedora, Curt Myers.
E Taiu, um dos juízes que votou em Carlos Burle, segundo
colocado, sugere a inclusão
de mais big riders para julgar.
Skate
Rodil de Araújo, o Ferrugem,
venceu a primeira etapa do
Circuito Brasileiro da categoria street. Ele derrotou o atual
campeão, Daniel Vieira, e ganhou R$ 2,5 mil. A premiação
total foi de R$ 8 mil.
carlossarli@revistatrip.com.br
www.uol.com.br/folha/pensata
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