São Paulo, sexta-feira, 18 de maio de 2001

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BOXE

É muito complicado

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Popó vem tendo alguns problemas mentais." "Estou muito desapontado por ele não poder mais -ou não querer- se enquadrar no limite dos superpenas [59,02 kg"."
Não, não se tratam de críticas da parte de desafetos de Popó, mas palavras de seu agente internacional, o mexicano Ricardo Maldonado, em entrevistas a portais de internet dos EUA nesta e na semana passada.
Um desses textos sobre Acelino Freitas afirma que ele é uma "pílula amarga" para o empresário engolir, comparando Popó a outro lutador de Maldonado, Marco Antonio Barrera, "um bom garoto para se lidar".
É estranho e causa perplexidade acompanhar um membro da própria equipe do campeão dos superpenas da Organização Mundial de Boxe dar declarações que possam, de longe, questionar sua capacidade mental e sua responsabilidade, quando os empresários geralmente tentam pintar seus lutadores com as melhores cores.
Mas, nos últimos tempos, a saga do brasileiro tem sido uma das mais incomuns. E o que estava limitado ao Brasil até o cancelamento de sua apresentação contra o húngaro Laszlo Bognar no último dia 5, no Mississippi, começa a ter suas consequências sentidas nos EUA, principal centro do boxe.
Informações divulgadas à imprensa são as mais desencontradas possíveis. Aspas atribuídas a Maldonado nesta e na semana passada davam conta de que a luta entre Popó e o cubano Joel Casamayor, campeão dos superpenas pela Associação Mundial de Boxe, estaria cancelada.
O norte-americano Arthur Pelullo e o britânico Frank Warren, promotores do brasileiro, discordaram ao confirmar que o combate está de pé a Jay Larkin, vice-presidente de esportes da rede norte-americana de TV Showtime, que vem transmitindo as lutas de Popó e Casamayor. A nova informação foi repassada aos sites norte-americanos, só para ser novamente negada por Maldonado.
Mesmo com as palavras de Pelullo e Warren confirmando o combate, Larkin provavelmente percebeu que algo estranho acontece e procurou pressionar ambos ao declarar esta semana que "a luta vai acontecer de todo o jeito, mesmo que os cinturões não estejam em jogo".
Quando questionado sobre as informações de Maldonado, a assessoria de Popó respondeu à imprensa que a razão de Maldonado afirmar que o brasileiro não vai lutar poderia ter sido causada por ""dor-de-cotovelo".
Obviamente, não é necessário ser um gênio para deduzir que há algo errado nessa história.
Os efeitos de tal confusão, embora tímidos, já podem ser sentidos. O norte-americano Herb Lambeck, um dos maiores especialistas em bolsas de apostas do mundo, baseado em Las Vegas, vê Casamayor como o favorito na proporção de 2 por 1 para o combate contra Popó no dia 14 de julho (se a luta for disputada no limite dos superpenas).
Se é que já não sabe disso, Popó logo descobrirá que o amadorismo é diferente do profissionalismo. O primeiro, você pratica por prazer. O segundo é um negócio, como sabe bem o norte-americano Marvin Johnson, ex-campeão dos meio-pesados.
"Quando me tornei profissional, perdi o prazer, passei a competir pelo dinheiro. Meu objetivo passou a ser a busca de bolsas para dar conforto à minha família", refletiu Johnson.

Amador 1
Terminou na terça a edição deste ano do torneio de boxe amador Luvas de Ouro. Os vencedores: Edilson Lima (mosca-ligeiro), Edilson Santos (mosca), Antonio Cruz Jesus (galo), Daniel Santos (pena), Weber Mendonça (leve), Roberto Oliveira (meio-médio-ligeiro), José Archak (meio-médio), Erivan Conceição (médio-ligeiro), Jorge Melo (médio), Washington Silva (meio-pesado), Marcelino Novaes (pesado) e Fábio Maldonado (superpesado). A academia campeã foi a AD São Caetano.

Amador 2
O título foi a despedida de Novaes do amadorismo. Ele ganhou notoriedade após bater o lutador de vale-tudo Vitor Belfort.

Profissional
Na próxima semana, Floyd Mayweather põe o cinturão dos superpenas do CMB em jogo contra Carlos Hernandes.

E-mail: eohata@folhasp.com.br


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