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BOXE
É muito complicado
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
"Popó vem tendo alguns
problemas mentais."
"Estou muito desapontado por
ele não poder mais -ou não
querer- se enquadrar no limite
dos superpenas [59,02 kg"."
Não, não se tratam de críticas
da parte de desafetos de Popó,
mas palavras de seu agente internacional, o mexicano Ricardo Maldonado, em entrevistas a portais de internet dos EUA nesta e na semana passada.
Um desses textos sobre Acelino Freitas afirma que ele é uma
"pílula amarga" para o empresário engolir, comparando Popó
a outro lutador de Maldonado,
Marco Antonio Barrera, "um
bom garoto para se lidar".
É estranho e causa perplexidade acompanhar um membro da
própria equipe do campeão dos
superpenas da Organização
Mundial de Boxe dar declarações que possam, de longe, questionar sua capacidade mental e sua responsabilidade, quando
os empresários geralmente tentam pintar seus lutadores com
as melhores cores.
Mas, nos últimos tempos, a saga do brasileiro tem sido uma
das mais incomuns. E o que estava limitado ao Brasil até o
cancelamento de sua apresentação contra o húngaro Laszlo
Bognar no último dia 5, no Mississippi, começa a ter suas consequências sentidas nos EUA, principal centro do boxe.
Informações divulgadas à imprensa são as mais desencontradas possíveis. Aspas atribuídas a Maldonado nesta e na semana
passada davam conta de que a
luta entre Popó e o cubano Joel
Casamayor, campeão dos superpenas pela Associação Mundial de Boxe, estaria cancelada.
O norte-americano Arthur Pelullo e o britânico Frank Warren, promotores do brasileiro, discordaram ao confirmar que o
combate está de pé a Jay Larkin,
vice-presidente de esportes da
rede norte-americana de TV
Showtime, que vem transmitindo as lutas de Popó e Casamayor. A nova informação foi repassada aos sites norte-americanos, só para ser novamente
negada por Maldonado.
Mesmo com as palavras de Pelullo e Warren confirmando o
combate, Larkin provavelmente
percebeu que algo estranho
acontece e procurou pressionar
ambos ao declarar esta semana
que "a luta vai acontecer de todo o jeito, mesmo que os cinturões não estejam em jogo".
Quando questionado sobre as
informações de Maldonado, a
assessoria de Popó respondeu à
imprensa que a razão de Maldonado afirmar que o brasileiro
não vai lutar poderia ter sido
causada por ""dor-de-cotovelo".
Obviamente, não é necessário
ser um gênio para deduzir que
há algo errado nessa história.
Os efeitos de tal confusão, embora tímidos, já podem ser sentidos. O norte-americano Herb
Lambeck, um dos maiores especialistas em bolsas de apostas do
mundo, baseado em Las Vegas,
vê Casamayor como o favorito
na proporção de 2 por 1 para o
combate contra Popó no dia 14
de julho (se a luta for disputada
no limite dos superpenas).
Se é que já não sabe disso, Popó logo descobrirá que o amadorismo é diferente do profissionalismo. O primeiro, você pratica por prazer. O segundo é um
negócio, como sabe bem o norte-americano Marvin Johnson, ex-campeão dos meio-pesados.
"Quando me tornei profissional, perdi o prazer, passei a
competir pelo dinheiro. Meu objetivo passou a ser a busca de
bolsas para dar conforto à minha família", refletiu Johnson.
Amador 1
Terminou na terça a edição deste ano do torneio de boxe amador Luvas de Ouro. Os vencedores: Edilson Lima (mosca-ligeiro), Edilson Santos (mosca), Antonio Cruz Jesus (galo), Daniel
Santos (pena), Weber Mendonça (leve), Roberto Oliveira
(meio-médio-ligeiro), José Archak (meio-médio), Erivan Conceição (médio-ligeiro), Jorge Melo (médio), Washington Silva
(meio-pesado), Marcelino Novaes (pesado) e Fábio Maldonado
(superpesado). A academia campeã foi a AD São Caetano.
Amador 2
O título foi a despedida de Novaes do amadorismo. Ele ganhou
notoriedade após bater o lutador de vale-tudo Vitor Belfort.
Profissional
Na próxima semana, Floyd Mayweather põe o cinturão dos superpenas do CMB em jogo contra Carlos Hernandes.
E-mail: eohata@folhasp.com.br
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