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Sul-africanos já orquestram crítica ao rigor da Fifa
Dirigentes da próxima Copa dizem que entidade seria mais
paciente se falhas ocorressem em país de Primeiro Mundo
"Todo mundo pede mais dinheiro durante as obras, mas nós não podemos pedir um desconto para a Fifa", afirma presidente do comitê
DO ENVIADO À ÁFRICA DO SUL
Acuados, os sul-africanos já
começam a mostrar os dentes
para a Fifa. Os responsáveis pelos estádios avaliam que a entidade seria bem menos rigorosa
se os mesmos problemas, como
os atrasos nas obras, ocorressem com uma sede européia.
"A Fifa põe pressão demais
quando não se trata de um país
do Primeiro Mundo. Por isso
existem essas histórias de que
nós vamos perder a Copa do
Mundo, de que não cumpriremos os prazos... Mas nada disso
irá ocorrer", afirmou Errol
Heynes, diretor-executivo do
estádio de Port Elizabeth.
Menos direto, Danny Jordaan, presidente do comitê organizador, também refere-se à
Fifa quando comenta o estouro
no orçamento da Copa.
"Todo mundo pede mais dinheiro durante as obras, mas
nós não podemos pedir desconto para a Fifa", afirmou o dirigente, para justificar o estouro
no orçamento do evento.
July-May Ellingson, que
coordena o projeto da arena de
Durban, critica até os gramados
da Copa da Alemanha, sugerindo uma certa complacência da
federação com os últimos anfitriões. Assegura que, em sua
arena, a grama será perfeita.
E cita de novo os anfitriões
do último Mundial para explicar a campanha que Durban fará para incentivar os torcedores a caminharem até seu estádio -o transporte público é
ineficiente na maioria das sedes da próxima Copa.
"Existem bons hotéis por
perto. No Mundial da Alemanha, as pessoas andavam até
três quilômetros para chegar
aos estádios, mas ninguém vai
reclamar da Alemanha", diz.
Após a Copa, Ellingson terá
outro problema em mãos. O tamanho do estádio, que será
usado só até as quartas-de-final, é tão acima das necessidades da cidade que precisará ser
encolhido depois do torneio.
A capacidade passará de 70
mil pessoas para 54 mil.
Ela também aproveita para
cutucar a Fifa ao explicar o porquê da construção da nova arena, no mesmo complexo que
abriga um estádio de rúgbi. "A
inclinação do estádio já existente é fora dos padrões da Fifa,
por isso tivemos que construir
um novo", afirmou.
Segundo ela, o custo inicial
era equivalente a R$ 600 milhões. A obra agora está orçada
em cerca de R$ 870 milhões.
"Isso aconteceu porque,
quando você ganha o direito de
fazer a Copa do Mundo, todos
os preços sobem", disse Ellingson. Como ocorreu no Pan do
Rio, os maiores gastos de Durban com o Mundial serão cobertos pelo governo federal.
Na Cidade do Cabo, a construção do estádio, com capacidade para 48 mil lugares, vai
custar cerca de R$ 1,3 bilhão
aos cofres públicos. E mais R$
2,3 bilhões em infra-estrutura.
A maior parte da verba sairá do
governo nacional. A arena será
aproveitada até as semifinais.
O sentimento de que a África
do Sul é desrespeitada estende-se também aos torcedores.
"Estamos treinando os policiais para lidar com o público
durante a Copa. Só que os torcedores também têm que respeitar os policiais sul-africanos
da mesma forma como respeitam os alemães", completou
Ellingson.
(RICARDO PERRONE)
O jornalista RICARDO PERRONE viajou a convite do South African Tourism e da South African
Airways
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