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Ser ou não ser o Palmeiras, eis a questão
JUCA KFOURI
Colunista da Folha
Não, aqui não se tratará do
sagrado direito que todos têm
de torcer para quem quiser.
Comecemos pelo menor.
Aparentemente, o caminho
da Lusa e do União Barbarense
é menos árduo para chegar às
semifinais do Paulistão.
A Lusa, descansada, tem o
Rio Branco, no Canindé, e o
Palmeiras pela frente.
O Palmeiras, esfalfado ou
com o time reserva, tem a Matonense, em Matão, e a Lusa,
além de estar um ponto atrás.
Já o time de Santa Bárbara,
apesar de estar com dois pontos
de desvantagem, tem o Mogi
Mirim, em casa, e a Portuguesa
Santista, em Santos -enquanto o Corinthians tem o Santos,
na capital, e o Mogi, em Mogi
Mirim.
Verdade que o Corinthians
está em franca ascensão, ao
contrário, aliás, do Santos. E
que só lhe resta o consolo de
tentar ser o "campeão paulista
do século", meta que atingirá
se ganhar o estadual pela 23ª
vez nesta temporada.
Não é menos verdade, no entanto, que semelhante façanha
apenas enfatizará ainda mais
aquilo que o estigmatiza: o Corinthians é um clube provinciano, o mais provinciano de São
Paulo se o Palmeiras vier a vencer a Libertadores.
E que importância tem isso?
Rigorosamente, nenhuma.
Porque se alguém ainda quer
provas da falência dos estaduais, pegue o jornal de ontem.
Quase toda a primeira página
do caderno Esporte desta Folha é dedicada à vitória de Guga no Torneio de Roma.
O título da coluna de José Geraldo Couto diz respeito ao crime que querem praticar na sagrada camisa da "Azurra", embora abra falando do empate
entre Lusa e São Paulo.
A página três é integralmente
dedicada ao basquete, e só na
página seguinte o Paulistão entra em cena para valer.
Paulistão que foi desdenhado
no "Cartão Verde" pelo são-paulino Edmílson, que se referiu à Copa do Brasil como
"muito mais importante".
Enfim, exceção feita aos palmeirenses, todos imitam FHC:
quem não tem cão caça com
gato, ou seja, já que não tem tu,
vai tu mesmo.
Enquanto isso, na Europa, a
insossa fórmula dos pontos corridos levou o Manchester United a ser campeão inglês na última rodada, um ponto na
frente do Arsenal. E levou o Milan a passar um ponto adiante
da Lazio, a uma dramática rodada do fim.
Mais: na Espanha, apesar dos
dez pontos de vantagem do
Barcelona, os estádios permanecem repletos, porque as colocações seguintes valem lugares
na taças continentais. Perdão,
leitor. Falemos do que importa.
E nada importa tanto como o
jogo do Palmeiras amanhã em
Buenos Aires. Só resta saber
que Palmeiras teremos.
O Palmeiras com pinta de
campeão, que mal ou bem
(mais mal do que bem) tem alcançado todos os resultados
que busca?
Ou o Palmeiras à altura de
seu elenco, capaz de explorar a
sede de gols do River Plate para
sair finalista do Monumental
de Núñez? - um estádio que
lembra o Morumbi em tudo,
até no time que hospeda, que
carrega o rótulo de elite a
exemplo do São Paulo.
Eis a questão que o estressado
Scolari, qual um Shakespeare
dos pampas, tem que resolver.
Juca Kfouri escreve às terças, sextas e domingos
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