São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 2006

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Palmeiras enfrenta sua aptidão para gerar crises

Fernando Santos/Folha Imagem
Enilton, que ainda se recupera de contusão e não atua hoje na partida antecipada contra o Vasco


Preparação para o confronto com o Vasco, hoje, teve censura interna e conflito

Clube se especializa em tumultuar o ambiente, seja com declarações polêmicas de jogadores ou decisões questionáveis da diretoria

PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Vitórias ou grandes recuperações costumam ser ótimos remédios contra crises nas equipes de futebol. Mas no Palmeiras o que tem prevalecido é exatamente o inverso: bons resultados ofuscados por declarações ou decisões que tornam o ambiente pouco amistoso.
Foi isso o que aconteceu nestes dois dias de preparação do time para a partida contra o Vasco, hoje, em São Januário.
Depois de uma recuperação heróica no domingo, ao sair de um 2 a 0 desfavorável para um empate com o Atlético-PR nos últimos minutos, o Palmeiras viveu um clima com ares de crise, como se tivesse sofrido uma goleada ou voltado para a zona do rebaixamento do Nacional.
Mas a origem do ambiente pesado não é o que acontece dentro de campo. Desta vez, a polêmica decisão do clube de proibir seus jogadores de comentar a respeito de atrasos de salários e sobre as próximas eleições presidenciais fomentou uma minicrise. A tensão ficou ainda maior com a atitude do assessor de imprensa do Palmeiras, José Isaías, que anteontem tentou limitar o tema das perguntas a serem feitas pelos jornalistas.
Mas esta não é a primeira vez que jogos do Palmeiras são precedidos de tensão maior do que a que o resultado da rodada anterior poderia sugerir.
Pelo menos em outros três momentos da equipe ao longo da competição o clima foi "esquentado" por polêmicas nascidas dentro do grupo.
Uma delas, ainda nos tempos em que Tite era o treinador. Logo depois da vitória de virada sobre o São Caetano (3 a 1), Edmundo deixou o gramado do Parque Antarctica dizendo que só não havia feito mais um gol porque "a inveja não deixava". Estava se referindo ao meia Juninho, com quem discutira durante a partida por não ter recebido um passe.
A afirmação de Edmundo e os fatos resultantes dela tomaram conta da semana seguinte nas entrevistas após os treinos e ofuscaram o resultado diante do time do ABC.
O atacante, aliás, foi pivô de uma nova afirmação que mais uma vez colocou fogo no ambiente palmeirense e deixou um triunfo em segundo plano. Após vencer o Flamengo, Edmundo disse que o técnico Marcelo Vilar era "bonzinho" e que isso fazia com que os jogadores mais experientes tivessem que ajudá-lo a manter a disciplina no elenco.
Até a demissão de Tite, o momento mais turbulento do clube após a Copa do Mundo -quando o time passou a jogar melhor do que no começo do Brasileiro-, aconteceu mais por causa de uma polêmica extracampo do que pelo último resultado do técnico no Palmeiras, uma derrota fora de casa para o Santa Cruz (3 a 2).
Logo depois daquele jogo, o diretor de futebol palmeirense, Salvador Hugo Palaia, aconselhou o técnico a "calar a boca" e parar de reclamar de arbitragens. Tite caiu, e as conseqüências da declaração só não foram maiores porque na partida seguinte veio uma vitória diante do líder São Paulo -comemorada aos prantos por Palaia.
Para Marcelo Vilar, polêmicas como essas podem atrapalhar o rendimento do time dentro de campo. "Nesse momento não podemos nos apegar a outros problemas. Já temos muitos outros problemas. Polêmica não nos interessa."


NA TV - Vasco x Palmeiras,
Globo e Record, ao vivo, às 22h



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