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Kaká usa Bíblia para dizer que foi além de seu sonho
Melhor do mundo, que agora quer atuar na Olimpíada, diz que desejo de garoto era jogar pelo São Paulo e pela seleção
Discurso de agradecimento do meia-atacante do Milan tem pouca surpresa, assim como a vitória esmagadora sobre os seus concorrentes
DO ENVIADO A ZURIQUE
O discurso de agradecimento
de Kaká foi como sua consagração como o melhor jogador do
mundo deste ano: completamente previsível.
Ao subir ao palco da Ópera de
Zurique, o jogador do Milan
agradeceu a Deus e manteve a
modéstia, dando crédito a seus
companheiros de time e de seleção brasileira, exatamente
como fizera na noite de domingo, ao conquistar o título do
Mundial de Clubes no Japão
com uma atuação de destaque.
Horas antes da cerimônia, na
entrevista coletiva organizada
pela Fifa, Kaká já resistira às
perguntas sobre o segredo para
deixar os concorrentes para
trás em todas as votações importantes do ano.
""Esses prêmios só reforçam a
importância de jogar num grupo forte e vencedor", disse Kaká, fazendo questão de falar em
português o versículo bíblico
que diria em inglês pouco depois, no palco da Ópera de Zurique. ""Deus tem muito mais do
que pedimos ou pensamos."
Cercado de jornalistas do
mundo inteiro depois da cerimônia, Kaká admitia que vivera
as 48 horas mais intensas de
sua vida, da conquista no Japão
à consagração em Zurique.
""Foi um ano maravilhoso,
tanto profissionalmente como
pessoalmente, pois soube que
serei pai", disse Kaká, que listou suas metas para 2008.
""No ano que vem, terei novos
desafios pelo Milan, pela seleção brasileira, com a qual disputarei as eliminatórias da Copa e, espero, também na luta
pelo título olímpico inédito",
disse Kaká. Apesar de estar acima da idade olímpica, o melhor
do mundo disse que espera
uma vaga na equipe brasileira
em Pequim -o regulamento
permite três ""veteranos".
Embora relutante em apontar as virtudes que o levaram a
conquistar os prêmios individuais mais importantes do ano
e com votações recordes, Kaká
arriscou um palpite. ""Acho que
ajudou o fato de eu ter sido o artilheiro da Copa dos Campeões", disse o meia, que descartou uma transferência para
a Espanha. ""O futebol espanhol
é muito atraente, mas estou
completamente adaptado ao
italiano e não penso em sair",
disse o jogador, que renovou
contrato com o Milan até 2013.
A votação de Kaká na premiação da Fifa, em que recebeu
1.047 pontos, mais que o dobro
da pontuação concedida ao argentino Messi, o segundo colocado, mostrou sua esmagadora
superioridade em relação aos
concorrentes na temporada.
Algo que já tinha sido demonstrado pelo título que ganhou há poucos dias da prestigiada revista britânica ""World
Soccer", na qual recebeu 52,8%
dos votos de leitores de 48 países. Desde 1984, quando o francês Michel Platini foi premiado, um atleta não ganhava mais
de metade da preferência. Kaká
também faturou a Bola de Ouro
da revista "France Football".
""Estou muito emocionado",
disse Kaká, sem alterar o tom
de voz em nenhum momento.
Pouco antes, ao lado de Pelé e
do presidente da Fifa, Joseph
Blatter, dos quais recebeu o cobiçado troféu, disse que realizava um sonho que jamais teve.
""Quando era criança, meu
sonho era jogar profissionalmente pelo São Paulo e uma
vez pela seleção", disse em inglês, antes de repetir o versículo bíblico.
(MARCELO NINIO)
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