São Paulo, domingo, 19 de junho de 2005

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FUTEBOL

Cartola sueco diz que atletas suadas deveriam ser usadas em peças publicitárias e vira alvo de protestos em seu país

Uefa defende visual mais feminino, e jogadoras criticam

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma declaração do presidente da Uefa, Lennart Johansson, provocou o protesto das atletas de seu país e reacendeu a discussão: o esporte feminino precisa ser sexy?
O sueco, de 75 anos, afirmou à rádio BBC que não haveria nada de errado se os uniformes fossem "legais". A sugestão tinha um certo fundo mercadológico, mas nem por isso foi menos machista.
"Acho que os uniformes deveriam se voltar aos patrocinadores que fazem artigos para moças. Muitas empresas poderiam aproveitar a imagem de uma garota jogando, suada, debaixo de chuva e voltando linda ao vestiário."
"Esse tipo de coisa me irrita", disse Frida Ostberg, da seleção sueca. "Num mundo superficial, o que aparece é o que vende, mas nós devíamos nos interessar pelo que fazemos no campo."
"Não estamos aqui para aparecer bem, mas para jogar futebol", disse a compatriota Kristin Bengtsson. "O drama contra a Noruega deveria ser diversão suficiente", disse, referindo-se à semifinal da última quinta, em que a Suécia perdeu para a Noruega por 3 a 2 na prorrogação, pela Eurocopa da categoria, na Inglaterra.
Na Suécia, país de tradição na igualdade entre sexos, as críticas não ficaram só dentro de campo.
A jornalista Jennifer Wegerup, que escreveu um livro sobre futebol feminino, disse que não ouviu os comentários de Johannson. "Se ele disse, é deplorável. Isso é futebol, não um concurso de beleza."
A declaração causou surpresa. "Não parece o Lennart Johansson que conhecemos", disse Kirstin. Surpreendeu porque Johansson havia se manifestado contra a "apimentada" no futebol antes.
Quando o presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse em janeiro que as jogadoras deveriam usar calções mais curtos e justos, o sueco retrucou que "há pessoas que só ficam felizes se a mídia publicar algo sobre elas diariamente".
Se os uniformes não devem mudar, os defensores da idéia podem pelo menos torcer para que manifestações espontâneas como a da última quinta-feira se repitam.
Ao marcar o gol que classificou a Noruega para a final de hoje contra a Alemanha, a loira Solveig Gulbrandsen comemorou cobrindo a cabeça com a camisa, mostrando o top preto que usava. Em vez de elogios, levou amarelo.


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