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FUTEBOL
Cartola sueco diz que atletas suadas deveriam ser usadas em peças publicitárias e vira alvo de protestos em seu país
Uefa defende visual mais feminino, e jogadoras criticam
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma declaração do presidente
da Uefa, Lennart Johansson, provocou o protesto das atletas de seu
país e reacendeu a discussão: o esporte feminino precisa ser sexy?
O sueco, de 75 anos, afirmou à
rádio BBC que não haveria nada
de errado se os uniformes fossem
"legais". A sugestão tinha um certo fundo mercadológico, mas
nem por isso foi menos machista.
"Acho que os uniformes deveriam se voltar aos patrocinadores
que fazem artigos para moças.
Muitas empresas poderiam aproveitar a imagem de uma garota jogando, suada, debaixo de chuva e
voltando linda ao vestiário."
"Esse tipo de coisa me irrita",
disse Frida Ostberg, da seleção
sueca. "Num mundo superficial,
o que aparece é o que vende, mas
nós devíamos nos interessar pelo
que fazemos no campo."
"Não estamos aqui para aparecer bem, mas para jogar futebol",
disse a compatriota Kristin
Bengtsson. "O drama contra a
Noruega deveria ser diversão suficiente", disse, referindo-se à semifinal da última quinta, em que a
Suécia perdeu para a Noruega por
3 a 2 na prorrogação, pela Eurocopa da categoria, na Inglaterra.
Na Suécia, país de tradição na
igualdade entre sexos, as críticas
não ficaram só dentro de campo.
A jornalista Jennifer Wegerup,
que escreveu um livro sobre futebol feminino, disse que não ouviu
os comentários de Johannson. "Se
ele disse, é deplorável. Isso é futebol, não um concurso de beleza."
A declaração causou surpresa.
"Não parece o Lennart Johansson
que conhecemos", disse Kirstin.
Surpreendeu porque Johansson
havia se manifestado contra a
"apimentada" no futebol antes.
Quando o presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse em janeiro que
as jogadoras deveriam usar calções mais curtos e justos, o sueco
retrucou que "há pessoas que só
ficam felizes se a mídia publicar
algo sobre elas diariamente".
Se os uniformes não devem mudar, os defensores da idéia podem
pelo menos torcer para que manifestações espontâneas como a da
última quinta-feira se repitam.
Ao marcar o gol que classificou
a Noruega para a final de hoje
contra a Alemanha, a loira Solveig
Gulbrandsen comemorou cobrindo a cabeça com a camisa,
mostrando o top preto que usava.
Em vez de elogios, levou amarelo.
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