MARCELO DAMATO
da Reportagem Local

Só teve um condenado a investigação interna da Lusa da tentativa de suborno praticada por dirigentes do clube no Paulista-1998.
Na última rodada da primeira fase, a Lusa empatou com a Portuguesa Santista em 4 a 4 e avançou no Paulista. A Lusa, segundo um dirigente, planejou o suborno do goleiro Nasser, mas no meio do caminho os R$ 130 mil do clube supostamente destinados a isso desapareceram.
Na última sexta-feira, o Conselho Deliberativo aprovou o relatório da comissão de ética que investigou o caso por quatro meses.
A comissão, presidida pelo historiador do clube, Eduardo Rosmaninho, pediu punição apenas para o ex-diretor Camões Salazar.
Por ele ter supostamente emprestado dinheiro do empresário do futebol Toninho Silva, outro envolvido no caso, Salazar foi expulso do Conselho, proibido de se candidatar nos próximos seis anos e retirado da lista de espera a conselheiro vitalício.
A decisão desconsidera documentos e fatos apurados pela Folha e pela Polícia Civil.
O mais importante é a confissão do vice de futebol da Lusa, Ilídio Lico, de que tramou a tentativa de suborno -que não se concretizou porque Salazar e Silva teriam desviado o dinheiro.
Foi ignorado ainda um recibo que mostra que Silva deu R$ 25 mil a Lico. Por causa das evidências, a Justiça está processando Lico, Casado, Salazar e Silva.
A decisão na Lusa só foi possível devido a uma reviravolta na situação política do clube. A maioria da oposição, inclusive a ala mais barulhenta, montou uma chapa comum com a situação para as próximas eleições do Conselho.
A Folha procurou Casado, Lico, Rosmaninho e o presidente do Conselho Deliberativo, Carlos Alberto Lima, que não foi achado.
Casado disse que o clube vai processar Salazar para recuperar os R$ 130 mil, que estariam com ele. "A Lusa não será prejudicada. Vamos recuperar esse dinheiro", disse, anunciando também um processo para expulsá-lo da Lusa.
O dirigente acrescentou que Toninho Silva será banido do clube. "Enquanto eu for presidente, ele não participará de nada aqui. Não há ambiente para isso."
Para Rosmaninho, "o caso está encerrado". Ao ser questionado por que não levou em consideração a confissão de Lico, ele falou palavrões e desligou o telefone.
Lico foi o mais lacônico. "Não quero falar nisso. Vamos respeitar a decisão."