São Paulo, Sexta-feira, 19 de Novembro de 1999
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Feito de 1969 teve repercussão internacional, apesar de contabilidade contestada

Milésimo gol de Pelé faz 30 anos

da Reportagem Local

Exatamente às 23h23 de hoje se completam os 30 anos do atribuído milésimo gol de Pelé, em um evento que acabou rivalizando em fama com os três títulos mundiais na carreira do maior futebolista da história.
Ele se aposentaria dos gramados com 1.279 gols feitos.
Mas a repercussão em torno daquele marcado sobre o Vasco a 19 de novembro de 1969 foi tamanha que virou a notícia daquele ano junto com a chegada do homem à Lua.
O gol saiu em um pênalti sofrido pelo próprio Pelé quando o jogo entre Vasco e Santos estava empatado em 1 a 1. O primeiro gol santista fora marcado contra, por Renê, para evitar que Pelé, logo atrás, o fizesse.
Corria o 34º minuto quando o número 10 andou em direção à bola, bateu com o pé direito, mandando-a no canto esquerdo do goleiro argentino Andrada, que pulou bem.
Enquanto Andrada dava murros no chão, Pelé correu para dentro do gol, beijou a bola, ergueu-a como um troféu e, depois, ele mesmo era levantado pela multidão no campo.
Aos microfones, disparou um discurso que ficou célebre: "Neste momento em que toda a Terra está com a atenção voltada para mim, eu peço que todas as pessoas do mundo, principalmente do Brasil, tenham o maior carinho com os pobres, principalmente as crianças. Pensem no Natal dos pobres, pensem nas criancinhas."
O evento "milésimo gol" foi preparado com antecipação. Um mês antes do feito, a CBD -a atual Confederação Brasileira de Futebol- oficializou a estatística do Santos, feita pelo jornalista Adriano Neiva da Mota e Silva, conhecido como De Vaney. Foi ignorada a contabilidade feita por outro jornalista, Thomaz Mazzoni, que tinha dois gols a menos.
A Folha, em reportagem publicada em 1995, provou a existência de um "gol esquecido" nas contas feitas por De Vaney.
Certo ou errado, o milésimo gol no Maracanã ficou para a história. A festa teve início antes mesmo do jogo começar.
O selo comemorativo do correio já estava pronto com 15 dias de antecedência. No dia da partida, Pelé hasteou a bandeira, ganhou um tamborim de prata como presente e foi homenageado por gandulas e pela banda de fuzileiro navais, que gritavam "Salve Pelé".
Após o jogo, os festejos se multiplicaram. Pelé foi recebido em Brasília pelo então presidente Garrastazu Médici, que lhe conferiu a medalha do mérito nacional, transformando o jogador em comendador.
Na capital federal, desfilou em carro aberto. No jogo seguinte, no Mineirão, Pelé recebeu uma coroa de ouro datada da época do império.
Bustos, troféus, placas, selos, monumentos foram criados para a ocasião. Para Pelé, porém, o objeto que simbolizou o feito foi a bola. Ele ficou com ela, guardando-a em cofre.
Em 1981, foi veiculada a notícia que tinham roubado a bola do Museu do Esportes, instalado no Maracanã. Depois, se desmentiu o fato -na verdade, outra fora furtada.
O primeiro gol oficial de Pelé fora marcado 13 anos antes, em 1956, contra o Corinthians de Santo André.



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