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Feito de 1969 teve repercussão internacional, apesar de contabilidade contestada
Milésimo gol de Pelé faz 30 anos
da Reportagem Local
Exatamente às 23h23 de hoje
se completam os 30 anos do
atribuído milésimo gol de Pelé,
em um evento que acabou rivalizando em fama com os três títulos mundiais na carreira do
maior futebolista da história.
Ele se aposentaria dos gramados com 1.279 gols feitos.
Mas a repercussão em torno
daquele marcado sobre o Vasco a 19 de novembro de 1969 foi
tamanha que virou a notícia
daquele ano junto com a chegada do homem à Lua.
O gol saiu em um pênalti sofrido pelo próprio Pelé quando
o jogo entre Vasco e Santos estava empatado em 1 a 1. O primeiro gol santista fora marcado contra, por Renê, para evitar
que Pelé, logo atrás, o fizesse.
Corria o 34º minuto quando
o número 10 andou em direção
à bola, bateu com o pé direito,
mandando-a no canto esquerdo do goleiro argentino Andrada, que pulou bem.
Enquanto Andrada dava
murros no chão, Pelé correu
para dentro do gol, beijou a bola, ergueu-a como um troféu e,
depois, ele mesmo era levantado pela multidão no campo.
Aos microfones, disparou
um discurso que ficou célebre:
"Neste momento em que toda
a Terra está com a atenção voltada para mim, eu peço que todas as pessoas do mundo, principalmente do Brasil, tenham o
maior carinho com os pobres,
principalmente as crianças.
Pensem no Natal dos pobres,
pensem nas criancinhas."
O evento "milésimo gol" foi
preparado com antecipação.
Um mês antes do feito, a CBD
-a atual Confederação Brasileira de Futebol- oficializou a
estatística do Santos, feita pelo
jornalista Adriano Neiva da
Mota e Silva, conhecido como
De Vaney. Foi ignorada a contabilidade feita por outro jornalista, Thomaz Mazzoni, que
tinha dois gols a menos.
A Folha, em reportagem publicada em 1995, provou a existência de um "gol esquecido"
nas contas feitas por De Vaney.
Certo ou errado, o milésimo
gol no Maracanã ficou para a
história. A festa teve início antes mesmo do jogo começar.
O selo comemorativo do correio já estava pronto com 15
dias de antecedência. No dia da
partida, Pelé hasteou a bandeira, ganhou um tamborim de
prata como presente e foi homenageado por gandulas e pela
banda de fuzileiro navais, que
gritavam "Salve Pelé".
Após o jogo, os festejos se
multiplicaram. Pelé foi recebido em Brasília pelo então presidente Garrastazu Médici, que
lhe conferiu a medalha do mérito nacional, transformando o
jogador em comendador.
Na capital federal, desfilou
em carro aberto. No jogo seguinte, no Mineirão, Pelé recebeu uma coroa de ouro datada
da época do império.
Bustos, troféus, placas, selos,
monumentos foram criados
para a ocasião. Para Pelé, porém, o objeto que simbolizou o
feito foi a bola. Ele ficou com
ela, guardando-a em cofre.
Em 1981, foi veiculada a notícia que tinham roubado a bola
do Museu do Esportes, instalado no Maracanã. Depois, se
desmentiu o fato -na verdade, outra fora furtada.
O primeiro gol oficial de Pelé
fora marcado 13 anos antes, em
1956, contra o Corinthians de
Santo André.
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