São Paulo, domingo, 19 de novembro de 2000

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POLÍTICA
Titular do órgão criado para substituir o Indesp afirma que vai permanecer no cargo somente até o fim do ano
Reestruturação do esporte começa com dirigente provisório

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

O gaúcho José Otávio Germano, 38, titular da recém-criada Secretaria Nacional dos Esportes, órgão do governo que substituiu o Indesp (Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto), extinto no último dia 27, permanece no cargo somente até colocá-la em funcionamento ou, no máximo, até o final deste ano.
""Essa decisão depende do ministro (do Esporte e Turismo) Carlos Melles, que decidirá quem será meu substituto", diz Germano, casado e pai de duas filhas.
Ex-jogador juvenil de vôlei e futsal, Germano, que acumula a secretaria executiva do Ministério do Esporte e Turismo nesse período, prepara dispositivos que permitirão relação mais dinâmica entre governo, atletas, técnicos e dirigentes nas tomadas de decisões no esporte.

Folha - O último presidente do Indesp, Augusto Viveiros, reclamou que não houve um período de transição entre a extinção do órgão e a criação da secretaria. Segundo uma fonte no Comitê Olímpico Brasileiro, dias antes do fim do Indesp, Viveiros fazia planos para o futuro. Por que foi tudo tão rápido?
José Otávio Germano
- Não foi assim. Desde que o ministro Carlos Melles assumiu, ele vinha dizendo que o Indesp precisava ser reformulado, se houvesse a possibilidade de mantê-lo. A criação da secretaria oferece uma situação nova, desvinculada de tudo aquilo que o Indesp por algum tempo sinalizou para o país, especialmente nas questões dos bingos.

Folha - E como ficaram os compromissos já assumidos pelo Indesp?
Germano
- Tranquilizei os presidentes de confederações com relação às competições em curso e aquelas que estão prestes a acontecer. A extinção do órgão não afeta o calendário de 2000.

Folha - Quais serão as diferenças entre o Indesp e a secretaria?
Germano -
A secretaria será bem mais enxuta do que o Indesp, mais ágil e objetiva. Vamos implementar mecanismos que possibilitem às confederações e ao poder público estarem mais próximos (leia texto ao lado), não queremos que entrem em contato conosco só para pedir verba para essa ou aquela competição. Os resultados de Sydney mostraram que o Brasil precisa de uma política a longo prazo, para Atenas 2004, 2008 e talvez até 2012. Temos também de auxiliar confederações que têm menos dinheiro e que podem gerar medalhas. Na Câmara Setorial dos Esportes, o atleta, que não costuma ter contato com o poder público por estar nos ginásios, vai ter voz para dizer o que está acontecendo.

Folha - Como será a divisão de verba entre as confederações?
Germano -
Vamos acabar com esse negócio de tratar competição a competição. Houve um acordo com as confederações durante uma reunião no COB, quando pedimos que entreguem o calendário esportivo de 2001 em janeiro e já alinhavem o calendário até 2004. Assim não ficaremos tratando em janeiro de uma competição de março.

Folha - Qual a verba para 2001?
Germano -
Isso está no Congresso, será definido por meio da votação do orçamento. Seguramente será maior do que a do Indesp para este ano (que foi de cerca de R$ 250 milhões).

Folha - Qual será a atitude da secretaria nos casos de modalidades em que houver problemas entre confederação e atleta?
Germano -
Temos de fazer com que as regras legais que regem as confederações sejam cumpridas. Aonde acharmos que falta isso, teremos instrumentos legais que nos possibilitem agir. Teremos coordenações que estarão analisando o que ocorre no âmbito das confederações. Por meio dos fórums de debate, vamos oferecer transparência nas relações das confederações com as federações, e destas com os atletas... Se horizontalizarmos a relação entre todos, vamos constranger o dirigente, o treinador, a confederação e evitar as irregularidades.

Folha - E qual será a posição da secretaria sobre a questão dos incentivos fiscais ao esporte, inclusive no que se refere à importação de material esportivo?
Germano -
Essa é uma luta que será do ministro. Estará um ponto acima da secretaria. Quem conduzirá esse assunto será o próprio ministro Melles. Isso foi levantado na câmara setorial e já há ações do ministro com relação ao ministério da fazenda.

Folha - E como será o relacionamento com a CBF?
Germano -
Nenhuma relação. Nosso foco é o esporte olímpico.


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